domingo, maio 06, 2012

Copa! Gringos fazem arrastão! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 06/05/12


Agora os gringos é que vão assaltar os brasileiros na Copa. Torcida do Barcelona assalta corintianos. Rarará!

Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! "Caseiro gaúcho rouba cinco galinhas e dois sacos de ração." Como é o nome do caseiro? GARNIZÉ! "Pescador fica à deriva durante temporal em Cabo Frio." Como é o nome do náufrago? Aécio Neves! Rarará! E eu tenho um primo chamado Aeronaldo que mora na rua Aviadores, Jardim Gaivota. Isso não é predestinação, é armação!
E esta: "Desemprego na Eurozona bate recorde". Já sei, os gringos é que vão assaltar os brasileiros na Copa. Arrastão de espanhol em Itaquera. Torcida do Barcelona assalta corintianos. Rarará! E o Cachoeira? Nunca vi! Tenho catarata! E a CPI do Cachoeira fica mais rápida se for por exclusão. Quem nunca falou com o Cachoeira fica na sala!
E esta: "Deputado usou cargo para agilizar vistos para grupo de Cachoeira". Adoro isso: grupo do Cachoeira. Mudou de nome? Agora se chama grupo? E já imaginou a farra dos vistos? "Que família quer ir pra Disney?". "A minha! A minha!". "Quem quer ir para Las Vegas?". "Eu, eu aqui, ó!"
E um deputado falou para a mulher: "Querida, o visto da sua mãe fica para a próxima". Sogra manda-se para cruzeiro na costa da Somália! Com piriri e piratas! Eu também quero visto. Vou pedir um visto para o Cachoeira. Visto e VIP LOUNGE! E só vou para Las Vegas se tiver incluso um show da Cher. Visto, VIP Lounge e show da Cher! Agora eu entendi por que a Hillary falou que as filas dos vistos iam diminuir. Ela já conhecia o nosso Cachoeira, o Waterfall!
E naquele surreality show "A Fazenda", a drag Nany People perguntou para a Geisy Arruda: "Você conhece a Disney?". "Não". "Mas tem visto?". "Tenho visto na TV." É mole? É mole, mas sobe!
DILMA INJURIADA! Dilma ataca bancos! Já sei, meteu o pezão na porta! Já imaginou a Dilma, a "pitbúllgara" dilaceradora de vísceras, atacando um banco com três porretes em cada mão, e os gerentes abraçados, tremendo? Os juros do cheque especial estão tão altos que ele devia passar a se chamar CHEQUE ESPACIAL. E é assim que os bancos declinam o verbo jurar: eu juros, tu te ferras e nós escorchamos!
E a delegacia do Guarujá recebeu ordem de prisão contra Mac Donald da Silva, devedor de alimentos! Retrato falado: dois hambúrgueres, queijo, picles, molho especial e cebola no pão com gergelim! Nóis sofre, mas nóis goza! Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Mãe Dilma - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 06/05/12

A presidente Dilma vai anunciar em rede nacional de tevê, no domingo, Dia das Mães, um pacote de medidas sociais voltadas à primeira infância. O programa envolve ações dos ministérios da Saúde, da Educação e do Desenvolvimento Social. Os beneficiários do Bolsa Família, com filhos de 0 a 5 anos, vão receber uma renda adicional. O valor será

fechado durante esta semana pela Fazenda.

O governo Dilma, no âmbito do Ministério da Saúde, vai ampliar o atendimento em UTIs neonatais. No âmbito da pasta da Educação, serão ampliados os recursos para creches com o objetivo de atender a crianças de 0 a 5 anos, na fase da pré-escola. Sobre a complementação do Bolsa Família, pelo Desenvolvimento Social, o governo ainda não decidiu se valerá para as 13,3 milhões de famílias inscritas (desde que tenham filhos de até 5 anos) no programa ou se atenderá só aos que vivem abaixo da linha de pobreza, com renda de até R$ 70. Estes são quatro milhões de famílias do “Brasil Sem Miséria”.

“Quero cumprimentar Sua Excelência (senador Humberto Costa) pelo substancioso voto. Vossa Excelência, se fosse advogado, seria um brilhante advogado”
 — Antônio Carlos de Almeida Castro, advogado de defesa de Demóstenes Torres (GO)

NA BERLINDA. O ex-líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), elegeu como um de seus alvos, na CPI do Caso Cachoeira, o procurador-Geral da República, Roberto Gurgel. “Eu vou para cima dele. Ele deve uma explicação à Nação. Por que não ofereceu denúncia contra o senador Demóstenes Torres no final de 2009 ou início de 2010? A Operação Vegas dava todos os elementos”, cobra Vaccarezza.

Suspeito
O policial federal Idalberto de Araújo, o Dadá, segundo o deputado Fernando Francischini (PSDB-PR), é suspeito de ter vazado deliberadamente dados da Operação Satiagraha com o objetivo de favorecer o banqueiro Daniel Dantas.

Morrendo pela boca
O deputado Carlos Leréia (PSDB-GO) será o primeiro a ser julgado por quebra de decoro no Conselho de Ética da Câmara. O relator da ação, Jerônimo Goergen (PP-RS), usará os discursos que o deputado fez na tribuna em defesa de Carlos Cachoeira.

Em busca do mercado da China
Na última quarta-feira, por telefone, a presidente Dilma acertou receber a presidente da CNA, senadora Kátia Abreu (PSD-TO), amanhã no Planalto. Retornando de uma viagem à China, a senadora vai propor que o governo acelere a duplicação da Rodovia Belém-Brasília e conclua a Ferrovia Norte-Sul e a Hidrovia do Tocantins. Apesar da desaceleração na China, a senadora está convencida que o Brasil, com preços mais competitivos, vai ampliar suas exportações para lá.

Voluntário
O deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) tem dito aos seus colegas na Câmara que gostaria de ir depor na CPI do Cachoeira. Ele também justifica a sua disposição: “Eu quero falar. Eu quero ser o homem- bomba da CPI”.

Estocada

O líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), mandou esta na CPI: “A Delta não limita seus tentáculos ao Centro-Oeste. Eles atingem todos os estados, inclusive o meu Paraná”. Não são boas suas relações com o governador Beto Richa.

PARA A OPOSIÇÃO, o dia 17 de maio vai ser decisivo. A CPI do Cachoeira se posicionará sobre os depoimentos de Fernando Cavendish e dos governadores Marconi Perillo, Agnelo Queiroz e Sérgio Cabral.

O MINISTÉRIO
 da Saúde prepara programa que vai
adicionar à merenda escolar, de responsabilidade dos municípios, uma cesta de complexo vitamínico.

O PRESIDENTE 
da Fiesp, Paulo Skaf, informou ao ministro Edison Lobão (Minas e Energia) que a entidade vai recorrer ao STF caso o governo decida renovar as concessões de energia elétrica, ao invés de promover novas licitações.

A nova poupança e o futuro - SUELY CALDAS


O Estado de S.Paulo - 06/05/12


Dilma Rousseff escolheu um bom momento para mudar o rendimento da poupança e remover o grande entrave à queda da taxa Selic. Produção industrial em queda, exportações idem, o PIB perdendo força e o pesadelo de desaquecimento econômico presente - o cenário de curto prazo abre espaço para a mudança sem maiores ameaças à inflação. O impacto político negativo em milhões de pequenos poupadores ela tratou de neutralizar cooptando políticos dos partidos aliados, sindicalistas e empresários industriais, especialmente convidados a conhecer a nova poupança antes do público em geral.

Só que faltou convidar os atores principais - o pequeno investidor, que há mais de um século confia na poupança e tem agora sua confiança abalada; e os banqueiros, que nos próximos dias lidarão diretamente com um público perdido e assustado. A eles caberá explicar a mudança e indicar esta e outras opções de investimento. Por mais que governo e bancos tenham um interesse comum - não permitir a fuga de aplicadores dos fundos de títulos públicos para a poupança -, o inverso interessa mais ao governo e menos aos bancos. Afinal, se nos próximos dias houver fuga da poupança para outras aplicações, com que dinheiro o governo vai continuar financiando a compra da casa própria?

Mas, como é tentador o interesse político de eleger o banqueiro como inimigo n.º 1 do eleitor, Dilma prefere afastá-lo a buscar nele um parceiro essencial na comunicação com o poupador nesta hora. Aliás, se saiu da cabeça do marqueteiro João Santana a ideia do agressivo discurso contra banqueiros no 1.º de Maio, quando ela os chamou de perversos, Dilma precisa reavaliar melhor palavras que abalem sua imagem de seriedade, o que a diferencia (para melhor) do antecessor. Não lhe cai bem vestir o modelito de populista, à Cristina Kirchner.

É verdade que o desaquecimento da economia abre espaço para introduzir a nova poupança e seguir abatendo a Selic sem ameaçar a inflação no curto prazo. Mas o Banco Central (BC) precisa ficar atento para o momento em que a queda dos juros impulsionar a produção industrial, a renda e o consumo em dosagens que realimentem o reajuste de preços. Não se trata de torcida contra de economistas do mercado financeiro (às vezes acontece). No médio e no longo prazos, juros artificialmente baixos aceleram a atividade econômica - o que é bom - e geram efeitos indesejados de alta dos preços - o que é ruim.

A dose de equilíbrio é dada pelo BC ao decidir a taxa Selic. Mas no BC de Alexandre Tombini o sistema de metas de inflação ficou raquítico e a dose do juro é dada por uma presidente obcecada pela ideia de crescimento. Quem não quer prosperidade econômica? O que ninguém quer é inflação de volta. Então não há saída? Se correr, o bicho pega; se ficar, o bicho come? A saída é definir um rumo, afastar entraves ao crescimento continuado e seguro, fazer reformas modernizantes, dar seguimento a um programa de governo de verdade, com prioridades e metas para o curto, o médio e o longo prazos. Isso faz enorme diferença e falta ao governo Dilma.

