segunda-feira, agosto 03, 2009

PAINEL DA FOLHA

Usos e costumes

FOLHA DE SÃO PAULO - 03/08/09

Provável defensor de José Sarney (PMDB-AP) no Conselho de Ética do Senado, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, analisou as representações contra o presidente da Casa e diz que defenderá o "arquivamento liminar" de todas elas. "Infelizmente, acho que nem vou chegar a advogar", provoca.
A tese que será adotada é que não há nenhum ato de ofício ligando Sarney a atos secretos. "Ele pode até ter conversado sobre a situação do namorado da neta, mas onde se diz que ele pactuou que a nomeação seria por ato secreto?", antecipa Kakay. E ele continua: "A discussão sobre o patrimonialismo brasileiro pode ser interessante para a USP. Uma representação no Senado exige que se caracterize ato contra o decoro."



Onde pega. A preocupação da defesa e da tropa de choque de Sarney é justamente com a representação que liga o cacique aos atos secretos. As demais, inclusive a que associa outro neto com crédito consignado, são consideradas mais fáceis de engavetar.

11 por 1. Uma das cartas na manga da oposição será propor um acordo ao presidente do Conselho de Ética, Paulo Duque (PMDB-RJ): ele abriria a investigação contra Sarney e, em troca, todas as representações seriam condensadas. Acham que ele terá dificuldade em refutar argumento tão conciliador.

Aquecimento global. O senador Delcídio Amaral (PT-MS) passou a última semana do recesso em Campos do Jordão (SP), onde esperava baixar a temperatura da crise e aproveitar o clima europeu. Mais decepção: com os termômetros acima de 20º, não tirou o sobretudo da mala.

De leve. O PT e demais partidos do bloco de apoio ao governo não vão fazer carga sobre o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM). O que se ouve nessas siglas é que o tucano errou, mas, ao se dar guarida a um processo aberto na base da chantagem, estaria criado precedente perigoso na Casa.

Oblívio. Com todas as atenções voltadas para o Conselho de Ética, até o senador Alvaro Dias (PSDB-PR), puxador do samba na CPI da Petrobras, acha que as primeiras semanas serão "mortas" por ali.

A tiracolo. Dilma Rousseff cancelou giro que faria por São Paulo na sexta-feira desta semana para atender a convite de Lula para estar presente à assinatura da ordem de serviço da obra da "encruada" Transnordestina, no Piauí.

PAC cocaleiro. Lula aproveitará a visita à Bolívia, no dia 22, para assinar um empréstimo de US$ 332 milhões do BNDES para a construção de uma estrada entre San Ignácio e Villa Tunari. A obra é alvo de investigação por suspeita de superfaturamento e de favorecimento à construtora brasileira OAS.

Mãozinha. Morales quer transformar a visita de Lula à região cocaleira do Chapare, seu berço político, em ato de campanha à reeleição -o país vai às urnas em dezembro.

Vista grossa. O marketing do uso tradicional da coca, embutido pelo governo boliviano na visita, divide especialistas. A região é uma das que mais abastecem o Brasil de cocaína. A agenda, que teve aval do Itamaraty, não inclui o tema narcotráfico.

Sem delongas. O Movimento PT vai formalizar nesta semana a candidatura de Geraldo Magela (DF) à presidência da sigla. O deputado vai encampar a campanha pela antecipação da escolha em um mês, com posse imediata. "Não faz o menor sentido termos uma campanha maior que a presidencial", diz.

Trem. Uma das disputas mais acirradas no PT é a de Minas. Gleber Naime, membro da Executiva Nacional do partido, será o candidato da ala do ministro Patrus Ananias, contra a direção atual, pró-Fernando Pimentel.


com SILVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER

Tiroteio

"O que o ministro trata, de forma leviana, de episódio bobinho, pequeno, é uma prova do apoio permanente do governo Chávez às Farc."

Do presidente do DEM, RODRIGO MAIA (RJ), sobre a entrevista do chanceler Celso Amorim à Folha, em que ele diz que é uma "coisa desse tamanhinho" o fato de armas compradas pela Venezuela da Suécia terem sido encontradas com a guerrilha colombiana.

Contraponto

Feira bolivariana Na cúpula de chefes de Estado do Mercosul e países associados realizada no ano passado em Tucumã, na Argentina, o presidente Hugo Chávez (Venezuela) comentou ter ouvido de Evo Morales (Bolívia) elogios às laranjas "bastante doces" da cidade.
-Na verdade, Tucumã é um polo produtor de limão -, corrigiu a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, em sua vez de discursar.
Ao ouvir a explicação, o presidente Lula rebateu na hora, levando os presentes às gargalhadas:
- Chávez, estou decepcionado com a sua cultura cítrica. Você não consegue nem diferenciar laranja de limão...

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