sábado, agosto 01, 2009

PAINEL DA FOLHA

Nomes à mesa

FOLHA DE SÃO PAULO - 01/08/09

Enquanto mantém elevado o tom da crise no Senado, o PMDB já discute nos bastidores as opções caso a renúncia de José Sarney (PMDB-AP) à presidência do Senado se torne inevitável. A saída Francisco Dornelles (PP-RJ), a princípio malvista pelo fato de ele não ser peemedebista, já é aceita internamente.
Os dois ministros-senadores do partido, Hélio Costa (Comunicações) e Edison Lobão (Minas e Energia), foram sondados, mas disseram não. Dornelles, além do aval do governador Sérgio Cabral (RJ), tem a gratidão do próprio Sarney, a quem se manteve leal na crise. "Não temos quem oferecer. Se fincarmos pé, podemos ser derrotados", reconhece um peemedebista.



À mineira. Hélio Costa, que lidera as pesquisas para o governo de Minas, acha que o Senado já está envolto numa briga política pela sucessão de 2010, e não quer ficar no fogo cruzado com o PSDB.

Eu sozinho. Outra vantagem de Dornelles, elencada pelos próprios colegas peemedebistas: é o único senador do PP, não representa nenhuma bancada com interesses próprios. Assim, manteria a atual correlação de forças na estrutura da Casa.

Aval. Caso avance a articulação para fazer Dornelles sucessor de Sarney, o PSDB já comunicou sua posição ao PMDB: apoia sem titubear.

Lexotan. Depois de vociferar contra Arthur Virgílio (PSDB-AM) publicamente, Renan Calheiros (PMDB-AL) voltou a telefonar ontem para o presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), em tom ameno.

Dia D. A bancada do PMDB terá reunião na terça-feira, antes da sessão do Conselho de Ética, para bater o martelo sobre a representação contra Virgílio. Renan solicitou à administração do Senado informações sobre gastos com saúde do líder tucano, mas o pedido não foi atendido.

Boi na linha. Aliados que falaram ontem com Virgílio aconselharam o líder tucano a não reagir à provocação de Renan e a não antecipar sua estratégia pelo celular, porque o aparelho do líder tucano estaria grampeado.

Outro lado. O Ministério da Cultura argumenta que o desarquivamento de um processo de R$ 4,5 milhões do Instituto Mirante, em julho, foi feito para dar transparência e não para facilitar a captação de recursos da entidade de Fernando Sarney.

Redentora. Do presidente do DEM, Rodrigo Maia, ironizando o fato de Dilma Rousseff, pré-candidata ao Planalto, ter dito que o Brasil já está preparado para ter uma "presidenta": "A ministra esquece que o Brasil já teve uma chefe de Estado: a princesa Isabel".

De bandeja. Lula entregou a Dilma o discurso que havia sido preparado para ele na cerimônia de assinatura de contratos de financiamento entre o BNDES e a Petrobras, na quarta-feira. Foi ela quem encerrou o evento, mesclando o discurso com improvisos.

Marketing. Lula encontrará Evo Morales no dia 14 em Chapare, região cocaleira no centro da Bolívia. O convite, feito por Morales, é parte da tentativa do boliviano de desmistificar o cultivo da coca no país. Lá, é tradição mascar ou fazer chá com a folha.

Prêmio. Acusado na CPI do Apagão Aéreo do Senado de ter recebido R$ 20 mil em propina, Luiz Gustavo da Silva Schild recebeu uma promoção do presidente da Infraero, Cleonilson Nicácio Silva. Ele é o número dois do Aeroporto de Brasília, incumbido de substituir o superintendente em suas ausências.

Visita à Folha. Guido Mantega, ministro da Fazenda, visitou ontem aFolha, onde foi recebido em almoço. Estava com Ramiro Alves e Ricardo Moraes, assessores.


com SILVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER

Tiroteio

"O fato novo é a retirada do apoio de Lula a Sarney. Isso pode mexer na estratégia do PMDB, que não quer perder proximidade com o poder."

Do líder do DEM no Senado, JOSÉ AGRIPINO (RN), sobre a possibilidade de uma saída negociada de José Sarney da presidência da Casa.

Contraponto

Torcida organizada Quando foi governador de São Paulo, no começo da década, Geraldo Alckmin (PSDB) frequentava uma padaria cujo balconista lhe pedia quase diariamente para que ele trabalhasse para dar o estádio do Pacaembu, que é da prefeitura, ao Corinthians. Até que Alckmin, que é santista, combinou com os demais funcionários de pregar uma peça no balconista. No dia seguinte, ouviu a pergunta de sempre e respondeu:
-Para ceder o estádio é preciso consultar a população!
O balconista, confiante, se empolgou, até que o tucano testou a ideia em voz alta dentro da padaria.
O resultado foi um coro estrondoso de "não".

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