FOLHA DE SÃO PAULO - 02/06/09
O que foi apresentado como esclarecimento do caso de Khaled Ali nada esclareceu e só demonstrou embaraço |
NO INCOMPLETO caso de prisão do libanês Khaled Ali, a descoordenação das várias afirmações da Polícia Federal, assim como a existente entre a polícia e o Judiciário sobre os mesmos pontos, excede os limites da imprecisão burocrática eventual.
A dedução possível, à vista das datas contraditórias de providências policiais e judiciais, divide-se entre duas possibilidades: ou houve combinação insuficiente, fosse em relação a um caso cuja delicadeza exigia muito mais, fosse pelo inesperado da notícia sobre a prisão; ou os atos policiais e as determinações judiciais não foram sempre fiéis ao seu compromisso de causa e efeito.
As primeiras manifestações da Polícia Federal em São Paulo quando publicada, na terça 26 de maio, a notícia da prisão, informaram que Ali "já foi solto ontem", segunda 25. Dada a forma de nota à segunda manifestação da PF no mesmo dia, lia-se que Ali foi libertado no sábado 16 de maio. Ou seja, em poucas horas entre uma e outra informação, o preso desfrutou de mais dez dias de liberdade.
Além disso, dizia também a nota que Ali foi solto "após 21 dias" preso. Logo, foi preso em 26 de abril, um domingo. Mas a mesma PF informava que a prisão não se deu no dia 26, e sim no sábado 25, saindo 21 dias depois por "ordem de soltura dada pelo mesmo juiz no último dia 18" de maio. O "mesmo juiz" é o que determinara também a prisão, Alexandre Cassetari, da 4ª Vara Criminal Federal de São Paulo.
E que informação a 4ª Vara liberou em 27 de maio, juntamente com a decisão que proibiu Ali de deixar o Brasil e apreendeu o seu passaporte (libanês)? A de que Ali foi preso na sexta-feira 24 de abril e, por ordem do juiz Alexandre Cassetari, libertado na sexta-feira 15 de maio. Ou seja, estaria solto três dias antes da segunda 18 de maio em que, segundo a PF, o juiz Alexandre Cassetari teria dado "a ordem de soltura".
A primeira notícia sobre o caso, aqui publicada na terça 26 de maio, dizia: "Está preso em São Paulo" (...). Daí advém, depois do total desencontro das informações oficiais e oficiosas, outra dedução: ou a prisão continuada era informação imprecisa aqui publicada, ou Ali ainda estava preso, qualquer que fosse a determinação judicial, quando o texto foi feito na segunda 25 de maio. E, ou continuou preso no dia seguinte ou, já havendo ordem judicial, foi solto de imediato quando publicada a sua prisão. Não preciso dizer qual das hipóteses prefiro.
De tudo isso, uma terceira dedução. Esta, sem duas vias. O que foi apresentado como esclarecimento do caso de Khaled Ali nada esclareceu e só demonstrou embaraço para proporcionar esclarecimentos.
E nem está considerado, nesta dedução, o "Samba do Lula", versão atualizada do samba do crioulo de Stanislaw Ponte Preta. Na qual Lula, indagado sobre a prisão do libanês, cita uma tal "notícia vinda de fora", "desrespeitosa com o Brasil", e por aí foi, sem que houvesse notícia de fora, nem desrespeito externo algum. Se acaso se referia ao pedido do FBI para ação da PF sobre Khaled Ali, fornecendo aos brasileiros até a localização do computador por ele usado, não precisaria vir de fora: agentes dos EUA têm autorização do governo Lula para trabalhar aqui, em investigações de tráfico, de terrorismo e de máfia.
A dedução possível, à vista das datas contraditórias de providências policiais e judiciais, divide-se entre duas possibilidades: ou houve combinação insuficiente, fosse em relação a um caso cuja delicadeza exigia muito mais, fosse pelo inesperado da notícia sobre a prisão; ou os atos policiais e as determinações judiciais não foram sempre fiéis ao seu compromisso de causa e efeito.
As primeiras manifestações da Polícia Federal em São Paulo quando publicada, na terça 26 de maio, a notícia da prisão, informaram que Ali "já foi solto ontem", segunda 25. Dada a forma de nota à segunda manifestação da PF no mesmo dia, lia-se que Ali foi libertado no sábado 16 de maio. Ou seja, em poucas horas entre uma e outra informação, o preso desfrutou de mais dez dias de liberdade.
Além disso, dizia também a nota que Ali foi solto "após 21 dias" preso. Logo, foi preso em 26 de abril, um domingo. Mas a mesma PF informava que a prisão não se deu no dia 26, e sim no sábado 25, saindo 21 dias depois por "ordem de soltura dada pelo mesmo juiz no último dia 18" de maio. O "mesmo juiz" é o que determinara também a prisão, Alexandre Cassetari, da 4ª Vara Criminal Federal de São Paulo.
E que informação a 4ª Vara liberou em 27 de maio, juntamente com a decisão que proibiu Ali de deixar o Brasil e apreendeu o seu passaporte (libanês)? A de que Ali foi preso na sexta-feira 24 de abril e, por ordem do juiz Alexandre Cassetari, libertado na sexta-feira 15 de maio. Ou seja, estaria solto três dias antes da segunda 18 de maio em que, segundo a PF, o juiz Alexandre Cassetari teria dado "a ordem de soltura".
A primeira notícia sobre o caso, aqui publicada na terça 26 de maio, dizia: "Está preso em São Paulo" (...). Daí advém, depois do total desencontro das informações oficiais e oficiosas, outra dedução: ou a prisão continuada era informação imprecisa aqui publicada, ou Ali ainda estava preso, qualquer que fosse a determinação judicial, quando o texto foi feito na segunda 25 de maio. E, ou continuou preso no dia seguinte ou, já havendo ordem judicial, foi solto de imediato quando publicada a sua prisão. Não preciso dizer qual das hipóteses prefiro.
De tudo isso, uma terceira dedução. Esta, sem duas vias. O que foi apresentado como esclarecimento do caso de Khaled Ali nada esclareceu e só demonstrou embaraço para proporcionar esclarecimentos.
E nem está considerado, nesta dedução, o "Samba do Lula", versão atualizada do samba do crioulo de Stanislaw Ponte Preta. Na qual Lula, indagado sobre a prisão do libanês, cita uma tal "notícia vinda de fora", "desrespeitosa com o Brasil", e por aí foi, sem que houvesse notícia de fora, nem desrespeito externo algum. Se acaso se referia ao pedido do FBI para ação da PF sobre Khaled Ali, fornecendo aos brasileiros até a localização do computador por ele usado, não precisaria vir de fora: agentes dos EUA têm autorização do governo Lula para trabalhar aqui, em investigações de tráfico, de terrorismo e de máfia.
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