05/2020
Perdoem-me por voltar ao assunto, mas é importante entender realmente o que fez o mundo parar.
Não foi o vírus.
Não foi um súbito “colapso da demanda”, nem “a falta de estímulos corretos”.
Da ótica da administração não se justifica todo esse desastre, só porque as empresas pararam de produzir por somente 45 dias.
Pensem bem.
Tampouco se justifica todos esses pacotes trilionários de estímulos, quando no fundo tiramos talvez 45 dias de férias, em 70% da economia.
Os bois estão engordando, e a soja está crescendo.
Afinal, muitas empresas param anualmente por 30 dias dando férias coletivas e nada acontece.
Eles devidamente preparam previamente estoques dos produtos que fabricam, e o setor atacadista supre o mercado nesse período.
O que realmente ocorreu é que colocaram o rei a nu, algo que venho alertando há anos.
Todo esse desastre foi deflagrado pela crônica falta de capital de giro próprio desde o capital de giro das famílias, até o capital de giro das empresas.
Cada família precisa acumular capital de giro próprio nos anos de vacas gordas, para enfrentar períodos sem entrada de recursos, por perda de emprego por exemplo.
No passado remoto estocávamos comida por sete anos, lembram-se?
Hoje, especialmente nas famílias onde a mulher também trabalha, algo recente, as chances de um ou outro perder o emprego dobra de probabilidade.
Ou seja, os 33% de americanos despedidos afetaram 55% das famílias. É muita gente.
O americano médio tem somente US$ 500 de liquidez imediata e só.
E essas mesmas famílias têm em média US$ 8.500 de dívidas só no cartão de crédito.
Ou seja, capital de giro negativo por família de US$ 8.000.
Isso num país onde a média tem mais de oito anos de “educação”.
Por isso as famílias imediatamente reduzem seu consumo, não por causa do vírus ou confinamento, mas por não terem reservas para uma emergência, como esta.
Param de comprar, atrasam pagamentos.
E aí entra uma espiral descendente, onde o setor varejista para de pagar o setor atacadista.
Isso porque também não possuem o capital de giro próprio suficiente para sobreviver nem mesmo 4 meses com vendas baixas.
O atacadista para de pagar o produtor, que também não tem o capital de giro próprio necessário para amortecer esse desequilíbrio.
O produtor por sua vez não paga o fabricante de peças.
Que para de pagar o setor de matéria prima, que para de pagar seus funcionários, e o ciclo se repete e piora.
Os vasos comunicantes embolam e param.
E posso lhes garantir que esses trilhões de “estímulos”, não chegarão onde precisam, muito menos para as empresas sem capital de giro, o cerne do problema.
Basta perceber que ninguém sabe qual a empresa que mais precisa de capital de giro próprio.
O FRED americano desde 1967 não calcula mais o CAPITAL DE GIRO das empresas americanas, nem percebeu que estava diante de um problema que estava piorando, e que por isso deveria ser acompanhado de perto.
Queda persistente que Melhores e Maiores também apontava desde 1964, e que sou o único que acompanha até hoje.
Lá como aqui, o Ministério da Economia está pilotando a economia às escuras, tanto quanto nossos Ministros da Saúde.
Tomam decisões equivocadas por não ter os dados certos para analisar o que ocorre na economia real.
O nível de capital de giro já estava estrategicamente muito baixo em 2019, aqui e nos Estados Unidos, colocando em risco a nossa Economia, algo que muitos que me seguem já sabem.
Não foi o vírus que gerou esse desastre econômico.
Foi a falta de capital de giro próprio suficiente para enfrentar essa crise, por parte das empresas e das famílias.
E o pior, no post mortem que será feito dessa crise por historiadores e economistas, tenho a absoluta certeza de que novamente não aprenderemos a lição.
Keynes sequer analisou a falta de capital giro próprio das empresas depois de três anos de recessão, sequer mencionou essa variável na sua Teoria do Emprego.
Por isso ninguém vai recomendar a partir de 2021 que famílias passem a pensar em termos de capital de giro necessário.
Nenhum livro de Economia vai propor que no futuro os governos tenham o capital de giro próprio necessário para enfrentar crises em vez de dívidas monstruosas.
Pegos de surpresa, economistas de governo vão manipular a contabilidade das nações, imprimindo e digitalizando moeda falsa a rodo.
Ao contrário daquilo que ensinamos em Administração Responsável das Nações.
“Nenhuma reserva pública pode terminar antes do término de uma recessão, senão a economia entrará em depressão.”
“Todo país e toda família devem acumular reservas financeiras adequadas como forma de proteção.”
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