FOLHA DE SÃO PAULO - 11/06/09
RIO DE JANEIRO - Os últimos dias mostraram que há no governo federal um problema de "miscasting", como se chama em inglês a escolha errada de um ator para determinado papel. O lugar certo para o ministro da Defesa, Nelson Jobim, é a presidência da Petrobras.
Após ser criticado em jornais brasileiros por tecer comentários de veracidade e gosto discutíveis sobre o resgate de destroços e corpos, Jobim abriu sua boca de jacaré para dizer que possui "costas de crocodilo", usou frase inquestionável ("Eu optei pela angústia das famílias") para explicar a pressa que teve em falar e menosprezou a imprensa do país que defende: "Só leio o "Le Monde" e o "El País'".
Já o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, não só lê os jornais brasileiros como quer furá-los, ou seja, antecipar a veiculação das notícias. O blog "Fatos e Dados", da empresa, se propôs a divulgar as perguntas enviadas por jornalistas à sua assessoria e as respectivas respostas antes da publicação das reportagens. A ideia intimidatória quebra uma regra elementar de confidencialidade, pois um veículo saberia das pautas (não mais) exclusivas dos outros.
Ontem, a Petrobras recuou um passo e disse que só porá as informações no blog à 0h do dia da publicação. A questão é que não cabe à empresa dizer quando uma reportagem será publicada. Este atributo é dos veículos de comunicação.
Gabrielli, que no programa "Roda Viva" disse pretender "revolucionar o jornalismo", está se candidatando a editor de jornal. É bom saber que o salário não é tão bom e que algum jornalista não petista pode pedir reciprocidade.
Mas Jobim é um postulante melhor ao cargo. Se lê apenas dois jornais estrangeiros, não vai se preocupar com o que publiquem aqui sobre a empresa. Talvez assim, enfim, a Petrobras se torne "nossa".
RIO DE JANEIRO - Os últimos dias mostraram que há no governo federal um problema de "miscasting", como se chama em inglês a escolha errada de um ator para determinado papel. O lugar certo para o ministro da Defesa, Nelson Jobim, é a presidência da Petrobras.
Após ser criticado em jornais brasileiros por tecer comentários de veracidade e gosto discutíveis sobre o resgate de destroços e corpos, Jobim abriu sua boca de jacaré para dizer que possui "costas de crocodilo", usou frase inquestionável ("Eu optei pela angústia das famílias") para explicar a pressa que teve em falar e menosprezou a imprensa do país que defende: "Só leio o "Le Monde" e o "El País'".
Já o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, não só lê os jornais brasileiros como quer furá-los, ou seja, antecipar a veiculação das notícias. O blog "Fatos e Dados", da empresa, se propôs a divulgar as perguntas enviadas por jornalistas à sua assessoria e as respectivas respostas antes da publicação das reportagens. A ideia intimidatória quebra uma regra elementar de confidencialidade, pois um veículo saberia das pautas (não mais) exclusivas dos outros.
Ontem, a Petrobras recuou um passo e disse que só porá as informações no blog à 0h do dia da publicação. A questão é que não cabe à empresa dizer quando uma reportagem será publicada. Este atributo é dos veículos de comunicação.
Gabrielli, que no programa "Roda Viva" disse pretender "revolucionar o jornalismo", está se candidatando a editor de jornal. É bom saber que o salário não é tão bom e que algum jornalista não petista pode pedir reciprocidade.
Mas Jobim é um postulante melhor ao cargo. Se lê apenas dois jornais estrangeiros, não vai se preocupar com o que publiquem aqui sobre a empresa. Talvez assim, enfim, a Petrobras se torne "nossa".
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