O excesso de burocracia, as restrições das práticas trabalhistas e as barreiras impostas por grupos de interesses corporativos são poderosos obstáculos à melhoria das condições de vida da população. “As diferenças de produtividade, de níveis de salário e de padrões de vida entre os países são enormes. Resultam essencialmente de políticas específicas aplicadas por seus governantes que dificultam os negócios, restringem a criação de empregos e o uso mais eficiente dos recursos produtivos pelas empresas. Essas políticas são como barreiras ao enriquecimento, derrubando a produtividade dos fatores de produção e o nível de renda do país”, explica o Prêmio Nobel em Economia Edward Prescott, em “Barriers to riches” (2000).
O milagre do crescimento acelerado do Japão e dos Tigres Asiáticos no passado, bem como o milagre atual de retardatários como a China, a Índia e alguns países do Leste Europeu, revelam essa persistente remoção de obstáculos em busca de um melhor funcionamento dos mercados. “É sempre mais fácil copiar e adaptar técnicas já existentes do que inovar e ampliar as fronteiras do conhecimento, das tecnologias e dos métodos de gestão”, revela Prescott. A excelente notícia para o Brasil é que, quanto mais impeditivas tenham sido as barreiras das regulamentações e por quanto mais tempo tenham prevalecido esses obstáculos burocráticos, mais formidável o milagre econômico possível. Esse foi um lubrificante dos históricos episódios asiáticos de crescimento exuberante.
O Brasil pode dar fôlego extra ao atual fenômeno de recuperação cíclica e acelerar sua retomada de crescimento com reformas de desburocratização, desregulamentação e remoção do lixo legislativo que protege privilégios de grupos corporativos contra os interesses do país. A desestatização do mercado de crédito, as privatizações e as concessões vão aumentar a eficiência na alocação de recursos e contribuir para a aceleração do crescimento. A sinalização de reformas melhorando o ambiente de negócios já colocaria o país em ritmo de crescimento antes mesmo de acelerarmos o ritmo de acumulação de capital físico (máquinas e equipamentos, infraestrutura, instalações industriais) e dos investimentos em capital humano (educação) e pesquisa (inovações tecnológicas).
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