Casa da oposição
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 29/03/09
O Tribunal de Contas da União, que viu seus ministros Augusto Nardes e Valmir Campelo colhidos pelo noticiário da Operação Castelo de Areia por suspeita de favorecimento à Camargo Corrêa, tem hoje claro viés oposicionista. Das nove vagas, sete foram preenchidas com indicações de políticos. Dessas, três são ocupadas por ex-congressistas do DEM (Campelo é um deles) e uma coube ao PSDB. Nardes, embora do PP, partido da base de Lula, sempre foi contra o atual governo. O PMDB tem três cadeiras. O PT, nenhuma.
Em dezembro, quando da escolha do "demo" José Jorge para o tribunal, a senadora petista Ideli Salvatti comentou que havia "mais PFL por metro quadrado" no TCU do que em qualquer outro lugar.
Arquivo. Antes de ingressar no TCU, o então deputado Augusto Nardes foi processado por crime eleitoral. À época, o procurador-geral da República, Claudio Fonteles, denunciou-o por omitir doação de R$ 20 mil. Como pena, Nardes doou R$ 1.000 ao Fome Zero e ministrou palestras sobre legislação eleitoral.
Turbina 1. Além da usina de Tucuruí, que passou a integrar as investigações da PF, a Camargo Corrêa anda às voltas com o Ministério Público Federal no Pará devido ao projeto da hidrelétrica de Belo Monte. Segundo a denúncia, há irregularidades no estudo técnico apresentado à Eletrobrás pelo consórcio do qual a empresa faz parte.
Turbina 2. Tanto a Eletrobrás quanto a Eletronorte são controladas pelo PMDB, partido que, segundo as investigações, teria recebido repasses da Camargo Corrêa no Pará. A empreiteira declarou ter gasto R$ 35 mil no estudo técnico. Especialistas avaliam que ele custa milhões.
Turbina 3. O caso chegou ao TCU. Este determinou que o estudo seja refeito segundo "princípios da publicidade e isonomia". O processo aguarda julgamento de recurso no Tribunal Regional Federal.
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