Aos políticos, sindicalistas e empresários com quem se reuniu na quinta-feira, ela demarcou sua meta: baixar os juros, ajustar o câmbio e reduzir impostos. "Essa é a nossa agenda e não se faz do dia para a noite", avisou. Uma agenda muito pouco ambiciosa para um país com milhões de analfabetos funcionais; a maioria dos trabalhadores com só seis ou sete anos de estudo; onde mais da metade da população não dispõe de esgoto e água limpa; hospitais públicos são insuficientes, precários, sujos e desaparelhados; onde faltam investimentos em infraestrutura e as obras do PAC paralisam, contaminadas pelo desvio de dinheiro público; um país onde a democracia tropeça em instituições frágeis e num sistema político-eleitoral corrupto e em decomposição.

Reduzir impostos depende da disposição do governo de conter seus gastos, o câmbio segue os caminhos da economia no resto do mundo e os juros, ah os juros... Infelizmente, presidente, precisa de muito mais do que demonizar banqueiros.

Indústria, câmbio e política fiscal - AFFONSO CELSO PASTORE


O Estado de S.Paulo - 06/05/12


O governo quer estimular a indústria e optou por enfraquecer o real, intensificando as intervenções no mercado de câmbio. Será que consegue manter o real mais fraco? Será que com isso teremos um estímulo permanente à indústria, ou um mero paliativo?

Se contar com o respaldo de um controle suficientemente forte de capitais, o Banco Central conseguirá colocar o câmbio onde o governo quiser. Desde o início de 2011 o controle de capitais vem se intensificando, e três medidas mais eficazes (entre outras) foram tomadas. Primeiro, foi colocado um recolhimento compulsório de 60% sobre posições vendidas de câmbio por parte de bancos. Segundo, foi criado um IOF de 6% sobre o financiamento à exportação, taxando inicialmente operações com prazos de 720 dias, que foi aumentado para 1.080 dias. Terceiro, o governo taxou com IOF empréstimos em bônus de até 1800 dias. A primeira praticamente impede a arbitragem. Os bancos tomavam recursos no exterior à taxa libor, aplicando os recursos (no "cupom cambial") sem risco de câmbio, e em 2010/11 ficaram "vendidos em câmbio" em torno de US$ 15 bilhões, que se somaram a outros US$ 15 bilhões de posições vendidas de estrangeiros. Foram ingressos de US$ 30 bilhões que ajudaram a valorizar o real. Os exportadores também abusaram de financiamentos à exportação por prazos muito maiores do que seria necessário para tocar o "negócio da exportação". A "desculpa" era compensar com operações engenhosas (não tanto quanto os "derivativos alavancados", em 2008) um pedaço da "sobrevalorização" cambial, mas de fato faziam operações de arbitragem visando ganhos financeiros.

A imposição dessas barreiras deu eficácia às compras do Banco Central no mercado à vista de câmbio, que depreciaram o real para próximo de R$ 1,90/US$. No gráfico anexo (base 100 na média diária de outubro de 2011) vê-se que o real se depreciou relativamente ao dólar australiano; ao peso colombiano; ao peso chileno, e ao peso mexicano, atestando a eficácia das intervenções associadas ao controle de capitais.

Porém o mundo real é um pouco mais complicado. Taxar capitais de curto prazo é muito diferente de limitar os ingressos de investimentos diretos e no mercado de ações. Estes financiam atividades produtivas, e não podem ser dispensados. Ocorre que eles são, também, ingressos que com alguma engenhosidade podem substituir parcialmente os outros ingressos barrados pela imposição dos controles. Afinal, o setor privado tem grande capacidade de descobrir novas portas de entrada. O risco, diante da dificuldade de colocar barreiras a estes ingressos é que, na impossibilidade de manter o real mais fraco, o governo busque novas medidas protecionistas.

Intervenções no mercado de câmbio são superiores a medidas protecionistas, porque afetam igualmente todos os setores, e não apenas aqueles que, devido à força dos "lobbies", convencem o governo a tomar medidas como: a elevação do conteúdo nacional de alguns produtos; e o aumento de barreiras tarifárias e não tarifárias. "Lobbies" são mais fortes em setores menos eficientes, e a resposta a eles não é o melhor caminho para definir as decisões. O país tomou muito tempo para se engajar na liberalização de comércio, que somente se iniciou mais intensamente nos anos 1990, estimulando a modernização de sua indústria. Se seguir o caminho do protecionismo, estará dando vigoroso um passo atrás.

Por outro lado, não há como evitar o crescimento das importações de produtos industriais. Isto é simplesmente a consequência de duas características de nossa economia. A primeira - imutável - vem da nossa vantagem comparativa em minérios e na agricultura. Seremos sempre exportadores desses produtos. A segunda vem do fato que a poupança total doméstica (pública mais privada) é baixa. Ora, as importações líquidas nada mais são do que o excesso dos investimentos sobre as poupanças domésticas, e sempre que os investimentos se elevam para acelerar o crescimento crescem relativamente às poupanças domésticas, que são rígidas, aumentando as importações líquidas. Como jamais seremos importadores de produtos agrícolas (com a clara exceção do trigo), é óbvio que o aumento dos investimentos dispara o aumento de importações de produtos manufaturados. Ora, se é inevitável que as importações cresçam, o que o Brasil iria importar? Produtos agrícolas e minerais? Não! Importará simplesmente produtos industriais!

Condenação. Será que isso nos condena à desindustrialização? Será que teremos que retornar aos anos 1950, quando acreditávamos que seriamos eternos exportadores de produtos primários e meros assistentes do desenvolvimento industrial em outros países? Não há nenhum fatalismo condenando o Brasil à desindustrialização. Primeiro porque o Brasil é um país com um imenso mercado doméstico, que sustenta setores industriais que se beneficiam de economias de escala, e que por isso têm todo o potencial para serem mais competitivos. Segundo, porque em vez de buscar o protecionismo, puro e simples, temos a alternativa de buscar uma particular mudança da estrutura produtiva da indústria, elevando importações de insumos e componentes industriais que baixem os custos de outros produtos manufaturados exportados, aumentando o tamanho de comércio, e tornando a estrutura produtiva mais eficiente. Mas para isso a indústria teria que se engajar em um processo de abertura ainda maior, reduzindo, e não aumentando, o conteúdo nacional dos produtos industriais, e voltando-se para a promoção de exportações permitida pela queda dos custos dos insumos e componentes importados. Isso impõe uma especialização compatível com o aumento da integração internacional, e não com a busca da autarquia. Teríamos que dar passos na direção de um comércio mais livre, e não na direção que vem sendo seguida pela Argentina.

Finalmente, não há porque ficar de braços cruzados quando o país tem em suas mãos instrumentos fiscais para fortalecer o setor. Começamos com a ideia simples de geração de superávits primários estruturais, dimensionados em média para reduzir a relação dívida/PIB, mas que se expandam na recessão e contraiam em fases de aquecimento, aliviando a carga imposta à política monetária; facilitando a queda da taxa real de juros; e retirando pressões para o fortalecimento do real. Segundo, o governo teria que abandonar a visão keynesiana estreita de que quaisquer gastos são benéficos, porque estimulam a demanda. Teria que reduzir os gastos correntes, o que elevaria a sua poupança, e aumenta os investimentos, particularmente em infraestrutura. A infraestrutura deficiente eleva os custos e retira competitividade da indústria. Deveria dar um passo na direção de adotar um marco regulatório estável, que estimulasse capitais privados, domésticos ou estrangeiros, a participar de investimentos em infraestrutura, e ao lado disso teria que rever a prioridade que dá às transferências de renda, que são ótimas para estimular o consumo, mas reduzem as poupanças, elevando as importações líquidas.

Reformas ainda mais importantes estão no campo da tributação. Primeiro, o ICMS não poderia ser usado para dar incentivos, nem sequer em nome de estímulos regionais, porque isso distorce o comércio exterior, contribuindo para gerar uma estrutura caótica de proteção efetiva. O grande produto da "guerra dos portos" é simplesmente a redução da eficiência econômica. Segundo, há uma tributação excessiva sobre a produção de energia elétrica. É curioso que um país que tem recursos naturais, como recursos hídricos e bauxita, por exemplo, não consiga ser competitivo na produção de alumínio.

Qual seria a competitividade da indústria têxtil, entre outras que usam intensivamente esta fonte de energia, se ocorresse uma redução na taxação sobre a energia elétrica? Terceiro, como um país que taxa bens de capital acima do que ocorre em qualquer país industrializado pode investir em capital fixo, absorver tecnologia, e ter eficiência produtiva? Quarto, como pode ser competitivo um país que devido à enorme tributação sobre a folha de salários tem custos de mão de obra muito maiores do que os países cuja indústria vem se destacando no comércio mundial?

Não sei por que enumero todas estas medidas quando sei que a resposta que o governo e os políticos estão prontos a dar é que "politicamente tudo isso é muito difícil"! Por isso o governo continuará dando migalhas à indústria, e as intervenções no mercado de câmbio serão um mero paliativo. O resultado é que continuaremos a ouvir queixas de que o real está sobrevalorizado e que, por isso, caminhamos para a desindustrialização.

GOSTOSA


A França decide - CELSO MING


O Estado de S.Paulo - 06/05/12


Se as urnas confirmarem o que já vêm apontando as pesquisas de intenção de voto, a França terá outra vez um governo de esquerda, liderado pelo socialista François Hollande.

Será excelente oportunidade para conhecer essa tão pretendida agenda de crescimento numa sociedade superendividada, prostrada pelo desemprego e despreparada para enfrentar a conta de uma crise.

A geração europeia do pós-guerra não contava - e ainda não conta - com a imposição de tantos e inesperados sacrifícios. Entendia que o Estado paternalista se encarregaria de prover o bem-estar, a educação e confortável aposentadoria a toda a população. Mais do que isso, para a atual geração o lançamento do euro por si só garantiria futuro de paz, financiamento farto e barato do consumo. A súbita quebra dessa expectativa levou a população a exigir o escracho de culpados e soluções imediatas - pouco importando a qualidade delas.

Não há na Europa líderes que empolguem massas e se mostrem capazes de liderar seu povo em direção a uma saída. Na França, nem o obstinado François Hollande nem o mercurial Nicolas Sarkozy conseguem ser mais do que burocratas da administração pública. Falta-lhes a estatura dos estadistas que a França já teve, como Charles de Gaulle e François Mitterrand. Por mais que se queiram acentuar diferenças e a necessidade de mudanças, a França parece ter de se conformar com a mesmice dos últimos 17 anos.

