Chorar tem sido uma tocante forma de expressão na Rio-2016. Chora-se ao ganhar ou perder. Não estamos lidando somente com superatletas, mas com seres humanos na sua insuspeitada fragilidade. Na segunda-feira (8), a judoca Rafaela da Silva recebeu a medalha de ouro ao derrotar a lutadora mongol e chorou no pódio. A premiação redimia Rafaela de fundas humilhações no passado — uma delas por ter sido desclassificada em Londres-2012 e vítima de boçais agressões nas redes antissociais.
No domingo (7), outra judoca, Majlinda Kelmendi, também chorou ao receber o ouro e se tornar a primeira medalhista de Kosovo, país que só há pouco conquistou sua independência — aliás, ainda não reconhecida pelo Brasil. Já o sérvio Novak Djokovic, tenista nº 1 do mundo e campeão de quase tudo que disputou, foi eliminado no torneio de simples pelo argentino Juan Martín del Potro e saiu chorando como um principiante que visse seu mundo cair.
Foi o que deve ter sentido a esgrimista brasileira Marta Baeza ao ver rompido o ligamento do joelho esquerdo, ser obrigada a abandonar a luta contra a campeã polonesa e dar adeus à Rio-2016. Na tela, seu choro em close e em câmera lenta refletia mais do que a dor física.
Outro choro, talvez o primeiro desta Olimpíada, foi o do nadador boliviano José Quintanilla, 19, ao simplesmente desfilar na cerimônia de abertura no Maracanã, na sexta-feira (5) — ele que, em sua cidade na Bolívia, não tem uma piscina de 50 m para treinar. E também comovente foi o choro do nosso ginasta Diego Hypólito. Ao ajudar, talvez pela última vez, a levar o Brasil ao seu melhor resultado na ginástica por equipe, suas lágrimas lavaram as derrotas em duas Olimpíadas anteriores.
A ver se, nesta quarta (10), teremos lágrimas na seleção masculina de futebol contra a Dinamarca. Nem que sejam de vergonha.
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