O GLOBO - 11/10
As negociações para que a candidata terceira colocada, Marina Silva, una-se à campanha de Aécio Neves neste segundo turno da eleição presidencial, chancelando uma decisão que já foi tomada pela maioria de seus eleitores, podem ter um final feliz neste fim de semana se prevalecer o entendimento em torno de pontos programáticos que estão sendo discutidos pelos dois grupos.
Ambos estão tratando o assunto com muita delicadeza, pois não querem constranger a outra parte e desejam que a união, se ocorrer, faça-se em torno de pontos de acordo que signifiquem avanços no que seria uma unidade para dar ao país um governo progressista que ressalte o melhor do espírito da social democracia encarnada pelo PSDB.
Marina tem deixado claro que não tem interesse em derrotar o PT apenas para vencer a disputa eleitoral, por vingança contra a presidente Dilma pela maneira com que foi tratada na campanha eleitoral, mas para proporcionar ao seu partido de origem condições de rever seus erros e retornar às suas raízes, que teriam, na visão dela, sido perdidas nas disputas políticas dos últimos anos.
Ela vê no momento em que o PSDB chega ao segundo turno a chance de os tucanos ressaltarem seus laços sociais, que deram origem ao Plano Real e a diversas ações para a criação do que Fernando Henrique chamava à época de "rede de proteção social". Dentro desse espírito, foram criadas a Bolsa Escola, o Auxílio Gás, o Bolsa Alimentação e o Auxílio Alimentação, que originaram o Bolsa Família quando o governo Lula, por sugestão do governador tucano Marconi Perillo, unificou esses programas.
A preocupação dos dois lados durante as negociações foi sempre enfatizar que acordos estavam sendo negociados em torno de programas, e não de cargos ou futuras posições num eventual governo. Marina, por seu lado, tem ressaltado em conversas nos últimos dias, inclusive com membros do PSDB, que não faria nunca um acordo político que não fosse baseado em políticas públicas, e que não se coloca como dona das melhores práticas nem das melhores ideias.
Quer apenas salientar que um acordo programático como o que está sendo costurado será um avanço na negociação política no país, e que tanto ela quanto Aécio Neves têm o mesmo objetivo, que é o de unir forças para fazer as mudanças de que o país necessita. Ela sabe que o resultado das urnas deu a Aécio Neves a primazia das propostas, e apresentou sugestões que, a seu ver, ressaltarão o empenho social do PSDB.
A união nessas bases servirá também para que a campanha do tucano rebata as acusações que vêm sendo feitas pela candidata Dilma, colocando a disputa como sendo entre pobres e ricos, Norte e Nordeste contra Sul e Sudeste. O resultado das eleições desmente essa visão simplista do que saiu das urnas, como analisa o cientista político Cesar Romero Jacob, da PUC do Rio de Janeiro. Ele e sua equipe desenvolveram um trabalho de análise dos resultados eleitorais com base na divisão geográfica dos votos e têm um banco de dados das eleições presidenciais desde a redemocratização do país em 1989.
Se a geografia do voto petista se alterou radicalmente de 2002 para 2010, a da recente eleição presidencial é bastante semelhante à anterior, em que Dilma foi eleita pela primeira vez. O que difere essa das demais eleições, segundo o professor Romero Jacob, é a divisão socioeconômica do voto nas mesmas geografias. O resultado é mais complexo do que dividir a posição do eleitorado em polos opostos, pois existem na mesma região eleitores de diversos tipos e classes sociais.
Dizer que apenas os pobres votaram em Dilma no Nordeste é um engano, adverte Romero Jacob, pois as classes mais altas também se beneficiam da economia reforçada pelo programa Bolsa Família. (Amanhã, os desafios dos candidatos).
Ambos estão tratando o assunto com muita delicadeza, pois não querem constranger a outra parte e desejam que a união, se ocorrer, faça-se em torno de pontos de acordo que signifiquem avanços no que seria uma unidade para dar ao país um governo progressista que ressalte o melhor do espírito da social democracia encarnada pelo PSDB.
Marina tem deixado claro que não tem interesse em derrotar o PT apenas para vencer a disputa eleitoral, por vingança contra a presidente Dilma pela maneira com que foi tratada na campanha eleitoral, mas para proporcionar ao seu partido de origem condições de rever seus erros e retornar às suas raízes, que teriam, na visão dela, sido perdidas nas disputas políticas dos últimos anos.
Ela vê no momento em que o PSDB chega ao segundo turno a chance de os tucanos ressaltarem seus laços sociais, que deram origem ao Plano Real e a diversas ações para a criação do que Fernando Henrique chamava à época de "rede de proteção social". Dentro desse espírito, foram criadas a Bolsa Escola, o Auxílio Gás, o Bolsa Alimentação e o Auxílio Alimentação, que originaram o Bolsa Família quando o governo Lula, por sugestão do governador tucano Marconi Perillo, unificou esses programas.
A preocupação dos dois lados durante as negociações foi sempre enfatizar que acordos estavam sendo negociados em torno de programas, e não de cargos ou futuras posições num eventual governo. Marina, por seu lado, tem ressaltado em conversas nos últimos dias, inclusive com membros do PSDB, que não faria nunca um acordo político que não fosse baseado em políticas públicas, e que não se coloca como dona das melhores práticas nem das melhores ideias.
Quer apenas salientar que um acordo programático como o que está sendo costurado será um avanço na negociação política no país, e que tanto ela quanto Aécio Neves têm o mesmo objetivo, que é o de unir forças para fazer as mudanças de que o país necessita. Ela sabe que o resultado das urnas deu a Aécio Neves a primazia das propostas, e apresentou sugestões que, a seu ver, ressaltarão o empenho social do PSDB.
A união nessas bases servirá também para que a campanha do tucano rebata as acusações que vêm sendo feitas pela candidata Dilma, colocando a disputa como sendo entre pobres e ricos, Norte e Nordeste contra Sul e Sudeste. O resultado das eleições desmente essa visão simplista do que saiu das urnas, como analisa o cientista político Cesar Romero Jacob, da PUC do Rio de Janeiro. Ele e sua equipe desenvolveram um trabalho de análise dos resultados eleitorais com base na divisão geográfica dos votos e têm um banco de dados das eleições presidenciais desde a redemocratização do país em 1989.
Se a geografia do voto petista se alterou radicalmente de 2002 para 2010, a da recente eleição presidencial é bastante semelhante à anterior, em que Dilma foi eleita pela primeira vez. O que difere essa das demais eleições, segundo o professor Romero Jacob, é a divisão socioeconômica do voto nas mesmas geografias. O resultado é mais complexo do que dividir a posição do eleitorado em polos opostos, pois existem na mesma região eleitores de diversos tipos e classes sociais.
Dizer que apenas os pobres votaram em Dilma no Nordeste é um engano, adverte Romero Jacob, pois as classes mais altas também se beneficiam da economia reforçada pelo programa Bolsa Família. (Amanhã, os desafios dos candidatos).
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