Nesta hora de crise, a moeda única dificulta a busca de uma saída. A dívida insuportável e o rombo orçamentário são manifestações de questão mais profunda: a perda crescente de competitividade do seu setor produtivo. A solução técnica não escapa da redução dos salários, das aposentadorias e de demais rendas. Nos velhos tempos, esse ajuste poderia ser obtido com a simples desvalorização do franco francês, fator que reduziria o poder aquisitivo da população e se encarregaria de baixar a dívida pública com alguma dose de inflação. Mas a França, no entanto, não detém o controle das impressoras do euro.

Nesta administração, quando dois franceses ocupavam os postos-chave do Banco Central Europeu (BCE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), Sarkozy bem que tentou tirar proveito dessa proeminência. Mas não conseguiu. Nem o BCE se dispôs (a não ser parcimoniosamente) a emitir moeda para financiar os Estados (especialmente o francês) nem o FMI concordou em mudar suas regras rígidas para distribuir suas linhas de financiamento. Um dos principais motivos pelos quais Sarkozy pode perder a oportunidade de se reeleger é seu excessivo engajamento com as posições da chanceler da Alemanha, Angela Merkel. Não é à toa que a dupla passou a ser chamada Merkozy.

Hollande promete batalhar para transformar o BCE numa instituição que garanta financiamentos de última instância aos Tesouros soberanos do bloco do euro - e não somente aos bancos. Nessas condições, quer emplacar uma desvalorização controlada do euro que faça o serviço mais difícil. Alguns observadores entendem que a crise se agravará a tal ponto que será inevitável esse passo radical. Mas, para isso, terá de superar o veto alemão. Se conseguir, ainda haverá o risco de que a eventual desvalorização do euro seja neutralizada por processos de desvalorização equivalentes das outras moedas fortes - como nos últimos dois anos. E também o de que a inflação escape do controle.

Por falar em Alemanha, a atual supremacia na área do euro não se deve apenas à robustez invejável da economia alemã. É o resultado, também, da reunificação que mudou a relação de poder dentro da Europa. De Gaulle já temia isso. Foi ele quem disse: "Gosto tanto da Alemanha que prefiro duas". Sarkozy está pagando o preço da nova densidade estratégica alemã. Se ganhar, Hollande não escapará dela. É esperar para ver.

'De A a Z' - VERA MAGALHÃES - PAINEL

FOLHA DE SP - 06/05/12

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, encaminhou à Polícia Federal um pedido de providências complementares a partir de informações não conclusivas do inquérito da Operação Monte Carlo. Ele quer que a PF faça a degravação do que chama de "conversas fortuitas'' colhidas no período em que membros do grupo de Carlinhos Cachoeira foram grampeados.
A documentação, segundo relatos de parlamentares da CPI, envolve diversas autoridades protegidas por foro privilegiado. Nas palavras de um senador, o material que foi devolvido para a PF, ao qual a comissão não teve acesso, "vai pegar de A a Z".

Mosaico 1 O diretor de Planejamento da Eletronorte, Adhemar Palocci, irmão do ex-ministro Antonio Palocci, é mais um dos citados no inquérito que chegou à CPI.

Mosaico 2 A partir de um diálogo de Raimundo Ferreira, o Ferreirinha, funcionário da Infraero, a PF diz que "a grana que Claudio [Abreu, ex-diretor da Delta no Centro-Oeste] perdeu está na mão de Adhemar Palocci''. É uma das conversas "fortuitas", sobre as quais não há detalhes.

Digitais A Comissão de Relações Exteriores da Câmara foi interditada na sexta-feira para uma varredura nos telefones. Arrastado para o Cachoeiragate, o deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) foi presidente da comissão no período das investigações.

Troco Aliados de Sérgio Cabral (PMDB-RJ) articulam para levar o deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) -responsável por divulgar as fotos e vídeos que mostram a intimidade do governador com Fernando Cavendish, da Delta- para o olho do furacão da CPI do Cachoeira.

Rede Os peemedebistas vão apontar ligação de Garotinho com Cachoeira, que contratou Waldomiro Diniz para presidir a Loterj, em 2001. Em 2004, Waldomiro, então assessor de José Dirceu na Casa Civil, foi flagrado recebendo propina do empresário de jogos no primeiro escândalo do governo Lula.

Tripartite
 O acordo para blindar Cabral, Marconi Perillo (GO) e Agnelo Queiroz (DF) na CPI envolveu as cúpulas de PMDB, PSDB e PT, com aval do presidente do Senado, José Sarney (AP).

Gregos e troianos
 De um senador petista sobre a solução dada por Dilma Rousseff de arbitrar a disputa por diretorias da Codevasf e da Sudene contemplando o PT da Bahia e o PSB do Piauí, respectivamente: "É uma daquelas operações em que todo mundo fica insatisfeito".

Órbita O diagnóstico do PT de São Paulo é que aumentaram nas últimas semanas as chances de o PC do B apoiar Fernando Haddad na capital. O presidente estadual da sigla, Edinho Silva, teve uma conversa considerada exitosa com o ex-ministro comunista Orlando Silva.

Ecumênico
 O PTB, que é cortejado pelo PSDB de José Serra e o PMDB de Gabriel Chalita para alianças na capital, deve fechar alianças com o PT em pelo menos 80 cidades do interior paulista.

Eu sozinho
 Campos Machado vai voltar a conversar com Serra no fim do mês. Mas num ponto o PTB bate o pé: deve ficar de fora do "chapão" para a Câmara paulistana. Sozinho, o partido espera aumentar a bancada dos atuais 3 vereadores para até 6.

Voto de silêncio A ordem do prefeito Gilberto Kassab para seus soldados que postulam a vice de Serra é submergir enquanto o TSE não decidir sobre o tempo de TV e acesso ao fundo partidário de seu partido, o PSD.

Tabuleiro 
A senadora Ana Amélia trabalha para levar o PP para a chapa de Manuela D'Ávila (PC do B) à Prefeitura de Porto Alegre. Ela sugere quatro nomes para a vice, mas uma ala do partido quer apoiar a reeleição de José Fortunati (PDT).

com SILVIO NAVARRO e ANDRÉIA SADI


tiroteio

"Em CPI, quem tem medo de pauta resolve atacar a imprensa para virar notícia. E há quem tenha medo também de notícias, porque a partir delas pode virar réu."
DO DEPUTADO MIRO TEIXEIRA (PDT-RJ), sobre a defesa feita por alguns parlamentares da CPI de que setores da imprensa sejam alvo de investigação e que haja controle para evitar vazamento de informações para jornalistas.

Contraponto

Escrito nas estrelas


Em conversa grampeada pela Polícia Federal, Carlinhos Cachoeira faz galanteios à sua mulher, Andressa:
-Sabe qual é seu nome que aparece aqui no meu rádio?
-Amor da minha vida?, arrisca ela.
-Corpo celeste, responde o acusado de contravenção.
-Por que você não coloca 'amore'?, sugere Andressa.
-Pode ser. Mas corpo celeste mata a pau, né?

Há reservas para a crise - ALBERTO TAMER


O Estado de S.Paulo - 06/05/12


O Brasil tem hoje em reservas liquidez de R$ 1,4 trilhão para enfrentar um possível agravamento da crise na zona do euro, que já dura mais de dois anos. Fechou praticamente o principal canal de contaminação, o financeiro.

Foi um processo iniciado bem antes, que melhorou consideravelmente a taxa de risco do país a ponto de as empresas e o governo estarem captando hoje aos juros mais baixos da história. E tudo indica que o Ministério da Fazenda, o Banco Central e o Tesouro estão reforçando esses instrumentos de defesa contra a crise.

Eles se concentram em alguns pontos básicos: aumento das reservas cambiais, compulsório, atração de investimentos diretos e colchão de liquidez no Tesouro. Há outros, como o equilíbrio fiscal e a relação dívida - PIB, mas estes podem ser considerados os pontos-chave com uma série de dados oficiais que podem ser cansativos, mas são essenciais para saber se o Brasil está ou não preparado para o agravamento de crises externas.

Nos últimos 12 anos, o Brasil passou a ser um país confiável, melhorou consideravelmente a taxa de risco, empresas e governo captam hoje - quando quiserem e se quiserem - aos juros mais baixos da história. E isso porque, entre outros fatores importantes, a dívida líquida do setor público caiu de 60% do PIB há 12 anos para 36,5% agora.

Esse cenário positivo só se fortaleceu nos últimos anos e mais ainda agora. Há dinheiro para financiar as contas correntes e liquidez para o financiamento da dívida pública.

Onde está. O colchão de liquidez brasileiro de RS$ 1,4 trilhão se encontra em três fontes.

1. Reservas internacionais que passaram de US$ 328 bilhões há um ano para US$ 374 bilhões em março. São recursos que poderiam ser usados em parte - como foram na crise de 2008 - em caso de extrema escassez de liquidez. As reservas cambiais, que dobraram entre 2007 e hoje, reduziram consideravelmente a vulnerabilidade externa da economia, foram e continuam sendo um importante instrumento para administrar as crises de 2008 e a atual.

2. A outra parcela de recursos é o compulsório dos bancos, depositado no Banco Central. Há um ano, eram RS$ 400,9 bilhões e, em março, chegaram a RS$ 407,7 bilhões. São recursos que foram usados antes e podem ser injetados no sistema financeiro a qualquer momento, se eventualmente faltar liquidez.

3. Ainda temos os investimentos diretos. Em 12 meses, passaram de US$ 60,5 bilhões para US$ 64 bilhões. Sozinhos, eles vêm financiando o déficit em conta corrente. E isso deve se manter considerando os projetos que as empresas externas já anunciaram para este ano. O BC estima que devem chegar a US$ 50 bilhões. No primeiro trimestre, já entraram quase US$ 15 bilhões.

Tesouro também. Mas há também recursos que os técnicos chamam de "colchão de liquidez do Tesouro" que podem ser injetados no mercado a qualquer momento. Eles estão hoje entre RS$ 180 bilhões e R$ 200 bilhões.

