CORREIO BRAZILIENSE - 20/05
A oportunidade de o Brasil recuperar o tempo perdido no comércio externo se anuncia com a nova política externa delineada pelo Ministério das Relações Exteriores, dentro da estratégia de transformar os negócios comerciais com os países em uma das principais variáveis para a volta do crescimento econômico. Ao abandonar a política de matiz ideológica - o chamado bolivarianismo -, o Itamaraty sinaliza que o governo tem a obrigação de colaborar com a iniciativa privada no sentido de não poupar esforços para a abertura de mercados, seguindo o modelo de parcerias ora negociadas na Ásia e no Atlântico Norte.
A reinserção plena do Brasil no comércio externo, além de contribuir mais para o saldo positivo da balança comercial, atrairá mais investimentos externos tão necessários à recuperação da economia. Pela política traçada pelo novo governo, o país tem de se preparar para uma abertura comercial que torne o setor produtivo mais competitivo, por meio de acesso a bens de capital, tecnologia e insumos importados.
O documento Agenda para o Desenvolvimento, em que o PMDB lançou as bases do programa de governo do presidente em exercício, Michel Temer, defende "a inserção plena da economia brasileira no comércio internacional, com maior abertura comercial e busca de acordos regionais de comércio em todas as áreas relevantes - EUA, União Europeia e Ásia - com ou sem a companhia do Mercosul, embora preferencialmente com ele".
Com as novas diretrizes, as decisões relativas ao comércio exterior serão despolitizadas e não sofrerão qualquer influência político-partidária, como vinha ocorrendo nos últimos 13 anos, e a definição das políticas do setor visarão, única e exclusivamente, a defesa do interesse nacional. Assim, será pautada a estratégia de negociação comercial.
A mudança implica abandonar as negociações tradicionais baseadas na supressão de tarifas e partir para acordos comerciais e regionais, na busca da coerência e convergência regulatória - grandes desafios para a integração comercial na América do Sul. Na realidade, o Mercosul não acompanhou as mudanças globais, paralisado pela míope política bolivariana, isolou-se e, agora, corre contra o tempo para implementar uma agenda de negociações comerciais que inclua os países desenvolvidos. Ou adota essa nova postura, ou continuará irrelevante no concerto das nações.
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