FOLHA DE SP - 16/09
RIO DE JANEIRO - Quando se trata de se superar e desafiar o impossível, o ser humano não sossega. Graças à internet, nunca vimos tantas modalidades de façanhas quase suicidas a que as pessoas estejam se expondo –e, não se sabe como, saindo vivas e vitoriosas. De tão absurdas, elas são muito difíceis de descrever. É ver para crer.
Há o vídeo do brasileiro que saltou de um penhasco em Maggia, na Suíça, de 60 metros de altura, numa piscina natural com oito metros de profundidade. Sessenta metros equivalem a dois Cristos Redentores ou um prédio de 20 andares. Uma câmera acoplada ao capacete faz com que mergulhemos com ele. Mais impressionante ainda é o do austríaco que –sem vara, cintos ou qualquer proteção– atravessou numa slack line (uma fita de um palmo de largura) os 200 metros de um lado ao outro de um desfiladeiro em Yosemite, na Califórnia, também a 60 metros de altura.
E o surfista americano que enfrentou as ondas gigantes do Taiti com uma roupa em chamas, e disse que vai tentar de novo porque, desta vez, chamuscou as pestanas e sobrancelhas? E, também no Taiti, o surfista australiano que varou as mesmas ondas numa moto com uma prancha sob as rodas e, apenas para garantir a estabilidade, dois esquis laterais?
Mas tudo isso é fichinha diante do dilema à frente de Lula neste momento, em termos de sobrevivência política. Com Dilma sangrando na Presidência e o PT ainda insepulto, suas chances de voltar em 2018 são nulas. Sua única saída é a oposição. Mas Lula não pode ser contra sua própria criatura. O impeachment de Dilma seria o ideal: permitiria que ele falasse em golpe e o devolveria ao seu único discurso, o do nós contra "eles". Ao mesmo tempo, sair do poder desprotegerá vários de seus homens e poderá finalmente expô-lo.
Saltar do penhasco parece mais fácil.
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