Sobra o comércio. O outro canal, o comercial, continua aberto. O superávit em abril caiu 55% em relação a igual mês do ano passado. E o resultado só não foi pior porque as importações recuaram 3,1% e os preços de algumas commodities ainda se mantêm. Mas é um problema que afeta mais a indústria do que a balança comercial, como vimos, financiada pelos investimentos diretos. E não há sinais de reversão em curto e médio prazos. O desafio decorre da desaceleração do comércio mundial, o desaquecimento na China e, principalmente, a recessão na Europa, que importou menos 3,7% este ano do Brasil. Um problema sem sinal de solução pelo menos este ano. Há fatores internos mais complexos além da simples demanda. Por exemplo, câmbio, juro, dependência crescente das exportações das commodities, falta de investimento em produtividade e inovação.

O desafio é menos grave do que seria no setor financeiro. Como lembrou Affonso Celso Pastore, em um de seus artigos no Estado, o Brasil não depende mais de grandes financiamentos externos em suas contas correntes, como no passado.

Fechando esses cenários, pode-se dizer que o Brasil está bem diante da crise, não vende, mas pela estabilidade econômica e fiscal, continua atraindo investimentos em meio à desaceleração mundial e ao aumento de liquidez externa provocada por países que ainda lutam com a recessão.

E tudo indica que a equipe econômica não só vai manter, mas reforçar ainda mais essa política de aumentar o colchão de liquidez interno porque não há nenhum sinal que as coisas lá fora vão melhorar este ano.

A bola de cristal do Morgan Stanley - ELIO GASPARI

O GLOBO - 06/05/12


O último número da prestigiosa revista Foreign Affairs publica um artigo de Ruchir Sharma, chefe da seção de Mercados Emergentes do banco Morgan Stanley, intitulado "Bearish on Brasil". Numa tradução livre e benevolente, poderia ser "Acautelem-se com o Brasil". O termo "bearish" vem do dialeto das Bolsas, tomando emprestado o gesto dos ursos (bears), que jogam para baixo tudo o que pegam.

Sharma sustenta que a festa brasileira pode estar no fim porque depende da fartura de dinheiro e da demanda internacional por produtos primários: "Esse apetite global está começando a cair. Se o Brasil não tomar medidas para diversificar e expandir seu crescimento, brevemente cairá junto". Ele mostra que o crescimento da economia brasileira é medíocre, a indústria vai mal, e os preços do andar de cima estão enlouquecidos.

O artigo é instigante quando sustenta que o Brasil é uma espécie de não China. Aqui se busca a estabilidade econômica; lá, o crescimento; cá, o real está sobrevalorizado; lá o yuan é barato. Pindorama tem juros altos e sua taxa de investimento está em 19% do PIB, enquanto o Império do Meio, com juros baixos, investe perto de 50%:

Segundo Sharma, o Brasil só evitará a próxima crise se abrir a economia, reformar a Previdência, mudar seu sistema tributário e, sobretudo, se redimensionar suas políticas sociais.

Foreign Affairs é um púlpito nobre. Foi lá que o diplomata George Kennan publicou em 1947, sob o pseudônimo de Mr. X, o artigo "As bases da conduta soviética", ensinando que o comunismo deveria ser contido politicamente.

A credencial de Sharma é sua posição no Morgan Stanley. Essas casas bancárias existem para ganhar dinheiro e suas competências são medidas pelos balanços, não pela qualidade de suas previsões públicas. Em abril de 2002, durante a campanha presidencial, o banco rebaixou o valor dos papéis brasileiros e, em poucos dias, eles caíram de 79,21% do valor de face para 74,21%. Em maio, anunciou que os mesmos papéis valiam entre 79% e 81%. Quem comprou na baixa ganhou um dinheirinho rápido.

Ao pé do artigo de Sharma, a "Foreign Affairs" informa que o texto é uma adaptação de um capítulo de seu livro "Breakout Nations" ("Nações em Ascensão - Em Busca dos Próximos Milagres Econômicos"), cujo e-book está a US$ 12,99. Pela sua conta, o Brasil fica de fora. Os problemas que ele apontou são reais, mas o coração de sua tese está lá: "Enquanto a China começa a estudar a criação de um Estado de bem-estar social, o Brasil construiu um pelo qual não pode pagar." Nesse ponto, a opinião do autor deve ser medida pela sua experiência.

Sharma informa que há 15 anos passa uma semana de cada mês viajando por países emergentes, visitando o interior, rodando nas estradas. De suas viagens pelo Brasil, expôs um conhecimento estatístico sólido, mas, quando chegou à vida real, se sobrevalorizou. Em alguns casos, com vinhetas folclóricas, pois pagar R$ 43 por um coquetel de champanha com suco de pêssego para "uma garota de Ipanema" é coisa de otário. Há endinheirados que se locomovem de helicóptero em São Paulo, e o tráfego desses engenhos surpreendeu David Rockefeller, mas dizer que "os CEOs das grandes empresas brasileiras desenvolveram um sistema de transporte alternativo", é forte. Em outros casos, exagera: um apartamento no Leblon pode estar a preços absurdos, porém não custa mais que outro com vista para o Central Park de Nova Iorque. Um banqueiro não pode dizer que, depois do cruzeiro, o Brasil teve uma moeda chamada "cruzero". Até aí, diga-se que se está procurando pelo em ovo. Contudo, ele informa o seguinte:

"O maior responsável pelo controle da hiperinflação foi Fernando Collor de Mello, que em 1994 acabou com a criação de novas moedas criando o real, atrelado ao dólar".

Collor saiu do governo em 1992. Fernando Henrique Cardoso, como ministro da Fazenda, criou o real em 1994, e ele não foi "atrelado ao dólar".

A Foreign Affairs já teve melhores editores.

Um bom exemplo que vem da China

A China resolveu criar um banco de dados público, arrolando todas as empresas investigadas por corrupção. No ano passado, segundo o governo, foram fiscalizados 25 mil casos de propinas. Lá, o jovem filho de Bo Xilai joga polo, mas papai foi frito, e mamãe está presa.

Um conhecedor das relações do Estado brasileiro com fornecedores de serviços e contratos sugeriu a criação de um painel com cinco lâmpadas. A saber:

1) Uma luz acende-se quando o serviço foi contratado sem licitação.

2) A segunda lâmpada indicará quando, tendo havido licitação, o preço oferecido ficou abaixo do mínimo.

3) A terceira informa quantos aditivos o contrato recebeu e sua percentagem em relação ao valor inicial.

4) A quarta pisca indicando os atrasos na conclusão das obras ou nos fornecimentos.

5) A quinta indicará a percentagem de obras ou serviços abandonados.

Com três lâmpadas acesas, pode-se chamar o Ministério Público. Com quatro, a Polícia Federal. Se acenderem as cinco, só resta chamar os bombeiros.

Bibliografia

Pelo andar da carruagem dos grampos de Carlinhos Cachoeira, faria bem aos ministros das altas cortes de Brasília passarem os olhos pelo que aconteceu com o juiz Abe Fortas, da Suprema Corte dos Estados Unidos.

Em 1968, o presidente Lyndon Johnson anunciou sua decisão de nomear o amigo Abe, que estava na Corte, para presidi-la. (Lá a função é vitalícia.)

Descobriu-se que Fortas recebera US$ 20 mil de um milionário delinquente por serviços jamais especificados. Ele foi obrigado a renunciar, e, mais tarde, apareceu um grampo mostrando que Fortas batalhara pelo patrono na Casa Branca.

Reação certa

Um turista acidental do Palácio do Planalto ouviu um destampatório da doutora Dilma numa conversa com um de seus ministros.

Ficou horrorizado. Quando chegou a casa, foi estudar o caso e concluiu:

1) O moço queria dar uma lição de governo à doutora.

2) Tecnicamente, ela tinha razão e conhecia o assunto melhor que ele.

Classificados

Para quem tem negócios com o governo e planeja comprar sapatos com saltos stiletto de Christian Louboutin ou garrafas de vinho Cheval Blanc da safra de 1947, uma sugestão de segurança patrimonial:

Chegou ao mercado o celular Enigma E2, que se diz 100% à prova de escuta. Sai por R$ 4 mil, e sua criptografia funciona quando ele fala com outro da mesma marca.

Paulo Cesar Faria, o grão-vizir do collorato, achava que podia apagar o disco de seu computador com um simples comando. Carlinhos Cachoeira acreditou na proteção dos celulares Nextel, habilitados nos Estados Unidos. Deram-se mal.

Política e moral - FERNANDO HENRIQUE CARDOSO


O Estado de S.Paulo - 06/05/12


Acabo de ler o mais recente livro de Alain Touraine, Carnets de Campagne (Cadernos de Campanha), sobre a campanha de François Hollande. Sem entrar no mérito das apostas políticas do autor, é admirável a persistência com que Touraine vem estudando as agruras da sociedade contemporânea como resultado da crise da "sociedade industrial". Ele refuta análises baseadas numa sociologia dos sistemas e não, como lhe parece mais apropriado, numa sociologia dos "sujeitos históricos" e dos movimentos sociais. O livro vai direto ao ponto: não é possível conceber a política apenas como uma luta entre partidos, com programas e interesses opostos, marcados por conflitos diretos entre as classes. A globalização e o predomínio do capital financeiro-especulativo terminaram por levar o confronto a uma pugna entre o mundo do lucro (como ele designa genericamente, com o risco de condenar toda forma de capitalismo) e o mundo da defesa dos direitos humanos e de um novo individualismo com responsabilidade social, temas que Touraine já tratara em 2010 no livro Após a Crise, fundamentados em outra publicação, Penser Autrement, de 2007.

A ideia central está resumida na parte final de Após a Crise: ou nos abandonamos às crises, esperando a catástrofe final, ou criamos um novo tipo de vida econômica e social. Neste é preciso reviver o apelo aos direitos universais da pessoa humana à existência, à liberdade, aos pertencimentos sociais e culturais - portanto, à diversidade de identidades -, que estão sendo ameaçados pelo mundo desumano do lucro. É preciso contrapor os temas morais ao predomínio do econômico. Há uma demanda crescente de respeito por parte dos cidadãos. Estes aderem a valores não como decorrência automática de serem patrões, empregados, ricos, pobres, pertencerem a esta ou àquela organização, mas por motivos morais e culturais. Com essa perspectiva, Touraine responde categoricamente que não é com os partidos que a política ganhará outra vez legitimidade. As instituições estão petrificadas. Só os movimentos sociais e de opinião, movidos por um novo humanismo expresso por lideranças respeitadas, pode despertar a confiança perdida. Só assim haverá força capaz de se opor aos interesses institucionais do capitalismo financeiro-especulador, que transformou o lucro em motor do cotidiano. Daí a importância de novos atores, de novos "sujeitos sociais", portadores de uma visão de futuro que rejeite o statu quo.

