Cá para nós, Lula nunca se identificou com o Congresso nem valorizou a sua importância. Mas setores do governo, à frente o ministro da Justiça, Tarso Genro, já se mobilizam para tentar neutralizar o preocupante nível de desgaste do Legislativo. O desequilíbrio é crescente entre os Poderes. O Executivo parece ainda mais forte do que já é naturalmente. O Judiciário está na boca do povo, mas isso não impede que continue invadindo a seara legislativa. Já o Legislativo despenca com castelões, casarões, empresas fantasmas, dinheiro e passagens voando. Cria-se um círculo vicioso: os escândalos impedem a renovação de agenda e de quadros, e a falta de renovação é uma fonte de escândalos. O ambiente fica irrespirável, e o medo bateu à porta. Por isso, Tarso Genro foi ontem a Sarney (Senado) e ambos têm linha direta com Gilmar Mendes (STF) e Michel Temer (Câmara) para segurar o Parlamento, um caminhão desgovernado, ladeira abaixo. A imagem já se cristalizou na opinião pública. Eles querem evitar o torpor de quem tem um mínimo de responsabilidade para esboçar reação. Com que arma? Acredite você ou não, com a mesma de sempre: a reforma política, além do tal Pacto Republicando para resgatar a agenda parlamentar. O operador da reação é o deputado Ibsen Pinheiro, jurando que duas propostas estão a caminho do consenso entre os partidos para aprovação ainda neste semestre: financiamento público de campanha (justamente para atrair "novos talentos") e o voto em lista (para democratizar as eleições). Neste caso, o projeto tem um doce para os caciques, permitindo lista dupla, como no Uruguai: uma do partido, outra das "bases". E tem outro doce para os atuais parlamentares: eles teriam prioridade numa lista submetida a convenção. Parece muito pouco para segurar o caminhão na banguela. Mais um quebra-galho para um choque de moralidade que nunca vem. |
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