Folha de S.Paulo - 21/05
Cenário 1- Michel Temer chega a uma semana de governo com o peso de anos. Entregou à sociedade que busca estabilidade conjugada com mudança uma Esplanada que mais parece saída de um cenário infernal pintado por Bruegel.
Fez escolhas estranhas e viu a ministrada deitar falação só para recuar após a repercussão. Errou na simbologia, ignorando gênero e raça.
Comprou briga que poderia ser posterior na cultura, ainda mais com aquela categoria específica de cineastas pernambucanos subsidiados, a quem nunca repugna a faca dos cineastas pernambucanos subsidiados.
Pior, a boa equipe econômica está à mercê do monstrengo criado para garantir a tramitação de suas medidas, tendo de engolir coisas como o líder na Câmara. É uma hidra inconfiável, com várias cabeças saindo de um corpo que une Cunha a Renan.
Cenário 2 - Michel Temer chega a uma semana de governo fazendo o possível com o que tem à mão, sem o crédito que uma eleição consagradora garantiria -Dilma-2 que o diga.
A área econômica promete uma racionalidade não vista há anos, e tem candidatos a estrelas em vários postos. Terá dificuldades quando o teste da realidade no Congresso chegar, mas para isso Temer montou um ministério de viés parlamentar, com os problemas óbvios da miserável qualidade de nossa representação e do sistema político em si.
Começou a quebrar o aparelhamento petista. Simbolicamente, mudou para melhor o tom da política externa, embora na prática a coisa esteja sendo sentida mesmo nas edições do "Diário Oficial" e na revisão de gastos com bizarrices como blogs governistas (se não surgirão os "blogs temeristas" é algo a ver).
Todas as afirmações acima são reais. O grau de sucesso ou de fracasso de Temer reside na habilidade de fazer conviver o lobo e o cordeiro que coabitam no governo. Não será fácil.
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