A partir daí, Touraine, sociólogo experimentado, não propõe uma prédica "moralista", mas sim novos rumos para a sociedade. Estes, no caso da França, não podem consistir numa volta à "social-democracia", ou seja, ao que representou na sociedade industrial o acesso aos bens públicos pelos trabalhadores; muito menos ao neoliberalismo gerador do consumismo que mantém o carrossel do lucro. Trata-se de fazer o mundo dos interesses ceder lugar ao mundo dos direitos e à luta contra os poderes que os recusam às populações. É preciso libertar o pensamento político da mera análise econômica. Os exemplos de insatisfação abundam, e não só na França. Vejam-se os "indignados" espanhóis, os rebeldes da Praça da Paz Celestial de Pequim ou os atores da Primavera Árabe. Falta dar-lhes objetivos políticos que, acrescento eu, criem uma nova institucionalidade, mais aberta ao individualismo responsável e à ação social direta que marcam a contemporaneidade.

Por que escrevo isso aqui e agora? Porque, mutatis mutandis, também no Brasil se sentem os efeitos dessa crise. Não tanto em seus aspectos econômicos, mas porque, havendo independência relativa entre as esferas econômicas e políticas, a temática referida por Touraine está presente entre nós. Se me parece um erro reduzir o sentimento das ruas a uma crise de indignação moral, é também errado não perceber que a crise institucional bate às nossas portas e as respostas não podem ser "economicistas". A insatisfação social é difusa: é a corrupção disseminada, são as filas do SUS e seu descaso para com as pessoas, é o congestionamento do trânsito, são as cheias e os deslizamentos dos morros, são a violência e o mundo das drogas, é a morosidade da Justiça, enfim, um rosário de mal-estar cotidiano que não decorre de uma carência monetária direta - embora também haja exagero quanto ao bem-estar material da população -, mas constitui a base para manifestações de insatisfação. Por outro lado, cada vez que uma instituição, dessas que aos olhos do povo aparecem como carcomidas, reage e fala em defesa das pessoas e dos seus direitos, o alívio é grande. O Supremo Tribunal Federal, numa série de decisões recentes, é um bom exemplo.

No momento em que o Brasil parece mirar no espelho retrovisor das corrupções, dos abusos e leniências das autoridades com o malfeito, corre-se o risco de crer que tudo dá no mesmo: os partidos, as instituições, as lideranças políticas, tudo estaria comprometido. É hora, portanto, para um discurso que, sem olhar para o retrovisor e sem bater boca com "o outro lado", até porque os lados estão confundidos, surja de base moral para mobilizar a população. Quem sabe, como na França, a palavra-chave seja outra vez igualdade. Na medida em que, por exemplo, se vê o Tesouro engordar o caixa das grandes empresas à custa dos contribuintes via BNDES, uma palavra por mais igualdade, até mesmo tributária, pode mobilizar. Para tal é preciso politizar o que aparece como constatação tecnocrática e denunciar os abusos usando a linguagem do povo.

Está na moda falar sobre as "novas classes médias", muitas vezes com exagero. Se até agora elas vão ao embalo da ascensão social, amanhã demandarão serviços públicos melhores e poderão ser mais críticas das políticas populistas, pois são fruto de uma sociedade que é "da informação", está conectada. Crescentemente, cada um terá de dizer se está ou não de acordo com a agenda que lhe é proposta. As camadas emergentes não são prisioneiras de um status social que regule seu comportamento. Aos líderes cabe politizar o discurso, no melhor sentido, e com ele tocar a alma dos recém-vindos à participação social, não para que entrem num partido (como no passado), mas para que "tomem partido" contra tanto horror perante os céus. Isso só ocorrerá se os dirigentes forem capazes de propor uma agenda nova, com ressonância nacional, embasada em crenças e esperança. Sem a distinção entre bem e mal não há política verdadeira. É esse o desafio para quem queira renovar.

A esquerda pisca para a direita - GAUDÊNCIO TORQUATO


O Estado de S.Paulo - 06/05/12


Não há mais como escamotear: a era dos conceitos clássicos que banhavam a política está cedendo lugar ao ciclo da personalização, cujos contornos apontam para a prevalência dos indivíduos sobre as ideias, o predomínio da forma sobre o conteúdo. As ideologias, neste início da segunda década do século 21, bifurcam-se na encruzilhada dos desafios de nações às voltas com profunda crise econômica. O continente europeu, berço da civilização democrática, é o cenário mais visível dessa mudança.

Lá a esquerda desloca seu eixo piscando para a direita, atenuando as cores do seu antigo discurso. Já não eleva ao alto do mastro a bandeira da "propriedade coletiva dos meios de produção". Nem a provável vitória de François Hollande, hoje, na eleição presidencial francesa, significará a entronização do pavilhão vermelho no Palácio do Eliseu. O moderado líder finca pé na justiça social, escopo central dos partidos de esquerda, mas deixa ver a inclinação à Terceira Via, mescla de elementos do socialismo e do liberalismo, criada por Tony Blair (1997-2007), a partir do Reino Unido, e endossada pelo primeiro-ministro alemão Gerhard Schröder (1998-2005). O estudioso de linguagem política Damon Mayaffre (Estado, 29/4), ao constatar tal fato, registra que o empobrecimento do discurso, particularmente na França e no Reino Unido, é um fenômeno que ocorre há 50 anos. No velho discurso podia-se ler um acervo composto por conceitos como liberdade, igualdade, democracia, capitalismo, socialismo. Hoje países democráticos, centrais e periféricos, entre os quais o Brasil, usam esses substantivos sem muita convicção.

Recorde-se que a esquerda começou a redesenhar seu ideário após o esfacelamento do comunismo. A solução foi juntar os tijolos fragmentados do socialismo à argamassa do liberalismo. Sob a nova composição, a política abriu espaço para novas formas de contestação e novos polos de representação, hoje presentes na miríade de grupos, entidades e organizações sindicais. As clivagens partidárias do passado ganharam nova roupagem, na esteira do arrefecimento do antagonismo de classes e do enfraquecimento dos particularismos ideológicos. O desvanecimento dos mecanismos tradicionais da política - partidos, Parlamentos, ideologias, bases - e a criação de um novo triângulo do poder, juntando esfera política, burocracia governamental e círculos de negócios, fizeram emergir a era do eu, povoada por líderes e mandatários de todos os espectros, cada qual portando as vestimentas fosforescentes do Estado-espetáculo. Assim, o progressivo declínio das estruturas clássicas da política propiciou, em contraponto, um fluxo ascendente de personagens que passaram a ter visibilidade na onda midiática. A forma tornou-se mais importante que o conteúdo. São um exemplo nossas campanhas eleitorais, cheias de cosmética e centradas em fulanos, sicranos e beltranos.

Pela importância da França na textura democrática, é razoável supor que o redesenho do discurso que ali se faz serve para espelhar o atual estado da política no mundo. A começar pela desconstrução que o presidente francês promoveu em sua identidade. Damon Mayaffre mostra que, na sua primeira campanha, Nicolas Sarkozy se identificou plenamente com o espírito da direita, puxando conceitos como moral, mérito, trabalho, esforço, civismo. Agora ataca as instituições da República, como Justiça, imprensa, sindicatos. No fundo, trata-se de um ataque a ele mesmo, eis que o presidente encarna o espírito republicano e, por consequência, seus corpos intermediários. Tal postura tinha lógica em 2007, quando se elegeu com o slogan da ruptura. Mas hoje esse ideário serve à família Le Pen (Marine e seu pai, Jean-Marie) e à Frente Nacional, beneficiários maiores do pleito francês. Formou-se o paradoxo: Sarkozy pregou o dissenso e Hollande defendeu o consenso, quando a lógica sugeria o contrário.

O que podemos extrair da lição francesa para a nossa realidade? Os recados são claros. Vejamos.

Ponto 1: não há mais sentido em brandir bordões e refrãos insuflando a luta de classes, pobres contra ricos, socialismo contra liberalismo. Parcela dos nossos representantes continua a erguer bandeiras rotas.

Ponto 2: atacar as estruturas intermediárias da República - Parlamento, Judiciário, imprensa - é desconstruir o próprio edifício da democracia. Desvios cometidos por pessoas físicas não podem ser confundidos com a importância das instituições democráticas. No entanto, viceja por estas plagas uma peroração que defende o controle da mídia, a revelar a simpatia de grupos pelo Estado autoritário.

Ponto 3: o combate às elites políticas por quem as integra soa demagógico. Mandatários que escalaram os degraus da pirâmide para chegar ao topo devem saber que também eles integram o Olimpo elitista.

Ponto 4: é um risco ancorar a estabilidade de um governo numa base nacionalista e protecionista. A deriva populista que uma atitude nessa direção proporciona, apesar de gerar conforto no curto prazo, ameaça comprometer o conceito internacional de um país. Olhe-se para os casos da Argentina e da Bolívia. A decisão da presidente Cristina Kirchner de nacionalizar 51% do patrimônio da petrolífera YPF, controlada pela espanhola Repsol, e a decisão do presidente Evo Morales de expropriar as ações da rede elétrica espanhola SAU podem até servir à almejada estratégia de aprovação popular. Mas quem garante que, mais adiante, não se transformarão em bumerangue?

Decisões dessa ordem têm o condão de conferir aos governantes uma imagem situada na banda esquerda do arco ideológico. Mas a esquerda tem sofrido, e muito, para debelar o caos econômico. A Europa que o diga. Ali a crise fez cair, nos últimos três anos, 11 dos 15 governos de esquerda ou de centro-esquerda - Espanha, Reino Unido, Portugal, Bulgária, Finlândia, Hungria, Irlanda, Letônia, Lituânia, Eslovênia e Holanda. O aviso é oportuno: medidas populistas têm fôlego curto.

