FOLHA DE SÃO PAULO - 06/06/09
RIO DE JANEIRO - Em todos os jornais, sites, TVs e rádios do planeta, nos últimos dias, o Airbus da Air France decolou do Aeroporto Galeão-Antonio Carlos Jobim, no Rio, no último domingo, para a queda no oceano Atlântico. Mídia e curiosos também especularam se o avião já não teria saído do Tom Jobim com algum problema, e se o Tom Jobim isto ou o Tom Jobim aquilo na morte das 228 pessoas a bordo.
Obviamente, nada supera a tragédia em si, mas é triste ver o nome de um artista aparecer no noticiário associado a um dos piores desastres na história da aviação. E ninguém merece isso menos que o próprio Tom -seu nome estava apenas batizando um aeroporto, o qual, por sua vez, também não teve nenhuma responsabilidade na desgraça.
Há um certo lirismo no fato de um aeroporto levar o nome de um músico, quando a regra é que essa honra seja privilégio de gente cascuda, como reis, presidentes, militares -aliás, aeroportos são instalações militares. Mas, com isso, o homenageado corre o risco de protagonizar manchetes de sentido dúbio, como já aconteceu por aqui há tempos: "Polícia Federal apreende 200 kg de cocaína no Tom Jobim".
Logo Tom, que não chegava perto de drogas ilícitas, não gostava de aeroportos e tinha horror a avião. Só voava porque era obrigado. Ao compor o "Samba do Avião", em meados de 1962, queria apenas celebrar uma rara chegada ao Rio por esse meio, voltando de São Paulo -ele que, na época, só fazia o dito trajeto de trem.
Sempre achei que acoplar o nome de Tom Jobim ao do antigo Galeão, o que aconteceu meses depois de sua morte, em 1994, era uma falsa boa ideia. Uma homenagem mais a propósito teria sido se, sob as placas indicando sua querida av. Vieira Souto, em Ipanema, uma segunda placa dissesse: "Praia de Tom Jobim".
RIO DE JANEIRO - Em todos os jornais, sites, TVs e rádios do planeta, nos últimos dias, o Airbus da Air France decolou do Aeroporto Galeão-Antonio Carlos Jobim, no Rio, no último domingo, para a queda no oceano Atlântico. Mídia e curiosos também especularam se o avião já não teria saído do Tom Jobim com algum problema, e se o Tom Jobim isto ou o Tom Jobim aquilo na morte das 228 pessoas a bordo.
Obviamente, nada supera a tragédia em si, mas é triste ver o nome de um artista aparecer no noticiário associado a um dos piores desastres na história da aviação. E ninguém merece isso menos que o próprio Tom -seu nome estava apenas batizando um aeroporto, o qual, por sua vez, também não teve nenhuma responsabilidade na desgraça.
Há um certo lirismo no fato de um aeroporto levar o nome de um músico, quando a regra é que essa honra seja privilégio de gente cascuda, como reis, presidentes, militares -aliás, aeroportos são instalações militares. Mas, com isso, o homenageado corre o risco de protagonizar manchetes de sentido dúbio, como já aconteceu por aqui há tempos: "Polícia Federal apreende 200 kg de cocaína no Tom Jobim".
Logo Tom, que não chegava perto de drogas ilícitas, não gostava de aeroportos e tinha horror a avião. Só voava porque era obrigado. Ao compor o "Samba do Avião", em meados de 1962, queria apenas celebrar uma rara chegada ao Rio por esse meio, voltando de São Paulo -ele que, na época, só fazia o dito trajeto de trem.
Sempre achei que acoplar o nome de Tom Jobim ao do antigo Galeão, o que aconteceu meses depois de sua morte, em 1994, era uma falsa boa ideia. Uma homenagem mais a propósito teria sido se, sob as placas indicando sua querida av. Vieira Souto, em Ipanema, uma segunda placa dissesse: "Praia de Tom Jobim".
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