Nelson Jobim está repleto de outros compromissos; enfim, nada de audiência sobre a compra de caças e submarinos
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COM AVIÃO da FAB à sua disposição, e a menos de duas horas de voo de Brasília, Nelson Jobim alega que estará na Amazônia e, por isso, não poderá comparecer no dia 19 à audiência em que a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, da Câmara, o questionaria sobre aspectos duvidosos dos negócios multibilionários de compra de submarinos e caças a jato. A finalidade invocada para a presença na Amazônia não é menos original: Nelson Jobim informou à comissão que vai examinar lá a cessão de bases militares da Colômbia aos Estados Unidos. O que faz a finalidade ainda mais interessante é que as instâncias incumbidas do assunto, tanto militares como o Estado-Maior das Forças Armadas e civis como as Relações Exteriores, não estão em meio à selva. Ficam pertinho do gabinete do ministro da Defesa, em Brasília. O adiamento da audiência, aceitável sem dificuldade pela comissão, foi recusado com outra justificativa poderosa: Nelson Jobim precisará ficar uma semana na Amazônia, ocupado com o assunto que estará sob discussão em Brasília. A ideia de uma data um pouco além ou um pouco aquém da semana amazônica não teve melhor sorte: o ministro está repleto de outros compromissos no Rio Grande do Sul, e mais para cá ou acolá. Enfim: nada de audiência sobre os negócios. Bem, a rigor foram no final oferecidas duas hipóteses. Pela primeira, em lugar do ministro, a audiência (de iniciativa do deputado Júlio Delgado) seria do comandante da Marinha. Ocorre que o comandante da Marinha nada pode dizer sobre a compra dos jatos, que tem a esquisitice da não indicação, pela FAB, do avião de sua preferência. Quem a tem preferência é Nelson Jobim e, ao que consta, é também Lula, cujos conhecimentos de aviação, em especial de aviação militar, deve-se presumir que sejam equiparáveis aos dos especialistas. Segunda hipótese oferecida à comissão: Nelson Jobim poderá ir em meado de setembro. Logo, depois do dia 7 em que está prevista a assinatura, por Lula e pelo visitante presidente da França, de efetivação dos negócios de compra dos submarinos e dos caças, todos franceses. Sem que se saiba, sequer, a quanto bilhões vão os dois negócios, quanto mais as possíveis respostas para seus muitos aspectos, digamos, polêmicos.
Copa dos custos O Ministério dos Esportes abriu conversas com o BNDES sobre o financiamento das obras de estádios para a Copa de 2014. Não há como imaginar a adequação desse dinheiro necessário, estimado no mínimo de R$ 4 bilhões, às finalidades legais do banco, voltadas para o desenvolvimento econômico e social. Além disso, a mesma afirmação foi feita por Lula, pelo ministro Orlando Silva (do Esporte) e pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira, sobre os estádios e contra as críticas à candidatura do Brasil à dispendiosa Copa: "Não haverá dinheiro oficial". A propósito, informou a Folha na última sexta-feira: em dois anos, sem que os estádios tenham passado de conversas e uns rabiscos, o custo médio das obras já passou dos R$ 167 milhões, constantes do plano de candidatura entregue à Fifa e aqui divulgado, para R$ 400 milhões por estádio. Antes de entrar dinheiro oficial na copa dos custos, espera-se que entrem no assunto o Ministério Público Federal, já com olhos no BNDES e outros cofres oficiais; e os Ministérios Públicos de cada Estado ou município já convocado por Ricardo Teixeira para entrar com os respectivos milhões, por ser proprietário de estádio selecionado.
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