ERA UMA VEZ NA AMÉRICA - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 06/05/12


O artista mineiro Paulo Nazareth saiu de uma favela perto de Belo Horizonte e foi a pé até os EUA; lá, integrou a principal feira de arte do país, e agora se prepara para expor seus trabalhos em galeria de SP

Seis meses e 15 dias. Esse foi o tempo que Paulo Nazareth, 34, gastou para ir a pé e de carona de seu "conjunto habitacional favelizado" em Palmital, Santa Luzia, região metropolitana de Belo Horizonte (MG), para Nova York, nos EUA. Calcula ter caminhado 700 km e emagrecido sete quilos.

A jornada foi feita de chinelos e com uma sacola de pano com poucas roupas a tiracolo. Ele diz não ter lavado os pés nesse tempo todo. Transformou a sujeira acumulada em mais uma de suas obras de arte, registrando tudo com uma câmera fotográfica. Quando chegou a NY, banhou os pés no rio Hudson.

"Foi como arrancar uma pele. A poeira já fazia parte do meu pé", diz. "Não lavo os pés quando vou para os EUA para levar um pouco de poeira da América Latina para lá", contou, por Skype, à repórter Lígia Mesquita, da Cidade do México.

Um ano, um mês e cinco dias depois de ter deixado Palmital, o artista já faz o percurso de volta ao Brasil. Está há um mês no México, na casa de uma amiga. "Mas durmo na rua, acampo, fico em hotelzinho barato. Me viro."

"Espere um minuto, por favor. Preciso colocar água no feijão", interrompe a conversa. Ele conta que adiou o retorno ao Brasil porque perdeu o passaporte há alguns dias. "Acho que foi brincando de bambolê com uma criança na rua."

Vai fazer a última parte do trajeto de avião. Sua galeria brasileira, a Mendes Wood, enviou a passagem aérea. Se tudo der certo, ele desembarca em SP a tempo de participar da abertura da exposição "Notícias da América", no próximo dia 12. Na ocasião, será lançado o livro "Paulo Nazareth, Arte Contemporânea/Ltda" (Cobogó).

Paulo chegou a Nova York no dia 26 de outubro de 2011. Ficou dois dias e depois foi para a Guatemala. No começo de dezembro, retornou aos EUA, porque tinha um compromisso agendado: participar de uma das maiores feiras de arte do mundo, em Miami, a Art Basel. "Se fosse pra viver nos EUA, viveria no México. Se fosse pra viver em Miami só por causa da praia, viveria no Rio", diz.

Na feira, exibiu uma instalação que bolou durante a viagem: uma Kombi repleta de bananas. "A inspiração foi a República das Bananas."

Desembolsou US$ 4.000 no carro e US$ 800 em bananas vindas da Costa Rica.

A obra foi arrematada por US$ 40 mil por um colecionador israelense. "Foi interessante um israelita comprar a Kombi. Fico pensando nessa relação histórica. A Kombi é um carro modelo alemão que quase não existe na Guatemala. Já as armas israelenses estiveram naquele país na época da ditadura."

Ao lado do carro, Paulo ficava segurando a placa "Minha imagem de homem exótico à venda". Cobrava US$ 1 por foto. E vendia bananas a US$ 10. No final, conseguiu US$ 600. "Cobrava pelo jogo da imagem e uma suposição do que o outro pensa dessa imagem, o exotismo da América Latina. O índio, o negro, o outro", diz.

A participação na Miami Art Basel, além do dinheiro, lhe rendeu reportagem no "New York Times". E a publicação de uma foto sua na editoria de moda do site do jornal americano, em que aparece com um prato de comida na mão em uma festa da feira de arte que reuniu nomes como Damien Hirst e Marina Abramovic. "Eu com minha camisa de um dólar, comprada na Guatemala, pés sujos e meu saco de estopa. A festa era VIP, num hotel de grã-fino. E tinha muita verdura. Comi bastante", lembra.

Paulo é vegetariano desde os 15 anos. Garante que essa opção não tem nada a ver com seu primeiro emprego, aos 12, em uma fazenda. Cuidava de 400 porcos. "Mas nunca matei nenhum", diz.

Apesar de não comer carne, fez uma série de fotos em que aparece com caveiras de boi, sangue na camisa e pedaços do alimento cru na cabeça. "Antes não comia carne porque era demasiadamente cara. Depois, virou hábito. As fotos são para mostrar a presença forte da carne na nossa culinária; é considerada o que há de melhor."

Ao trabalho na pocilga se sucederam outros como jardineiro, cuidador de cachorros, empregado doméstico, vendedor de pipoca, de feijão, abacate e picolé, padeiro, balconista, limpador de banheiros e agente de saúde. Até decidir que seria artista.

Filho de uma empregada doméstica que sozinha criou a ele e a mais sete irmãos depois que o pai, vendedor ambulante, saiu de casa, quando ele tinha 12 anos, concluiu o segundo grau em escola pública. Diz que guardou dinheiro para fazer cursinho e prestar vestibular. Não passou da primeira vez. No ano seguinte, estudando sozinho, entrou em Belas Artes na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Na faculdade, fez teatro de bonecos e gravuras que vendia a R$ 2.

Paulo fez residências artísticas. Em uma delas, ficou 13 dias em silêncio. Saindo de lá criou a série de imagens "Para Lembrá-lo de Permanecer em Silêncio". Em 2006, ganhou bolsa e ficou um mês na Índia. "Foi a primeira vez que andei de avião."

Em 2010, integrou o JA.CA (Jardim Canadá Centro de Arte e Tecnologia). Nessa incubadora de novos artistas em Belo Horizonte, conheceu dois dos sócios da futura galeria Mendes Wood, inaugurada meses depois. Desde então, faz parte do portfólio do espaço, que representa, entre outros, Tunga.

Depois de se formar, o mineiro decidiu fazer linguística. Por isso, diz, muitas de suas obras têm relação com a escrita. Na série "Cabelo de Preto", que imprimiu em panfleto, ele fez performances em que, diz, engoliu seu próprio cabelo. No texto, escreve: "Sair de casa [Palmital, periferia de Santa Luzia] com a boca repleta de meu cabelo preto/ Pegar ônibus coletivo/ 13 de maio de 1888 assinatura da Lei Áurea".

"É sobre cabelo bom e cabelo ruim. O meu cabelo sarrará crioulo, cabelo de preto, é muito bom. É tão bom que pode ser servido como refeição principal de qualquer menu. Comia meu cabelo para preservar essa parte em mim", afirma. "Mas hoje parei. Depois que eu fazia isso tinha que tomar azeite."

Panfletos como este, que antes, diz, vendia em barraquinhas em Palmital, hoje são comercializados na galeria Mendes Wood. Lá, a obra mais barata de sua autoria custa US$ 400. Com o dinheiro da instalação vendida em Miami, conta que "estamos ajeitando o barraco lá em Palmital", onde mora com a mãe, um irmão, uma irmã e dois sobrinhos.

No fim do ano, ele será o artista mais jovem a participar de uma mostra na Casa de Vidro, projetada pela arquiteta Lina Bo Bardi, que terá curadoria do suíço Hans Ulrich Obrist. E, no ano que vem, vai integrar a Bienal de Lyon, na França.

"Sei viver com pouco. Eu já sou rico. Minha mãe dizia: 'Filho, somos ricos da graça de Deus'", afirma. Seu sonho de consumo: "Às vezes gosto de tomar sorvete de araticum [fruta do cerrado]".

Às banalidades - LUIZ FERNANDO VERISSIMO

O GLOBO - 06/05/12


O mundo não tem jeito mesmo, deixa o mundo para lá. Não se preocupe em se distrair e ficar desinformado: quando o mundo chegar ao fim, com um estrondo ou uma inalação, nós saberemos. Fique descansado, ele não acaba sem você. Vamos às banalidades, portanto.

Por exemplo: o que acontece com os seios à mostra quando saem das passarelas? Em todos os desfiles de moda pelo menos metade das modelos mostra roupas transparentes em que os seios aparecem. Mas é raro encontrar alguém na, digamos, vida civil usando as mesmas roupas, ou roupas com a mesma transparência. Os seios não aparecem na mesma proporção quando as roupas saem das passarelas para a realidade. Ou eu é que ando frequentando a realidade errada?

Pode-se argumentar que os desfiles são representações de um ideal impossível de ser reproduzido no cotidiano. Num desfile de modas todas as mulheres são lindas, altas e magras. São, por assim dizer, mulheres destiladas, ou a mulher como ela sonha ser – e andar, e brilhar, e vestir roupas caras. Desta maneira os seios à mostra nos desfiles também seriam idealizações. Só seriam seios reais se viessem junto com o vestido, e a mulher, usando sua transparência, automaticamente ficasse com seios de 

manequim.

As manequins são como aqueles desenhos nos cartões à sua frente nas poltronas dos aviões, de pessoas ajustando o colete salva-vidas, colocando as máscaras de oxigênio, assumindo a posição adequada para o caso de queda do avião, atirando-se pelo tobogã para sair do avião acidentado – enfim, em situações de emergência. E nos cartões ninguém tem cara de quem está numa situação de emergência. Não estão exatamente sorrindo, mas sua expressão é de quem enfrenta emergências com naturalidade, até com uma certa indiferença. São pessoas que seguiriam as instruções de respirar normalmente depois de colocar as máscaras de oxigênio – coisa que você e eu nunca faríamos. As manequins são assim. Desfilam como se ser magnífica, com seios magníficos, fosse uma coisa comum. Na vida real, poucas mulheres podem usar uma roupa cara como a roupa cara merece, como manequins. Na vida real, ninguém respira normalmente com máscaras de oxigênio caindo sobre sua cabeça.

A vez da liquidez - AMIR KHAIR


O Estado de S.Paulo - 06/05/12


O governo deu um passo importante ao iniciar o combate às taxas de juros bancárias. É uma cruzada que tem tudo para dar certo, mas não é de se esperar resultados contundentes para já. O rumo está certo e a presidente, como afirmei em artigo anterior, tomou para si a condução desse processo. No dia 30, usou cadeia nacional de rádio e TV para reafirmar seu compromisso em trazer essas taxas para níveis civilizados e atacou os bancos privados que ainda teimam em manter as taxas em níveis insustentáveis. O combate à agiotagem bancária ganha corpo e apoio na sociedade. No Dia do Trabalho, as centrais sindicais colocaram em destaque essa questão.

