O GLOBO - 17/10
Depois que perderam as mordomias dos jatinhos da FAB e passaram a embarcar em voos normais das companhias aéreas, como parte do ajuste fiscal, os ministros de Estado começaram a sentir na pele a impopularidade do governo junto aos passageiros comuns.
Esta semana, por exemplo, o ministro dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues, só consegui evitar um incidente graças a uma admirável presença de espírito. Sentado numa das primeiras fileiras do voo, Rodrigues era cumprimentado pelos parlamentares que embarcavam pelo aceno “olá, ministro!”. Uma passageira, vendo a cena, não se conteve e se dirigiu ao ministro, já de dedo em riste:
— Não me diga que o senhor é ministro desse governo?!
E Antônio Carlos Rodrigues, a essa altura, abaixa o jornal que fingia ler, para na verdade tentar cobrir o rosto, e responde com a maior tranquilidade:
— Não! É apelido!
Bandeirada
O mais contundente discurso de Dilma, em quase cinco anos de governo, feito esta semana na CUT, não foi de improviso, mas lido.
Perguntei à minha comadre implicante, que conhece tudo de poder, se o texto era da lavra da própria presidente e ela, na bucha:
— Rosseto!
Quis eu, então, saber o motivo de tanta certeza.
— Pela forma entusiasmada com que ele aplaudiu.
Cabeça
Na conversa com Jaques Wagner, Cunha insinuou que, enquanto Cardozão estiver na Justiça, ele entenderá como um recado de que o governo está por trás da Lava-Jato.
Prazo
Não por isso que Cardozão pode sair. Ele se deu um prazo de até novembro. Independentemente do tratamento médico a que está sendo submetido.
Três erros
Um conhecedor profundo do PMDB, de Eduardo Cunha e da política em geral enumera três erros graves que teriam sido cometidos pelo presidente da Câmara:
1. falou demais; 2. meteu-se em assuntos que não lhe diziam respeito; 3. julgou-se muito poderoso.
Infantilidade
O mesmo sábio considera que a oposição jogou fora uma janela de oportunidade para o impeachment ao se aventurar numa completa impossibilidade: derrubar Dilma Rousseff e Eduardo Cunha ao mesmo tempo.
Corre-corre
Numa terça-feira que antecedeu uma viagem sua ao exterior, Levy confidenciou ao presidente da FGV, Carlos Leal, que entregaria o cargo a Dilma.
E o fez!
Mas a presidente mobilizou o mundo.
E Levy ficou!
Lambança
Um ex-ocupante da cadeira de Levy o enxerga cada dia mais parecido com ministros da Fazenda de Sarney.
— Ele foi chamado para montar um time de basquete. Agora, Lula e Dilma querem que o time jogue vôlei.
Vidente
Irritado por Levy não estar prestando atenção na sua inquirição, Rodrigo Maia descontou na Dilma:
— Ministro, preste atenção! Olhe nos meus olhos: a sua presidente cai agora ou, no máximo, em março que vem.
Quem respondeu foi o petista Chico D’Ângelo, para o delírio dos governistas:
— Falou a mãe Dinah!
Blindagem
Henrique Meirelles seria opção do empresariado para o lugar de Levy, mas num eventual governo Temer.
Para evitar o Serra, que já se comporta como tal.
Arrocho
Com medo de novos vazamentos, a força-tarefa da Operação Zelotes apertou a segurança: telefones foram trocados e documentos transferidos para salas com proteção maior.
O escândalo de compra de sentenças no Carf não tinha tanta visibilidade quanto a Lava-Jato, mas a expectativa é que isso mude quando começar a aparecer mais políticos nas denúncias. E chegar ao STF.
‘Coisa boa’
Vai começar a insonia de Renan e Delcídio.
E ela se chama Fernando Baiano.
Já era tempo. Parecia que a lista dos 37 de Janot só tinha o meu Eduardo Cunha.
( Será que estou sofrendo da “síndrome de Estocolmo” pelo meu algoz de 15 processos e muitos xingamentos? )
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