Cascais, Portugal - A Lava Jato acertou na veia prendendo Guido Mantega, mas, infelizmente, movido por sentimento humanitário, o juiz Sergio Moro revogou a prisão do ex-ministro da Fazenda de Lula. É uma pena, pois Mantega, que ficou quase dez anos no cargo nos governos petistas, tem muita coisa para falar sobre a corrupção do partido e o dinheiro que ele desviou das empresas públicas para a candidatura dos ex-presidentes. Mantega, como se sabe, foi o responsável pela derrocada econômica do Brasil e um dos principais lobistas da indústria automobilística. Além disso, atuou diretamente no perdão das dívidas de bilhões de reais de grandes empresas sonegadoras da Receita Federal.
Eike Batista, ao depor para os procuradores da Lava Jato, não deixou dúvidas sobre a participação de Mantega nas mutretas petistas. Disse, com todas as letras, que Guido Mantega solicitou que ele colaborasse com 5 milhões de reais para a campanha da Dilma. Mais da metade dessa fortuna, segundo Eike, chegou às mãos do marqueteiro João Santana e da sua mulher Mônica, no exterior, a pedido do ex-ministro no período pós-eleitoral.
O depoimento de Eike levou Guido para a prisão, mas ele não chegou a testar o chão frio da cela nem dormir numa cama de cimento porque o juiz Sergio Moro compadeceu-se do fato da mulher dele está se submetendo ao tratamento de câncer no hospital Albert Einstein.
Mais uma vez, os ministros do STF divergiram quanto a prisão. Gilmar Mendes, o contestador, falou que o ato foi “constrangedor”. Já Celso Melo não viu exagero na decisão de Sergio Moro de pedir a prisão do ex-ministro. Segundo o decano do STF, um dos mais respeitados do tribunal, mandado de prisão não escolhe local ou hora para ser executado, portanto, nada foi ilegal, tudo constitucional, como reza a lei.
Apesar da divergência dos dois ministros do STF, o fato é que a prisão de Mantega já deveria ter acontecido há mais tempo, desde que a PF provou a sua participação na operação Zelotes que tinha como objetivo “anistiar” multas bilionárias de empresários sonegadores. Mantega e também Palocci foram ministros da Fazenda danosos à nação, irresponsáveis, incompetentes e intermediários de dinheiro sujo para as campanhas do Lula e da Dilma. Palocci, inclusive, foi denunciado por um caseiro por promover bacanais em uma casa de luxo em Brasília, alugada com dinheiro público. Nas duas vezes em que deixou o ministério foi por envolvimento em atos de corrupção.
Os petistas, mais uma vez, estão indignados com as decisões dos procuradores da Lava Jato. No caso da prisão de Mantega, o presidente do partido, o fundamentalista Rui Falcão, falou em um ato desumano, seguido por Lula que trilhou o mesmo caminho para condenar a prisão. Ora, sejamos menos hipócritas: ao decretar a prisão de Mantega ninguém sabia que a mulher dele no mesmo dia estaria fazendo exames pré-operatórios, portanto, nem os procuradores nem a Polícia Federal cometeram algum ato de truculência. E a reparação foi imediata: Moro, por compaixão cristã, revogou a prisão do marido quando soube da enfermidade da mulher.
A prisão de Mantega pode levar a Lava Jato a puxar o fio do novelo que falta para esclarecer a ligação de Lula com Eike. O ex-presidente virou lobista de luxo do empresário e foi visto várias vezes na companhia dele depois que largou o governo. Em uma dessas aparições, ele viajou no avião de Eike para vistoriar seus empreendimentos financiados com dinheiro subsidiados do BNDES. Lula também ajudou o bilionário a conseguir grandes obras da Petrobrás com contratos e licitações fraudulentas. No depoimento aos procuradores, Eike deixa claro que contribuiu para as campanhas do PT. Citou apenas os R$ 5 milhões. Falta revelar o montante das propinas distribuídas nos mais de dez anos para alimentar o PT no poder. Os procuradores esperam que o Eike abra o jogo se não quiser passar o resto dos dias na cadeia.
Agora, como evangélico, o empresário precisa confessar seus pecados se quiser alcançar o reino do céu.
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