FOLHA DE SÃO PAULO - 27/04/09
SÃO PAULO - O Congresso Nacional virou a casa do descalabro. Uma avalanche de escândalos, sucessivos ou simultâneos, escancarou ao país nas últimas semanas uma cultura corporativa orientada para o refestelo dos eleitos, sustentada por uma rotina de abusos, compadrios, privilégios e descaso acintoso no trato das coisas públicas.
Tudo isso já é bem sabido, embora nada, objetivamente, tenha sido feito para ao menos atenuar a sensação de lassidão moral em que mergulhou o Legislativo. Parece até que o Congresso pretende desafiar a capacidade de indignação, ou de tolerância, de um povo brejeiro.
José Sarney deve estar muito entretido com reocupação do Maranhão. E Michel Temer recuou em menos de 24 horas da promessa de limitar a emissão das passagens aéreas, transferindo para o plenário da Câmara uma decisão que poderia ser sua, se vontade tivesse.
Eis a situação: a direção da Câmara se vale da chiadeira do lúmpen da Casa contra qualquer moralização e tenta empurrar a responsabilidade pelo fim dos desmandos para o colo do baixo clero. É esse o artifício que vem ganhando corpo há dias, inclusive com algum respaldo na mídia.
Se os deputados, de fato, não são todos iguais, também é verdade que a crise de credibilidade desta vez diz respeito a todos. A degradação literal da instituição em Casa da Sogra envolve de maneira direta muitos membros da chamada elite parlamentar. Quantos vips pegaram carona na ideia de que a "família é sagrada" para proporcionar aos seus a aventura de ser sacoleiro em Miami à custa da Viúva? Quantos "éticos" pagam suas empregadas com o dinheiro púbico numa boa? A culpa é do "patrimonialismo"?
Diante de tantos disparates e omissões, a expressão "elite parlamentar" talvez já não passe de título de cortesia, sem correspondência com a realidade. O Legislativo está em claro processo de severinização. O que combina com o barateamento da política no governo Lula.
SÃO PAULO - O Congresso Nacional virou a casa do descalabro. Uma avalanche de escândalos, sucessivos ou simultâneos, escancarou ao país nas últimas semanas uma cultura corporativa orientada para o refestelo dos eleitos, sustentada por uma rotina de abusos, compadrios, privilégios e descaso acintoso no trato das coisas públicas.
Tudo isso já é bem sabido, embora nada, objetivamente, tenha sido feito para ao menos atenuar a sensação de lassidão moral em que mergulhou o Legislativo. Parece até que o Congresso pretende desafiar a capacidade de indignação, ou de tolerância, de um povo brejeiro.
José Sarney deve estar muito entretido com reocupação do Maranhão. E Michel Temer recuou em menos de 24 horas da promessa de limitar a emissão das passagens aéreas, transferindo para o plenário da Câmara uma decisão que poderia ser sua, se vontade tivesse.
Eis a situação: a direção da Câmara se vale da chiadeira do lúmpen da Casa contra qualquer moralização e tenta empurrar a responsabilidade pelo fim dos desmandos para o colo do baixo clero. É esse o artifício que vem ganhando corpo há dias, inclusive com algum respaldo na mídia.
Se os deputados, de fato, não são todos iguais, também é verdade que a crise de credibilidade desta vez diz respeito a todos. A degradação literal da instituição em Casa da Sogra envolve de maneira direta muitos membros da chamada elite parlamentar. Quantos vips pegaram carona na ideia de que a "família é sagrada" para proporcionar aos seus a aventura de ser sacoleiro em Miami à custa da Viúva? Quantos "éticos" pagam suas empregadas com o dinheiro púbico numa boa? A culpa é do "patrimonialismo"?
Diante de tantos disparates e omissões, a expressão "elite parlamentar" talvez já não passe de título de cortesia, sem correspondência com a realidade. O Legislativo está em claro processo de severinização. O que combina com o barateamento da política no governo Lula.
Nenhum comentário:
Postar um comentário