BRASÍLIA - Ao voltar da China, Michel Temer começará, de fato, seu governo. Sem as incertezas da interinidade, terá de mudar de estilo. Governar e não ser governado é o que muitos esperam dele.
Sua fala na reunião ministerial, logo depois que tomou posse definitivamente do comando do país, indicou sua maior disposição de governar do que ser governado pelas circunstâncias e pelos apoiadores.
Mandou recados duros aos aliados que flertam com a infidelidade, como os que deram um doce à petista Dilma Rousseff no julgamento do impeachment ao poupar seus direitos de ocupar funções públicas. Foi além. Disse aos insatisfeitos que desembarquem logo na saída.
Temer, se não quiser repetir o final de mandato melancólico de Sarney, não poderá ficar apenas no discurso. Terá de enfrentar temas espinhosos: limitar gastos e fazer as reformas da Previdência e trabalhista.
Iniciativa de propor, ele já indicou que tem. O difícil será convencer seus aliados no Congresso, que ainda parecem sonhar com a fantasia do período dilmista, quando se gastava sem conexão com a realidade.
O fato é que a arte de governar demanda firmeza, algo que andou um pouco em falta na interinidade, mas Temer sinalizou, antes de zarpar para China, que está disposto a vestir este figurino a partir de agora.
Enfim, o destino e a repulsa de boa parte da classe política à petista Dilma Rousseff entregaram a Temer a missão de governar o Brasil. Não é tarefa fácil, num país tomado por corporações, minorias que sugam a maior parte dos recursos dos contribuintes em detrimento da maioria.
Mas governar é isto. Colocar o essencial como inegociável e mostrar a todos sua coragem de defender o interesse da maioria, sem desprezar toda e qualquer minoria.
Uma boa dica, nesta largada, é evitar o risco de tropeçar nas palavras. Mais de 40 foram às ruas neste domingo. E eles fazem parte do Brasil que Temer terá de governar.
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