Os eleitos dissidentes com origem em movimentos de renovação cumpriram importante dever cívico ao se envolver com a política e contribuíram com o País ao votar pela reforma da Previdência, mas erraram ao fazer a escolha partidária. Erraram ainda mais os que usaram recursos públicos para financiar suas campanhas.
No final de 2010, quando junto com um pequeno grupo de pessoas resolvemos construir um partido político, não imaginávamos o trabalho e a burocracia envolvidos. Tínhamos, contudo, algumas convicções: os 27 partidos existentes naquele momento não nos representavam. Queríamos deixar um País melhor para as futuras gerações, precisávamos promover a renovação de nomes e práticas na política e sabíamos que isso só seria possível com visão de longo de prazo e por intermédio de uma instituição partidária.
É com esta experiência que gostaria de tecer alguns comentários sobre a discussão atual envolvendo movimentos, partidos e mandatários dissidentes.
Os partidos, como instituições, têm não só o direito, mas a obrigação de definir seus procedimentos, as suas práticas e seus valores.
O que precisamos cobrar das agremiações partidárias é coerência e transparência. Portanto, um dever fundamental de quem deseja se eleger, principalmente para renovar a política, é conhecer as normas, as práticas e os posicionamentos da legenda pela qual irá se candidatar.
Os atalhos têm custo. Os mandatários, hoje dissidentes e que tiveram origem em movimentos de renovação, cumpriram um importante dever cívico ao se envolverem com a política e contribuíram para a melhoria do País ao votarem pela reforma da Previdência, mas erraram ao fazerem a escolha partidária. Erraram ainda mais aqueles que utilizaram recursos públicos destes partidos para financiar as suas campanhas.
A formação de grupos organizados pela sociedade civil é muito bem-vinda e demonstra como estamos evoluindo rapidamente na nossa participação como cidadãos. Entretanto, os movimentos em nome da transparência e da coerência precisam deixar claro quais são seus objetivos.
Se, além de trazer gente nova para o setor público, treinar e dar suporte para eventuais candidatos, também pretendem participar da atuação política com uma “bancada” no Congresso, defendendo pautas próprias, precisam se transformar em um partido.
O caminho correto para a atuação política, quando não encontramos uma instituição partidária que nos represente, é constituir uma nova. Façam como o movimento que deu origem ao NOVO: montem um partido, tenham uma ideologia clara com princípios e valores, não utilizem dinheiro público, deem transparência às suas fontes de recursos, realizem processo seletivo para a escolha dos seus mandatários, não misturem a gestão partidária com a gestão pública, exijam ficha limpa de todos os filiados, não tenham comissões provisórias e implementem ainda todas as outras mudanças que criticam nos partidos tradicionais.
Não é fácil, não é simples e não é rápido, mas é assim que teremos uma renovação de fato. Precisamos valorizar as instituições. Elas são fundamentais em um Estado de Direito e não existe mudança sustentável sem as mesmas. O caminho da mudança implica em assumirmos o protagonismo e em demandarmos liberdade, e não mais interferência estatal. A montagem de um partido, apesar da burocracia, está aberta a todos. É possível, o NOVO provou isso.
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