terça-feira, agosto 11, 2009

PANORAMA POLÍTICO

Palanque implodido

Ilimar Franco
O Globo - 11/08/2009

A candidatura da senadora Marina Silva (PT-AC) à Presidência da República pelo PV implode o palanque que o PSDB estava montando no Rio. O projeto dos tucanos e do DEM era que o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) disputasse o governo estadual e apoiasse a candidatura presidencial de José Serra (PSDB). Agora ele pode optar pelo Senado.

“Estou dependendo dessa definição. Se a Marina for candidata, muda tudo”, disse Gabeira.

O novo PV começará com um expurgo

A direção do PV já articula a refundação do partido.

Ela começará com um expurgo.

Os verdes avaliam que abriram suas portas em demasia nas eleições de 2006. Eles estavam em pânico por causa da cláusula de desempenho. O PV elegeu 14 deputados federais, mas destes consideram que sete não têm compromisso com a causa do meio ambiente.

Entre os que serão convidados a procurar outro partido estão Marcelo Or tiz (SP), Rober to Santiago (SP), Fábio Ramalho (MG) e Ciro Pedrosa (MG). Um integrante da direção do PV diz: “Queremos fazer isso super na boa, na maciota, não é um expurgo. Gostaríamos que saíssem”.

Não é bom para nós. Ela não tem voto na direita” — José Múcio, ministro das Relações Institucionais, sobre a candidatura a presidente de Marina Silva pelo PV

TURMA DE PESO. As empresas estatais e a Petrobras soltam nota hoje apoiando mudanças na Lei Rouanet, de apoio à cultura, inclusive o investimento mínimo de 20% de recursos próprios. Hoje, há duas faixas de renúncia fiscal: 30% e 100%, sem contrapartida.

O documento foi discutido ontem com os ministros Juca Ferreira (Cultura) e Franklin Martins (Comunicação Social). A Petrobras, presidida por Sergio Gabrielli (foto), é a maior patrocinadora de projetos culturais, e as estatais respondem por 50%.

Redoma

Depois de o presidente José Sarney ter sido chamado de ladrão por um funcionário do Banco Central, quintafeira, o Senado suspendeu as visitas à Casa. A justificativa oficial, no entanto, é a gripe suína. Dizem querer evitar aglomerações.

Uma aposta

A avaliação na cúpula do governo Lula é que a crise no Senado não terá desfecho tão cedo. E que o descrédito afetará todos os senadores.

Mas que ela não resultará na saída de José Sarney (PMDB-AP) da presidência da Casa.

Miro defende reação da Câmara

Um dos deputados mais experientes do Congresso, Miro Teixeira (PDT-RJ) defende que o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), reaja às tentativas do TCU de legislar, como no caso da revisão da lei que criou o programa Minha Casa, Minha Vida. “O TCU quase sempre acerta quando fiscaliza, quando legisla enfia os pés pelas mãos”, diz. Sua avaliação é que isso só ocorre devido à fraqueza do Legislativo na opinião pública.

Sem espaço, senador pode sair do PMDB

Com sua candidatura ao Senado ameaçada e constrangido com a crise do Senado, onde o PMDB é protagonista, o senador Valter Pereira (MS) pode deixar o partido. Ele recebeu convites do PSDB, do PTB, do PPS e do PSB. Candidato à reeleição, Pereira está sendo desestabilizado pelo governador André Puccinelli (PMDB), que lançou as candidaturas dos prefeitos de Cuiabá, Nelson Trad Filho, e de Três Lagoas, Simone Tebet, para as duas vagas do Senado. Pereira herdou o mandato de Ramez Tebet, de quem era suplente.

MINISTROS do governo Lula avaliam que o melhor é convocar logo a ex-secretária da Receita Lina Vieira para depor na CPI da Petrobras. Dizem que a demora dá ainda mais notoriedade ao tema.

RESOLVIDA a questão do petróleo do pré-sal, a ministra Dilma Rousseff assumirá como sua tarefa principal o projeto do trem-bala Rio-São Paulo.

SOBRE a crise do Senado: “Aquilo lá é uma cachorrada. Parece briga de pitbull, um mordendo o outro”. De Antonio Eudes Bezerra Oliveira, motorista de táxi em Brasília.

ILIMAR FRANCO com Fernanda Krakovics, sucursais e correspondentes

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