O litígio entre PSDB e DEM em torno da criação da CPI da Petrobras é apenas o mais recente de uma série iniciada com a eleição de José Sarney (PMDB) para a presidência do Senado -apoiada apenas pelos "demos"- e que complica a costura da aliança para as eleições do ano que vem. O próximo embate deverá ser sobre a alteração nas regras da poupança: o DEM quer bater sem dó; o PSDB tem lá suas dúvidas.
O estranhamento é agravado por disputas em Estados importantes e pela percepção, por parte do DEM, de que os articuladores da candidatura de José Serra jogam muitas fichas na aproximação com o PMDB. "Ou sentamos para aparar as arestas ou vamos entrar em 2010 desarticulados", diz um dirigente do DEM.
Tratos à bola. Na quinta-feira, enquanto os tucanos esperneavam no plenário pela CPI da Petrobras, o líder do DEM, José Agripino (RN), estava no Rio com o presidente da CBF, Ricardo Teixeira. Tratava de assegurar um jogo da seleção em Natal, que considera fundamental para as suas chances de reeleição.
Em comum. Governistas que flertam com a ideia de colocar Lula na cédula em 2010 acreditam ter um aliado oculto nas hostes da oposição: Aécio Neves. O terceiro mandato tiraria José Serra definitivamente de seu caminho.
Etéreo 1. O presidente Michel Temer (PMDB-SP) tem sido vago ao comentar o retorno do assunto terceiro mandato. Em conversa recente, disse que "não seria bom" se o tema entrasse na pauta da Câmara. Mas nada de condenação peremptória à tese.
Etéreo 2. Quando questionado sobre a necessidade de tempo para que emenda constitucional abrindo a possibilidade de nova candidatura de Lula fosse votada, Temer opinou que os prazos são facilmente negociáveis, desde que haja convencimento político.
Estica... O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, reafirmou no final da semana a disposição de ir até o fim na defesa da manobra contábil que permitiu à empresa pagar menos impostos. O primeiro embate será no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Se perder, a Petrobras promete ir à Justiça.
...e puxa. Já os Estados, que viram os repasses da Cide despencarem 90% devido ao truque da Petrobras, apostam que a Receita acabará concluindo pelo erro da empresa. Do contrário, restará ao Tesouro ressarcir os Estados.
Bem lembrado. Um dos argumentos colocados à mesa para abortar a CPI da Petrobras é que a investigação acabaria batendo em nomes da Operação Castelo de Areia por meio da Refinaria Abreu e Lima (PE). A obra é tocada pela Camargo Corrêa, uma das maiores doadoras eleitorais.
Melhor não. Petistas partiram para negociações com Ciro Gomes (PSB), como possível candidato ao governo paulista, depois de concluir que Doutor Hélio (PDT), a outra opção do chamado "bloquinho", não resistiria ao escrutínio de uma campanha estadual. Argumentam que o prefeito de Campinas só passou ileso até hoje porque protegido por um arco de alianças no qual cabe até o DEM.
Apostas 1. Enquanto no governo se dá como certo que o próximo indicado para o STF será o advogado-geral da União, José Antonio Toffoli, dois outros nomes têm sido mencionados no próprio Supremo: Sylvia Steiner, juíza federal de São Paulo atualmente no Tribunal Penal Internacional, e o gaúcho Ari Pargendler, membro do STJ.
Apostas 2. Já entre advogados de São Paulo a torcida é pelo criminalista Arnaldo Malheiros Filho, mas não para a vaga a ser aberta com a saída de Ellen Gracie, e sim para a seguinte, fruto da aposentadoria de Eros Grau. Será a última preenchida por Lula.
Na mira. Mauro Faria de Lima, da Promotoria Militar do DF e responsável por propor a ação penal que resultou na demissão da cúpula da PM, relatou a conhecidos ter sido alvo de escutas. Disse também que foi seguido pela P2, polícia secreta da corporação.
com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO
Tiroteio
"Enquanto todos os países agem para salvar suas empresas, aqui a oposição quer colocar a maior delas no banco dos réus. Se a tática for a do "quanto pior, melhor", o caminho é este."
Contraponto
Tudo muito estranho Na sessão de quinta no Senado, o PSDB pressionava pela instalação da CPI da Petrobras. O primeiro-secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI), presidia os trabalhos e se recusava a fazer a leitura do requerimento, pois havia sido feito um acordo para adiar a criação da comissão.
Em Florianópolis, onde participava de evento ao lado de Lula, a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) ia monitorando a situação pelo telefone:
-As coisas hoje estão diferentes no Senado, presidente...
Lula quis saber o motivo, e Ideli arrematou:
-Neste exato momento, quem nos defende é o Heráclito!
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