Reformas pedidas pelo governo são essenciais para viabilizar políticas demandadas pela oposição
Desde 2013, a sociedade escolheu as ruas para manifestar a sua insatisfação com os desmandos na política pública e a longa crise econômica.
A polarização extremada dificulta o diálogo, estimula o confronto disfuncional e resulta na paralisia decisória. Por vezes, parece mais fácil impedir um presidente do que aprovar as reformas para retomar o crescimento econômico.
As manifestações recentes, porém, indicam que algum otimismo é devido.
Após a eleição, alguns achavam que bastavam poucas reformas para superar as dificuldades e que a legitimidade do novo Executivo bastaria para resgatar o crescimento econômico. Estavam errados. A dificuldade em dialogar e em construir consensos tem dificultado coordenar uma agenda de reformas para interromper o crescimento acelerado dos gastos públicos.
A boa notícia é que a população se mobiliza. A sociedade, de ambos os lados, defende mudanças.
Na quarta-feira, 15 de maio, houve manifestações em inúmeras cidades defendendo a educação. Elas foram chamadas pela oposição ao atual governo. Em um país que durante tanto tempo tratou a educação como tema menor, e exclusivo da elite, trata-se de boa notícia.
Nos anos 1950, defendíamos que “o petróleo é nosso” enquanto 7 de cada 10 crianças de 7 a 14 anos estavam fora da escola.
Felizmente, os tempos mudaram e a oposição foi às ruas defender a educação. Há muito a fazer para que avancemos na agenda da melhoria da qualidade do ensino. Os jovens precisam sentar nos bancos escolares e aprender.
Infelizmente, muitos da oposição ainda optam pelo populismo que nega as restrições fiscais e fazem vistas grossas a que, com as atuais regras da Previdência, não há recursos para pagar as políticas públicas em áreas essenciais, como educação.
No último domingo (26), foi a vez de parte dos apoiadores do atual governo irem às ruas. Alguns optaram por ficar em casa apesar de apoiar a agenda de reformas com receio das manifestações autoritárias que, infelizmente, ocorreram no evento.
Não obstante, a dimensão do movimento não foi pequena e há o que celebrar. Os manifestantes defenderam a reforma da Previdência e reconheceram que a situação fiscal é crítica.
A sociedade se engaja no debate público e defende reformas em uma vibrante democracia, ainda que repleta de riscos.
A polarização extremada pode levar ao confronto que nega o diálogo e a política. Preocupa-nos a crítica atrapalhada que parece não saber muito bem quem são os aliados. Rodrigo Maia é hoje o ator político mais efetivo na construção de pontes e tem trabalhado pela reforma da Previdência.
A resistência às reformas encontra-se em outro lugar, e os apoiadores do governo deveriam saber que há críticos construtivos assim como há apoiadores oportunistas.
Ruídos à parte, o fato positivo é que os grupos organizados foram às ruas, da oposição e do governo, refletindo o cansaço com a crise continuada e a paralisia decisória. Os desempregados não podem esperar.
São muitos os exemplos da ideologização disfuncional. Houve, de um lado, a devolução dos boxeadores cubanos, o apoio explícito do petismo ao chavismo, e o asilo para Cesare Battisti. De outro, houve as trapalhadas do atual Ministério da Educação, os tuítes do presidente, ou palavras de ordem como “meninos usam azul e meninas rosa”.
Talvez a população tenha se convencido de que o extremo, de um lado ou de outro, nos leva a um beco sem saída. Talvez do cansaço com a paralisia decisória surja uma agenda que permita a retomada do crescimento com geração de renda e emprego. As novas gerações merecem um futuro melhor do que o que recebemos dos nossos pais.
As reformas pedidas pelo governo são essenciais para viabilizar as políticas demandadas pela oposição.
Paulo Hartung é ex-governador do Espírito Santo (2003-2010 e 2015-2018); Marcos Lisboa é presidente do Insper, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda (2003-2005) e doutor em economia; Samuel Pessôa é pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (FGV), sócio da consultoria Reliance e doutor em economia pela USP
Desde 2013, a sociedade escolheu as ruas para manifestar a sua insatisfação com os desmandos na política pública e a longa crise econômica.
