Como se ainda fosse preciso dirimir alguma dúvida, Dilma Rousseff se submeteu a uma plástica facial. No apagar das luzes de 2008, uma fumaça branca na chaminé do Moinhos Plastic Center anunciava: habemus candidata! Há quem torça o nariz diante dessas frivolidades. Mas o espetáculo da boa aparência artificial talvez seja o que de menos dissimulado a política atual possa nos oferecer. Longe daqui a praga do machismo. Serra também já fez os seus retoques e se renderá às máquinas de bronzear no momento adequado. Feia, de verdade, promete ser a carranca de 2009. É possível que o ambiente de incertezas venha precipitar e acirrar o debate sucessório. Sim, mas entre os efeitos reais da crise, a sua percepção pelas diferentes classes sociais e as eventuais conseqüências políticas disso há muitas variáveis em jogo. Lula está nos píncaros da glória. Acumulou muita gordura para queimar. A erosão de sua popularidade, se e quando ocorrer, deve ser o último indicador a nos dizer que o mundo já não é mais azul. A aposta do governismo em Dilma tira o gás de Ciro Gomes, e Aécio, o menino das Gerais, segue agindo como quem quer, sim, disputar a sucessão... de Sérgio Cabral. No fim, 2009 tende a afunilar a disputa entre Dilma e Serra, os candidatos da cara feia. É difícil imaginar a primeira sem a sombra carismática do pai. Ela, a estatólatra que sobreviveu à queda do Muro e se projetou no vácuo da débâcle moral do PT, quando as estrelas do partido foram pelo ralo do mensalão, será mais do que a gerentona do PAC? Já Serra, de cuja capacidade ninguém duvida nem esquece de citar, parece ser aquele político invariavelmente melhor do que o governo que é capaz de realizar. Cheios de convicções, mas quase nenhum molejo, Dilma e Serra são o oposto de Lula -como Macunaíma, herói da nossa gente. Será uma encrenca sucedê-lo.
Entro em férias. Desejo a todos um feliz Ano-Novo. Até fevereiro. |
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