sábado, abril 25, 2009

PAINEL

“Gabinetur"

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 25/04/09

A lista de bilhetes aéreos emitidos pelo gabinete de Zé Geraldo (PT-PA), especialmente para o exterior, inclui passageiros sem nenhuma ligação com o deputado. Trata-se do mesmo padrão observado no gabinete de Aníbal Gomes (PMDB-CE), onde funcionava um esquema de negociação de passagens da Câmara com agências de turismo de Brasília. 
Na lista de Zé Geraldo aparecem o ex-deputado e ex-secretário do governo do Distrito Federal Wigberto Tartuce e seu filho, Wigberto Veloso. Ambos viajaram a Buenos Aires em setembro de 2008. Dono de construtoras, Tartuce é um dos homens mais ricos de Brasília. Em 2006, quando disputou cadeira de deputado distrital, desembolsou R$ 755 mil na campanha.

Super Bonder - Passados quase três meses da eleição da nova Mesa do Senado, Magno Malta (PR-ES) se recusa a desocupar o gabinete da quarta-secretaria, para a qual foi eleita Patrícia Saboya (PDT-CE). Alega que precisa da estrutura do local por causa da CPI da Pedofilia, que preside.

Tagarela 1 - Os demais participantes da reunião de coordenação no Planalto não entenderam a veemência com que José Múcio (Relações Institucionais) assumiu o papel de porta-voz de Lula e passou a tecer considerações sobre a crise no Congresso e o arranca-rabo no Supremo.

Tagarela 2 - Esses tópicos foram abordados em tom informal no início da reunião, demorada e um tanto sem foco dada a ausência dos ministros da área econômica. Mas em nenhum momento o presidente pretendeu dar palpite público a respeito dos problemas dos demais Poderes.

Deferência - O clima de descontração era tal que Lula interrompeu os trabalhos para ligar para José Sarney (PMDB-AP) e parabenizar o presidente do Senado pelo aniversário de 79 anos.

Eu não - Do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), contrariando a interpretação geral sobre sua decisão de não impor via Mesa Diretora as restrições ao uso das passagens aéreas: ‘Não houve recuo. Vou levar ao plenário para legitimar’.

A pé 1 - A perspectiva de alguma moralização no uso das passagens atinge em cheio os suplentes de vereadores que vêm fazendo caravanas semanais a Brasília, com bilhetes dos deputados, para pressionar pela aprovação da emenda constitucional que incha as Câmaras municipais. Sem falar nos prefeitos que, também com passagens da Câmara, vão e voltam de Brasília para pressionar por mais recursos.

A pé 2 - Os deputados também reclamam de não poder mais transportar doentes das bases para o Sarah Kubitschek, centro de excelência em ortopedia e neurologia.

Presságio - A alteracação de quarta no Supremo Tribunal Federal trouxe à memória de muita gente o fato de que Joaquim Barbosa estará na presidência do TSE durante as eleições de 2010. A apreensão é maior na oposição, que considera Barbosa, apesar do relatório do mensalão, um ministro simpático ao PT.

Bandeira branca - Os dois grupos de servidores que disputam os postos-chave do Senado -consultores de um lado e advogados de outro- lavaram a roupa suja numa tensa reunião anteontem. Depois de muita troca de chumbo, fizeram um pacto de não-agressão, com o compromisso de não bombardear mais o diretor-geral, Alexandre Gazineo.

Média - Alberto Cascais, ex-advogado-geral da Casa, terá apoio dos outrora inimigos consultores para tentar uma vaga no Conselho Nacional de Justiça. Em troca, os advogados prometem não mexer com seu substituto, Luiz Fernando Bandeira de Mello, que pertence ao ‘time’’ dos consultores e era acusado de ocupar o cargo de forma irregular.

Tiroteio

Geddel faz parte do MSN, o Movimento dos Sem Norte. Seu papel como ministro é institucional, não de ir para a rua fazer pressão contra o governo Lula. 
Do deputado ZEZÉU RIBEIRO (PT-BA) sobre o apoio dado pelo ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) à marcha dos prefeitos para protestar contra a queda nos repasses, marcada para segunda-feira.

Contraponto

Pisou no meu calo

A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara discutia no início do mês um projeto de lei para proibir órgãos públicos de ‘enforcar’ o dia anterior ou posterior a feriados nacionais. Colbert Martins (PMDB-BA) defendia a proposta quando foi interrompido por uma questão de Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ): 
-A propósito, quantos dias tem o Carnaval na Bahia? Irritado com a provocação, Martins replicou: 
-Uma semana, mas não é feriado para todo mundo. Muita gente trabalha nesse período. 
Diante do riso da plateia, o baiano arrematou: 
-Inclusive sambistas do Rio, que vão para Salvador!

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