Parece claro ao governo e à maioria das análises que novas medidas devem ser adotadas para forçar os bancos privados a operar com taxas equivalentes às dos bancos públicos. Em artigo anterior citei como principal a continuação da queda da Selic. Essa queda reduz os ganhos de tesouraria dos bancos e ajuda a direcionar a ação bancária para a oferta de crédito. O mesmo vale para a redução das escorchantes tarifas bancárias. Outro poderoso aliado nesse embate é dosar o porcentual de depósito compulsório no Banco Central (BC) de acordo com a taxa de juro praticada pelo banco.

A redução da Selic a níveis inferiores a 8% ao ano vai esbarrar no ganho das cadernetas de poupança e, para atacar esse problema, o governo mudou a partir do dia 4 as regras da caderneta, vinculando seus rendimentos à Selic, se ela ficar abaixo de 8,5%. Isso abriu o caminho para os recuos da Selic, o que permitirá a redução dos juros.

O que se espera ao fim desse processo é uma mudança qualitativa no sistema financeiro, que passaria a depender da ampliação da clientela como motor de sua expansão. A sociedade poderá contar com mais recursos à sua disposição o que vai na linha do desenvolvimento saudável do País.

Vamos acompanhar esse embate, que tem apoio na sociedade e tem em cada cliente de banco um importante aliado.

Tsunami. A crise no cerne do sistema capitalista está sendo combatida com uma explosão de liquidez feita pelos bancos centrais dos países desenvolvidos para salvar seus sistemas financeiros da derrocada. A injeção de moeda deve beirar os US$ 10 trilhões! Na zona do euro, elo mais fraco do sistema capitalista, as emissões nos últimos anos elevaram a base monetária de 2 trilhões em 2000 para 5 trilhões. Os Estados Unidos elevaram sua base monetária de menos de US$ 1 trilhão antes da crise para US$ 3 trilhões. Essa inundação de moedas desvalorizou-as em relação às moedas dos países que não usaram a mesma estratégia. Isso distorceu a concorrência internacional entre as empresas, prejudicando aquelas sediadas em países que não alteraram suas bases monetárias. Urge corrigir essa distorção e só vejo como forma eficaz nesse embate o uso da mesma arma, ou seja, a elevação da base monetária.

O governo, tentando se defender dessa avalanche de moedas que está empurrando para o chão a indústria brasileira, está usando estratégia inadequada. Tenta enxugar o excesso de dólares que invade o País por meio da compra de dólares pelo BC. É uma operação tipo enxuga gelo, que custa muito caro ao País, pois para cada dólar comprado é emitido o correspondente em real, que depois é retirado de circulação via emissão de título da dívida do Tesouro Nacional, que onera juros de 9% ao ano. Fora a operação enxuga-gelo, o governo tenta estimular a indústria com desonerações tributárias pontuais a determinados setores e maior facilitação de operações de crédito. Essas medidas têm impacto favorável, mas de efeito limitado. O que importa é dar competitividade a todas as empresas sediadas no País e isso se faz por meio de intervenção não onerosa no câmbio, via emissão monetária.

Nesse sentido venho sugerindo em artigos que o governo, em vez de continuar a emitir títulos de dívida que oneram juros, deveria emitir moeda até atingir nível condizente com o que operam economias de países emergentes, que têm inflação semelhante à nossa. Trata-se de ampliar substancialmente a liquidez da economia. Como se verá a seguir, felizmente há espaço para isso.

M1. Uma das principais medidas da liquidez é o M1, que é um agregado monetário que engloba o dinheiro em circulação mais os depósitos em conta corrente nos bancos. Chama a atenção o M1 do Brasil, que desde 2000 oscila entre 5% a 6% do PIB. É muito baixo em comparação com os demais países.

O gráfico 1 compara o Brasil com países emergentes, que apresentam níveis superiores a 10%. O último dado disponível é de 2010: Argentina e México 12%, Índia 19%, África do Sul 31% e China 60%. Na zona do euro, o M1 estava em 2010 em 50% e no Japão, 104%.

O gráfico 2 mostra a evolução do M1 no Brasil desde 1970, quando foi de 15%, caindo a partir de 1973 até atingir 2% em 1993 e passando a subir até 5% em 2000, quando se estabiliza. Em teoria, o M1 se relaciona inversamente com a inflação. Na prática, no entanto, nem sempre isso ocorre. Quando o M1 assumiu seu mais alto nível no entorno de 15%, na primeira metade da década de 70, a inflação girava em torno de 20%, portanto cerca de quatro vezes o nível atual.

Se o M1 fosse gradualmente elevado pela emissão monetária até o nível de 12%, seriam economizados anualmente em juros R$ 23 bilhões por ano. A dívida do setor público cairia R$ 250 bilhões, levando-a abaixo de 30% do PIB, e o câmbio poderia ficar acima de R$ 2 por dólar, contribuindo para ampliar a competitividade das empresas e indo na direção do equilíbrio nas contas externas.

Risco de inflação. Essa ampliação da liquidez não foi feita, pois o governo teme que vá causar inflação. De fato, a desvalorização cambial num primeiro momento encarecerá os importados, mas quem exporta procura estabelecer o preço levando em conta os preços praticados no mercado de destino. Com a desvalorização do real, o preço do produto importado também pode ser reduzido, dada a superoferta internacional, com preços sendo derrubados. Assim, no momento seguinte os preços podem se acomodar, não gerando inflação.

A ampliação do M1 é necessária e fundamental para contribuir para o equilíbrio nas contas internas e externas e devolver às empresas a competitividade que lhes foi tomada. É a vez da liquidez.

Juros, o futuro de uma ilusão - VINICIUS TORRES FREIRE


FOLHA DE SP - 06/05/12



Taxas menores são avanço óbvio, mas vão obrigar o país a encarar outros problemas econômicos



MUITA SAÚVA e pouca saúde os males do Brasil são. Ou já foram, segundo Macunaíma, Policarpo Quaresma ou Monteiro Lobato. A taxa de juros alta foi a saúva dos últimos 20 anos. Mas a taxa básica de juros vai agora a 2,5%, em termos reais (afora a inflação). Não se sabe se vai ficar por aí, mas suponha-se que fique. Os juros dos bancos então vão encarnar a maldição da formigona.

Suponha-se que os juros bancários sejam um exagero, e parece que são. Mesmo que sejam talhados, isso vai resolver o nosso problema? Não. Vamos matar umas formigas, mas ainda faltará saúde. Ou mais poupança. Ou mais investimento.

Pode-se argumentar que ainda temos a "maior taxa de juros do mundo", pois a Selic, a taxa básica de juros, aquela que o Banco Central "define" a cada mês e meio, é de 9% (dá-se de barato que será de 8,5% no final de maio. Talvez de 8% no final do ano). Mas uns 80% dessa taxa são inflação e imposto.

No que interessa mesmo na praça do mercado, a taxa "básica" de juros caiu a menos 2,4% ao ano na sexta-feira. Lá por junho, deve cair a 2% ou menos. Vão correr leite e mel no mercado de crédito? Não.

Não se trata de negar os progressos. Parece quase fantástico, também no sentido de "fantasia", que o juro real chegue a 2% ao ano -faz um ano, estava em 6,5% ao ano.

Dá quase como uma impressão de ter ficado rico, mas no jogo de Banco Imobiliário ("Monopoly") ou nos devaneios com a Mega Sena.

Sim, há progresso. Taxa menor tende a reduzir o desperdício de dinheiro público com pagamento de juros, pode colaborar para a redução mais rápida da dívida pública e ajuda a reduzir a desigualdade de renda, além de obviamente reduzir custos de consumo e investimento.

Se duradoura, a redução dos juros básicos e do custo da dívida pública tende a incrementar os fundos disponíveis para empresas.

Mas o "duradoura" é importante: as pessoas precisam ver para crer, para aprender a diversificar investimentos. O mercado precisa criar instrumentos para canalizar essa parte da poupança que vai deixar de ser emprestada ao governo.

Mas vai sobrar mesmo dinheiro assim para crédito e empresas? A mudança dos juros é duradoura?

O governo tem um deficit cada vez menor -neste ano talvez chegue a menos de 2% do PIB. Mas ainda rola um terço de sua dívida todos os anos, o que dá uns 12% do PIB.

Ainda precisaremos de alguns anos de contenção de gasto público, de governo superavitário e de reformas técnicas (na rolagem da dívida) e institucionais para que o governo deixe de absorver parte relevante da poupança privada. Para fazer um resumo curto e grosso, "falta dinheiro", poupança, para alimentar o crédito mais barato.

O juro real baixo vai durar? Depende da inflação chatinha, que resiste a descer dos 5%. O contexto mundial é extraordinário: liquidez (dinheiro) abundante, juros baixos, crescimento baixo e inflação baixa, com risco de deflação. Isso nos ajuda a manter taxas baixas. E depois?

Supondo que aumente o crédito disponível: há produto disponível? Isto é, temos capacidade produtiva e produtividade para satisfazer o aumento do consumo sem inflação ou sem aumentar de forma esquisita o nosso deficit externo?

Juros baixos são apenas o começo de uma conversa ainda longa.

