Bola dividida
FOLHA DE SÃO PAULO - 28/08/09
Logo em seguida, a Argentina descriminou o uso de maconha. A Suprema Corte exortou o governo a combater o tráfico de drogas e, simultaneamente, fazer campanhas que enfraqueçam o consumo.
Os observadores americanos já tinham detectado alguma coisa. Três ex-presidentes, Fernando Henrique, César Gaviria, Ernesto Zedillo, expressaram uma posição por mudanças na política de drogas. A posição deles é ampla, mas o que ficou foi a defesa da descriminação da maconha.
Imagino a dificuldade de processar a última visita de Lula à Bolívia. Dois presidentes usando colar de folha de coca. Não creio que Lula tenha avaliado todo esse contexto, ou que, na verdade, dê alguma importância a esse contexto.
Por influência de Chávez, discutem-se muito as bases americanas na Colômbia. Não se trata apenas de deter as Farc, mas o tráfico que as mantém vivas.
Uma conferência interamericana sobre política de drogas seria mais produtiva do que todo esse carnaval sobre tropa americana. Mas o passado na América Latina é desses que sobrevivem sentados na cadeira do presente.
O debate sobre drogas sempre se baseou na ideia de legalizá-las ou não. Nesse nível de abstração, as pessoas sentem-se como se fossem donas da verdade.
Se o eixo se deslocasse, os defensores das duas teses teriam que se desdobrar para explicar como realizá-las. A repressão é um fracasso. Os defensores da legalização apenas a defendem. Há um longo caminho. Obama tem energia para mais uma bola dividida?
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