terça-feira, maio 12, 2009

PAINEL

Ninguém viu

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 12/05/09

Ao anunciar que possui um recibo de doação de R$ 200 mil à campanha de Yeda Crusius, a empresa de tabaco Alliance complicou muito a já encrencada situação da governadora gaúcha. Esse dinheiro não foi registrado pela tucana na Justiça Eleitoral. Também não aparece no bolo dos R$ 555 mil que a empresa declarava ter injetado na eleição de 2006.
Com nove cadeiras na Assembleia, o PMDB é o fiel da balança para a instalação de uma nova CPI contra Yeda. O PSDB tenta evitar que isso aconteça colocando na mesa a seguinte carta: a governadora assumiria o compromisso de não disputar a reeleição, hipótese em que os tucanos apoiariam a candidatura do prefeito de Porto Alegre, o peemedebista José Fogaça.

Elo. O novo baque no governo gaúcho trouxe de volta ao noticiário o nome de Walna Vilarins Meneses. A secretária particular de Yeda fazia viagens semanais a Brasília, onde se encontrava com o ex-arrecadador de campanha Marcelo Cavalcante.

Fumacê. As empresas de tabaco Alliance One e CTA-Continental, que teriam abastecido caixa dois na campanha de Yeda, são próximas de José Otávio Germano (PP). Em 2006, a maior doação declarada da Alliance foi de R$ 100 mil para o deputado.

Se lixando 1. Em conversa com congressistas de Mato Grosso do Sul durante a primeira viagem do Trem do Pantanal, na semana passada, Lula disse que o senador Eduardo Suplicy errou ao justificar a concessão de passagens aéreas de sua cota à namorada, Mônica Dallari.

Se lixando 2. Para o presidente, os congressistas deveriam "esvaziar" o tema. "É burrice tentar se justificar. Quanto mais se fala no assunto, mais a imprensa inflama."

Telhado de vidro. O presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PR-BA), ouve uma resposta padrão nas consultas para achar um novo relator para o processo contra Edmar Moreira: "Eu dei passagens". Pelo menos 7 dos 14 integrantes já foram identificados como doadores de bilhetes para parentes.

Eu topo. No momento, o único nome disposto a herdar a relatoria, com o compromisso de não pedir a cassação do deputado do castelo, mas apenas suspensão até o final do ano, é Nazareno Fonteles (PT-PI). Recentemente, uma assessora de seu gabinete admitiu ter vendido passagens aéreas da cota do deputado.

Wally. Campeã de faltas no Supremo, Ellen Gracie já avisou que não comparecerá às sessões desta semana nem da próxima. A ministra está em campanha por cargo na corte de apelação da Organização Mundial do Comércio.

Nunca antes 1. A escolha do novo membro do Conselho Nacional de Justiça conseguiu o feito de unir do mesmo lado o ministro da Justiça, Tarso Genro, e o presidente do STF, Gilmar Mendes. Os dois avalizam o nome do jurista Marcelo Neves, da USP e da PUC de São Paulo.

Nunca antes 2. A sabatina para a vaga do CNJ, cuja indicação cabe ao Senado, será amanhã na Comissão de Constituição e Justiça. O mais poderoso lobby, no entanto, é para o advogado Erick Pereira, do Rio Grande do Norte, que também conseguiu uma proeza: unir o senador José Agripino (DEM) e a governadora Wilma Faria (PSB).

Pega geral. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pediu pessoalmente a senadores que aprovassem a emenda 19, embutida na MP 449. Ela anistia agentes públicos de crimes cometidos para assegurar liquidez ao sistema financeiro. Pelo lado governista, o presidente do BC, Henrique Meirelles, empenhou-se igualmente pela aprovação, ocorrida na quinta-feira passada.

Réu. O órgão especial do Tribunal de Justiça de São Paulo instaurou, por unanimidade, processo criminal contra o presidente da Assembleia, Barros Munhoz (PSDB), por calúnia, injúria e difamação contra o prefeito Toninho Bellini (PV), de Itapira, e um vereador da cidade.

Tiroteio

"Não se pode criar um AI-5 digital sob a justificativa de reduzir a incidência de crimes na rede." 


Do deputado estadual SIMÃO PEDRO (PT-SP), sobre o projeto substitutivo do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) que aumenta a fiscalização na internet.

Contraponto

Mr. Magoo

A direção do PSDB selecionou dois textos para homenagear em evento na Paraíba, respectivamente, dom Hélder Câmara (1909-1999) e o pesquisador Josué de Castro (1908-1973). Este último seria lido por Aécio Neves.
Ao receber os papéis, o governador de Minas percebeu que o discurso fora digitado em letra miúda. Aflito, pediu socorro ao presidente do partido, e então começou:
-Quero cumprimentar a todos pela presença, cumprimentar o presidente Fernando Henrique Cardoso e... o senador Sérgio Guerra, que me emprestou os óculos!

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