A história política no Brasil não deixa dúvidas quanto aos danos eleitorais provocados por denúncias de corrupção, especialmente aquelas com elementos que lhes dotam de consistência, ainda que dependente de investigações mais aprofundadas.
Não só nas campanhas esse efeito se verifica. Atinge também governos já eleitos, com maior ou menor intensidade, durante ou após seus mandatos, como no impeachment de Fernando Collor e no mensalão, que enterrou o sonho de reeleição no primeiro turno acalentado pelo PT, para ficar nos exemplos recentes.
A campanha atual, já nos seus 30 dias finais, é alcançada pelas primeiras consequências de uma investigação sob condução judicial, que o governo tentou a todo custo, com êxito, sustar na instância parlamentar, obstruindo a CPI da Petrobrás.
As informações prestadas pelo ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa, sob o regime da delação premiada, tem potencial devastador e sua influência na eleição começa agora. O dano só poderá ser medido após conhecida a extensão de suas denúncias.
Pelo que já se sabe, o que Costa narra aos seus inquiridores é que a operação montada dentro da Petrobrás reproduz o mecanismo do mensalão, em volume bem maior, com os mesmos partidos da base governista - PT, PP e PMDB -, que tiveram dirigentes condenados e presos.
Por isso, nos meios políticos , o esquema da Petrobrás é tratado como uma extensão do mensalão, por reproduzir meios, fins e personagens envolvidos em desvios de recursos públicos para financiamento de campanhas e também para enriquecimento pessoal.
O processo do mensalão foi conduzido pelo ex-ministro Joaquim Barbosa com base em valores amplamente comprovados, o que reduziu significativamente o montante real desviado. Foi uma opção por trabalhar judicialmente com o que efetivamente se tinha e não com aquilo que se sabia, mas que demandaria mais tempo para materializar.
Por essa razão, o que desponta das investigações na Petrobrás, tem dimensão muito maior que o escândalo de compra de apoio parlamentar. Já vinha sendo chamado de "o verdadeiro mensalão" nos ambientes políticos da capital.
É bastante provável que o temido depoimento de Costa, finalmente iniciado, atinja em cheio a candidatura governista, ampliando o apoio à candidata do PSB, Marina Silva.
A menos que a menção do ex-diretor a Eduardo Campos se desdobre em revelações graves sobre o ex-governador, a partir da refinaria de Abreu e Lima.
A campanha, já influenciada pelo acidente aéreo de Campos, pode recomeçar pela segunda vez, para vertigem geral de partidos e candidatos.
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