GOSTOSA


PROGRAMAÇÃO ESPORTIVA NA TV


7h - Albirex Niigata x Tokyo, Campeonato Japonês, ESPN HD

7h - Dínamo de Kiev x Lokomotiv, Campeonato Russo, ESPN

7h - Mundial de Superbike, Motociclismo, Bandsports

9h - GP de Portugal, MotoGP, Sportv 2

9h - Grand Prix de judô, Etapa do Azerbaijão, Esporte Interativo, Sportv 2 e Sportv HD

9h30 - Newcastle x M. City, Campeonato Inglês, ESPN Brasil

9h30 - Etapa de Nova Santa Rita, Stock Car, Globo

10h - Aston Villa x Tottenham, Campeonato Inglês, ESPN e ESPN HD

12h - M. United x Swansea, Campeonato Inglês, ESPN Brasil e ESPN HD

12h - Pré-Olímpico fem. de vôlei, Final, ESPN

13h15 - Rússia x Noruega, Mundial de hóquei no gelo, Sportv 2

14h - Sevens World Series, Rúgbi, Bandsports

15h45 - Cagliari x Juventus, Campeonato Italiano, RedeTV! e ESPN Brasil

15h45 - Inter de Milão x Milan, Campeonato Italiano, ESPN e ESPN HD

16h - Guarani x Santos, Campeonato Paulista, Band e Globo (para SP) e Sportv

16h - Fluminense x Botafogo, Estadual do Rio, Band e Globo (menos SP) e Sportv 2

16h - Grand Prix de Montreal, Saltos Ornamentais, Bandsports

19h - Atlético Rafaela x Boca Jrs., Campeonato Argentino, Esporte Interativo

21h - Washington x Philadelphia, Beisebol, ESPN e ESPN HD

CLAUDIO HUMBERTO

“Preferi pecar por excesso a errar por omissão”
Senador Humberto Costa (PT-PE) e seu relatório contra o senador Demóstenes Torres


PSD de Kassab possui fundadores de fachada

Além de ter apresentado assinaturas repetidas e até de pessoas que já morreram para obter registro no Tribunal Superior Eleitoral, o PSD do prefeito Gilberto Kassab também possui fundadores de fachada. Ex-integrantes do PRTB, o deputado estadual Vinicius Azevedo Gurgel (AP) e José Antonio Vitti (GO) assinaram ata de fundação do PSD, mas são filiados a partidos diferentes. Gurgel integra o PR e Vitti, o DEM. 

Conta de multiplicar

Os membros do PSD desafiam até a matemática. Apesar da lista de 500 mil filiados, o Tribunal Superior Eleitoral registra apenas 173.855. 

Desgraça alheia

Para Esperidião Amin (PP-SC), a CPI do Cachoeira deveria se chamar “CPI Schadenfreude”. Em alemão, “alegrar-se com a desgraça alheia”. 

Dormindo com o inimigo

Humilhante o fim de Osama Bin Laden, traído por uma bomba caseira: sua primeira mulher o entregou aos americanos, diz o Paquistão. 

Pergunta no vestibular

A entrega no atacado de títulos honoris causa a Lula explica por que só uma universidade brasileira está entre as melhores do mundo? 

Dilma pode participar de operação contra drogas

A presidenta Dilma Rousseff avalia com o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general José Elito, a possibilidade de participar da Operação Ágata IV, que combaterá o tráfico de drogas nas fronteiras com o Suriname, Guiana, Venezuela e Colômbia. A operação está marcada para os dias 14 e 15 de maio nos municípios de Tiriós (PA), Boa Vista e Surucucu (RR) e Manaus (AM).

Polo de Manaus, 45

O Congresso homenageia amanhã (7) os 45 anos do polo de Manaus. A proposta é da senadora Vanessa Grazziolin (PCdoB-AM).

Sonho meu 

Empresários chineses querem instalar indústrias semi-manufatureiras na periferia do DF. Eles dizem que Brasília é marca forte na China. 

Boi na linha

A Rússia ameaça embargo total da carne brasileira, após “negativar” vários frigoríficos. Alega prazos descumpridos e falta de relatórios. 

Raspa do tacho

Uma semana antes de a Controladoria Geral da União abrir processo para investigar a Delta, a empreiteira ganhou aditivo de R$1,7 milhão em contrato com o DNIT no Rio. A obra vai a R$8,3 milhões. 

Governo intrigado

O Planalto ganhou uma pulga atrás da orelha com a nomeação do ministro Garibaldi Alves (Previdência) e do líder do PMDB, deputado Henrique Alves (RN), para o Conselho Político da governadora Rosalba Ciarlini (DEM), com a missão de tutelar seu governo em todos os atos. 

Dobradinha

O PMDB assumiu o comando político do Rio Grande do Norte em dobradinha com o DEM do senador José Agripino (RN), inimigo a ferro e fogo do lulismo e da presidenta Dilma.

Ordem na casa

O ex-ministro Luiz Paulo Barreto, secretário de Planejamento do governo do DF, convidou a advogada Mariana Delgado para assumir a Subsecretaria de Licitações e Compras. Quer pôr ordem na casa.

Investigação preservada

A senadora Kátia Abreu (PSD-TO) e o deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF) propuseram que sejam secretas as reuniões da CPI mista de Cachoeira com delegados e procuradores, como única maneira de ouvi-los preservando-se a investigação e o segredo de justiça. 

Gasparzinho mineiro

O MPF em Montes Claros instaurou inquérito civil contra o deputado Márcio Reinaldo (PP-MG). Ele é acusado de manter um funcionário fantasma, Ailton Neres. Em conversa com a coluna, o deputado inicialmente não se recordava do assessor. Depois lembrou. 

Inspiração

A Polícia Civil do DF chamou de Saint-Michel o desdobramento da Monte Carlo, de Cachoeira, porque é “bairro francês”. É um boulevard famoso em Paris, que não tem cassino nem construtora Delta.

Tempo de vacas obesas

Marco Aurélio Marrafon, assessor de Pedro Taques (PDF-MT) no Senado, e o advogado Pablo Malheiros estão com duas dezenas de processos envolvendo cartórios no Supremo Tribunal Federal.

Pensando bem...

...a causa honoris de Lula é provar que o mensalão não existiu. 

PODER SEM PUDOR

Reprodutor de votos

Candidato em 1968 à prefeitura de Barretos (SP), capital da agropecuária paulista, Cristiano de Carvalho era chamado de “velho” pelos adversários. Certo dia, num comício, alguém provocou: “fala mais alto, bagaço!”. Ele respondeu na bucha:

- Quero lembrar que sou candidato a prefeito, e não a reprodutor. Se a cidade quer um bom reprodutor, devem votar no outro. Mas se deseja um bom prefeito, votem em mim.

Ganhou a eleição.

DOMINGO NOS JORNAIS


Globo: Obras do metrô começam em junho e vão tumultuar Zona Sul
Folha: Com crise política e CPI, Dilma abre cofre a aliados
Estadão: Mesmo com juros em queda, estoque alto adia recuperação
Correio: Concursos públicos faturam R$ 50 bi
Zero Hora: Cachoeiras na cabeça
Estado de Minas: Zumbis ao volante

sábado, maio 05, 2012

Água gelada - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 05/05/12

Lula está sem nenhum movimento na perna esquerda. Vai intensificar a fisioterapia.

Aliás...

No fim da solenidade em que recebeu títulos de doutor honoris causa, no Rio, ontem, o ex-presidente se queixou da garganta.
Levou uma bronca de Dilma por beber água gelada.

Isto é Dilma

Veja um exemplo do jeito Dilma de ser. O powerpoint apresentadopelo ministro Guido Mantega com as novas regras para as cadernetas de poupança tinha como nome... “Versão 26”. Ou seja, a presidente pediu, acredite, mudanças em 25 projetos anteriores.

Delta à venda

O Palácio do Planalto recebeu algumas sondagens sobre como reagiria se a Delta fosse vendida ou passasse adiante os seus contratos para obras federais. O governo adorou a ideia.

Segue...

A Rádio Cimento diz que a Odebrecht é a mais forte candidata a receber o espólio da Delta. A conferir.

Lotação esgotada

Os hotéis do Rio tiveram ocupação de 90% no feriadão do Dia do Trabalho.

Mãe do Brasil
Eduardo Paes vai batizar uma maternidade que inaugura este mês, no Centro do Rio, de Maria Amélia Buarque de Hollanda (1910-2010), a mãe de Chico Buarque, Miúcha e da ministra Ana de Hollanda, entre sete filhos. Merece.

ESTA BELEZA de postal da natureza é obra do correspondente da turma da coluna no mundo dos bichos e das plantas do Rio, Laizer Fishenfeld. Repare que a garça, em seu voo gracioso, carrega no bico o peixe que acabou de pescar nas águas da Lagoa Rodrigo de Freitas. Uma pintura.

Ao natural
Pesquisa do site do canal de saliência Sexy Hot com 400 internautas mostrou que 58% preferem seios... sem silicone.

Modelos na moda

Primeiro foi Madonna que pescou por um tempo um modelo brasileiro, Jesus Luz. Agora, segundo a “Época”, a atriz Sharon Stone namora o modelo Martin Mica. É argentino, mas mora em Florianópolis.

Caso Oscar

Por ordem do TST, a CBF inscreveu ontem o jogador Oscar, pivô de disputa entre São Paulo e Inter, no clube gaúcho. Mas o diretor jurídico da entidade, Carlos Eugênio Lopes, diz que a liminar trará insegurança jurídica: — Os clubes poderão, a qualquer momento, perder um atleta em plena vigência do contrato de trabalho e sem qualquer indenização.

Xô, helicópteros!
Moradores da Zona Sul do Rio, num movimento que reúne 19 associações de bairros, vão promover um ato, amanhã, às 11h, em frente ao heliponto da Lagoa, contra o excesso de helicópteros no céu da cidade. Veja o cartaz do protesto, acima. A queixa é contra o sobrevoo em áreas residenciais e de proteção ambiental.

Corredor do Fórum

Dois adolescentes moradores de um condomínio de luxo na Barra foram condenados pela 5ª Câmara Cível do Rio a indenizar em R$ 20 mil uma vizinha já idosa, que teve o capô do carro pisoteado. Os menores alegaram que subiram para fugir de um cachorro bravo. Mas foram desmentidos por testemunhas. Entre elas, outro jovem envolvido, que fez acordo com a vovó. A relatora foi a desembargadora Zélia Machado.

Polêmica do baralho

São julgadas no Juizado Criminal da Barra, no Rio, nove pessoas presas em 2010 num jogo de pôquer na Associação Quebra- Mar de Texas Hold’em, no bairro. O que se discute é se pôquer é jogo de azar ou uma brincadeira.

Segue...

Os réus apresentaram laudo do perito Ricardo Molina e parecer do advogado Miguel Reale Jr., dizendo que o jogo “é de habilidade, não de sorte”. Há controvérsias.