SÃO PAULO - Preço é informação. Quando o tomate fica mais caro, os produtores podem estar sinalizando que houve problemas na safra. A alta também pode ter como causa um súbito desejo da população por devorar grandes quantidades do vegetal, caso em que os consumidores estão avisando os agricultores que eles vão se dar bem. Em qualquer hipótese, as informações contidas no preço permitem que as pessoas se posicionem melhor para satisfazer suas necessidades.
Se o preço cai muito, o produtor pode deixar de plantar tomates para cultivar abobrinhas. Já os consumidores podem, diante de uma alta, procurar substitutos para esse fruto. Pimentões são uma boa alternativa.
Quando o governo interfere num preço praticado entre agentes privados, ele introduz ruídos no fluxo de informações. Precisaria, portanto, ter excelentes motivos para fazê-lo —o que raramente é o caso.
Soam particularmente destrambelhadas as tentativas de órgãos de defesa do consumidor, liderados pelo Ministério da Justiça, de impedir casas noturnas de cobrar preços diferenciados de homens e mulheres.
Empresários usam o valor do ingresso para informar o público qual é o tipo de gente que falta no evento e, com isso, atrair as pessoas certas, tornando a festa mais prazerosa para os frequentadores e rentável para os organizadores. Todos ganham. Como ninguém depende de ir a boates para sobreviver, e a política de preços tende a ser anunciada com transparência, não há aqui nenhuma das falhas de mercado que poderiam em tese justificar uma intervenção das autoridades. O argumento de que a diferenciação objetifica e degrada as mulheres parece abstrato demais para contrapor-se à concretude do desconto que elas ganham.
Sempre que o governo interfere sem motivo em preços, ele falseia a livre troca de informações entre produtores e consumidores —o que não deixa de ser uma forma de censura.
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