Justiça boa para Flávio Bolsonaro é aquela que tarda, mas não chega. Acusado de morder um pedaço dos contracheques dos assessores quando era deputado estadual no Rio de Janeiro, o primogênito do presidente da República ainda não foi capaz de exibir uma defesa. Mas tornou-se um ás da protelação. Já recorreu uma, duas, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove vezes.
O penúltimo recurso corre no Superior Tribunal de Justiça, o STJ. Nele, a defesa de Flávio alega novamente que o Coaf quebrou seus sigilos bancário e fiscal, repassando dados para o Ministério Público do Rio sem autorização judicial. Conversa fiada, contestam os promotores que cuidam do caso. Segundo eles, faltam lógica e fundamentação jurídica ao recurso do Zero Um.
Ao julgar recurso anterior de Flávio, em novembro do ano passado, o Supremo Tribunal Federal decidiu que a comunicação entre Coaf e órgãos de controle dispensa autorização judicial. Os dados sobre as operações suspeitas foram compartilhados pelos canais legais. "Não houve qualquer solicitação de informações ao Coaf por e-mail", sustenta o Ministério Público.
Por uma trapaça da sorte, o recurso de Flávio foi à mesa do ministro Félix Fischer, um dos mais implacáveis magistrados do STJ. Não há prazo para a apreciação do pedido de interrupção da investigação. Pivô do caso, o faz-tudo da família Bolsonaro, Fabrício Queiroz, continua vivendo em regime de auto-quarentena. Esse é o único isolamento social que conta com a aprovação de Jair Bolsonaro.
A tenacidade com que Flávio foge de um veredicto vai roendo o benefício da dúvida. O filho mais velho do presidente é presumido culpado até que prove algum interesse em se defender.
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