Pandemia impôs um custo brutal ao setor. Em São Paulo, 117 mil estabelecimentos estão fechados
O governo prometeu, e fracassou. Está deixando para trás 16,3 milhões de empresas de micro, pequeno e médio portes que acreditaram no anunciado socorro oficial durante a emergência da pandemia. É um universo empresarial sobre o qual existe pouca luz e, em geral, sempre foi tratado com desdém na política econômica.
São dez milhões registrados como microempreendedores individuais (MEI, para a Receita Federal), um contingente que dobrou nos últimos cinco anos. Antes da crise provocada pelo novo coronavírus, conforme dados do Sebrae, oito em cada dez deles ganhavam acima de dois salários mínimos, com renda mensal domiciliar na média de R$ 4.400,00. Apenas uma minoria (24%) possuía fonte de renda além do trabalho em casa. Operavam, basicamente, em condições estruturais precárias — 68% não possuíam previsão de caixa para o mês seguinte.
Igualmente fragilizados estão os 6,3 milhões de pequenos e médios empresários (PMEs), mostra estudo recém-concluído do Google/IAT sobre os impactos da crise na vida brasileira. Juntas, essas pequenas e médias empresas são responsáveis por 52% dos empregos com carteira assinada no setor privado. Ou seja, constituem a fonte básica de renda para mais de 16 milhões de trabalhadores na economia formal, em todo o país.
A pandemia impôs um custo brutal para esse universo empresarial. Em São Paulo, por exemplo, 117 mil estabelecimentos comerciais estão fechados, segundo a Fecomércio. Foi interrompida, também, a cadeia de negócios na fronteira entre lojas e comerciantes informais — os ambulantes —, com perdas estimadas por dirigentes da Associação Comercial em quase R$ 1 bilhão por dia.
O drama se estende à pequena e média indústria paulista. Pesquisa Datafolha/Simpi com 181 indústrias, entre os dias 8 e 12 de maio, indica que a ampla maioria (86%) não tinha acesso ao crédito prometido pelo governo. Seis em cada dez estavam totalmente paradas ou com a maior parte do maquinário desligada — e sem qualquer auxílio estatal.
A crise está expondo a inoperância governamental em sua plenitude. Falha o prometido socorro às micro, pequenas e médias empresas, e malogra a assistência aos economicamente mais vulneráveis.
Antes da surpresa pandêmica, a burocracia impôs uma fila a dois milhões de pessoas com direito à aposentadoria. Com a disseminação do vírus criou-se outra fila, de dezenas de milhões, nos guichês da Caixa Econômica Federal. Em abril, o governo imaginava que teria de pagar R$ 600, temporariamente, a cerca de 25 milhões de “invisíveis” na economia. Em maio descobriu que são mais de 50 milhões, além dos inumeráveis sem qualquer tipo de registro em agências do Estado brasileiro.
Brasília precisa acordar e agir rapidamente na realidade de uma economia à beira do abismo. Sua ineficácia está ampliando a dimensão do desastre.
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