A polarização extremada dificulta o diálogo, estimula o confronto disfuncional e resulta na paralisia decisória. Por vezes, parece mais fácil impedir um presidente do que aprovar as reformas para retomar o crescimento econômico.
As manifestações recentes, porém, indicam que algum otimismo é devido.
Após a eleição, alguns achavam que bastavam poucas reformas para superar as dificuldades e que a legitimidade do novo Executivo bastaria para resgatar o crescimento econômico. Estavam errados. A dificuldade em dialogar e em construir consensos tem dificultado coordenar uma agenda de reformas para interromper o crescimento acelerado dos gastos públicos.
A boa notícia é que a população se mobiliza. A sociedade, de ambos os lados, defende mudanças.
Na quarta-feira, 15 de maio, houve manifestações em inúmeras cidades defendendo a educação. Elas foram chamadas pela oposição ao atual governo. Em um país que durante tanto tempo tratou a educação como tema menor, e exclusivo da elite, trata-se de boa notícia.
Nos anos 1950, defendíamos que “o petróleo é nosso” enquanto 7 de cada 10 crianças de 7 a 14 anos estavam fora da escola.
Felizmente, os tempos mudaram e a oposição foi às ruas defender a educação. Há muito a fazer para que avancemos na agenda da melhoria da qualidade do ensino. Os jovens precisam sentar nos bancos escolares e aprender.
Infelizmente, muitos da oposição ainda optam pelo populismo que nega as restrições fiscais e fazem vistas grossas a que, com as atuais regras da Previdência, não há recursos para pagar as políticas públicas em áreas essenciais, como educação.
No último domingo (26), foi a vez de parte dos apoiadores do atual governo irem às ruas. Alguns optaram por ficar em casa apesar de apoiar a agenda de reformas com receio das manifestações autoritárias que, infelizmente, ocorreram no evento.
Não obstante, a dimensão do movimento não foi pequena e há o que celebrar. Os manifestantes defenderam a reforma da Previdência e reconheceram que a situação fiscal é crítica.
A sociedade se engaja no debate público e defende reformas em uma vibrante democracia, ainda que repleta de riscos.
A polarização extremada pode levar ao confronto que nega o diálogo e a política. Preocupa-nos a crítica atrapalhada que parece não saber muito bem quem são os aliados. Rodrigo Maia é hoje o ator político mais efetivo na construção de pontes e tem trabalhado pela reforma da Previdência.
A resistência às reformas encontra-se em outro lugar, e os apoiadores do governo deveriam saber que há críticos construtivos assim como há apoiadores oportunistas.
Ruídos à parte, o fato positivo é que os grupos organizados foram às ruas, da oposição e do governo, refletindo o cansaço com a crise continuada e a paralisia decisória. Os desempregados não podem esperar.
São muitos os exemplos da ideologização disfuncional. Houve, de um lado, a devolução dos boxeadores cubanos, o apoio explícito do petismo ao chavismo, e o asilo para Cesare Battisti. De outro, houve as trapalhadas do atual Ministério da Educação, os tuítes do presidente, ou palavras de ordem como “meninos usam azul e meninas rosa”.
Talvez a população tenha se convencido de que o extremo, de um lado ou de outro, nos leva a um beco sem saída. Talvez do cansaço com a paralisia decisória surja uma agenda que permita a retomada do crescimento com geração de renda e emprego. As novas gerações merecem um futuro melhor do que o que recebemos dos nossos pais.
As reformas pedidas pelo governo são essenciais para viabilizar as políticas demandadas pela oposição.
Paulo Hartung é ex-governador do Espírito Santo (2003-2010 e 2015-2018); Marcos Lisboa é presidente do Insper, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda (2003-2005) e doutor em economia; Samuel Pessôa é pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (FGV), sócio da consultoria Reliance e doutor em economia pela USP
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