CORREIO BRAZILIENSE - 12/07
A serenidade precisa voltar à cabeça de quem, no governo, se sente pressionado a dar respostas ao fiasco da Seleção Brasileira na semifinal da Copa da Mundo. É natural que o impensável placar de 7 x 1 tenha abalado o humor de todos. Também é razoável esperar que os marqueteiros de plantão se preocupem em descolar a imagem do governo e da presidente candidata à reeleição desse grande fracasso.
Mas, passadas mais de 48 horas da tragédia do Mineirão, o festival de declarações dos dirigentes da Seleção, do ministro do Esporte e até da própria presidente Dilma Rousseff trouxe na quinta-feira mais motivos de preocupação para os brasileiros do que de tranquilidade quanto ao futuro da grande paixão nacional.
Demonstrando incompreensível (ou falsa) falta de preocupação com o deprimente espetáculo servido à torcida na grama do estádio mineiro, Felipão e Parreira, falando na quarta-feira pelo comando da Seleção, insistiram em minimizar o acontecido. Para eles, tudo não passou de um apagão de seis minutos, e o trabalho realizado com o time estava no rumo certo. Foi inevitável a comparação com as previsões do ministro Guido Mantega, da Fazenda, para o crescimento do PIB nos últimos anos.
No dia seguinte, foi divulgada entrevista da presidente Dilma à rede de TV norte-americana CNN, em que a Copa foi focalizada. Talvez por conhecer pouco da matéria, ela sugeriu que o país deveria evitar a exportação de craques. Foi a resposta que encontrou para a previsível pergunta sobre a utilidade futura de várias arenas construídas em cidades que não têm times em condição de disputar o campeonato nacional. "Exportar jogadores significa que estamos abrindo mão de nossa principal atração, que pode ajudar a lotar os estádios", disse Dilma.
Ainda na quinta-feira, o ministro Aldo Rebelo, com a preocupação de separar o governo da entidade máxima do futebol nacional, a CBF, defendeu mudanças na gestão desse esporte no país. E, pior, advogou mais protagonismo do governo no processo, já que verbas públicas são repassadas ao setor. Não houve como não entender isso como proposta de aumentar o poder do Estado no futebol, mesmo que com a boa intenção de melhorar a gestão dos clubes.
Se Felipão e Parreira foram criticados por arrogância, ao ministro e à presidente não faltou uma chuva de farpas. Ela, por usar de premissa inconsistente ao sugerir a limitação do direito dos jovens talentos de partir para o mundo, em fuga das ainda duras limitações de nosso país. Ele, por alimentar a fantasia de que o governo, que tem sido incapaz de atender às elementares obrigações com a educação, a saúde, os transportes e a administração das contas públicas, dará jeito na trapalhada acumulada em décadas de patrimonialismo, nepotismo e omissões nas entidades do futebol.
Ontem, o ministro garantiu que não pretende nomear dirigentes esportivos. Mas o alerta para esse risco não deve ser desligado. Conhecida a vocação intervencionista do governo, ninguém pode imaginar qual será o próximo placar de um futuro Brasil x Alemanha, caso esse perigo venha a se confirmar.
Mas, passadas mais de 48 horas da tragédia do Mineirão, o festival de declarações dos dirigentes da Seleção, do ministro do Esporte e até da própria presidente Dilma Rousseff trouxe na quinta-feira mais motivos de preocupação para os brasileiros do que de tranquilidade quanto ao futuro da grande paixão nacional.
Demonstrando incompreensível (ou falsa) falta de preocupação com o deprimente espetáculo servido à torcida na grama do estádio mineiro, Felipão e Parreira, falando na quarta-feira pelo comando da Seleção, insistiram em minimizar o acontecido. Para eles, tudo não passou de um apagão de seis minutos, e o trabalho realizado com o time estava no rumo certo. Foi inevitável a comparação com as previsões do ministro Guido Mantega, da Fazenda, para o crescimento do PIB nos últimos anos.
No dia seguinte, foi divulgada entrevista da presidente Dilma à rede de TV norte-americana CNN, em que a Copa foi focalizada. Talvez por conhecer pouco da matéria, ela sugeriu que o país deveria evitar a exportação de craques. Foi a resposta que encontrou para a previsível pergunta sobre a utilidade futura de várias arenas construídas em cidades que não têm times em condição de disputar o campeonato nacional. "Exportar jogadores significa que estamos abrindo mão de nossa principal atração, que pode ajudar a lotar os estádios", disse Dilma.
Ainda na quinta-feira, o ministro Aldo Rebelo, com a preocupação de separar o governo da entidade máxima do futebol nacional, a CBF, defendeu mudanças na gestão desse esporte no país. E, pior, advogou mais protagonismo do governo no processo, já que verbas públicas são repassadas ao setor. Não houve como não entender isso como proposta de aumentar o poder do Estado no futebol, mesmo que com a boa intenção de melhorar a gestão dos clubes.
Se Felipão e Parreira foram criticados por arrogância, ao ministro e à presidente não faltou uma chuva de farpas. Ela, por usar de premissa inconsistente ao sugerir a limitação do direito dos jovens talentos de partir para o mundo, em fuga das ainda duras limitações de nosso país. Ele, por alimentar a fantasia de que o governo, que tem sido incapaz de atender às elementares obrigações com a educação, a saúde, os transportes e a administração das contas públicas, dará jeito na trapalhada acumulada em décadas de patrimonialismo, nepotismo e omissões nas entidades do futebol.
Ontem, o ministro garantiu que não pretende nomear dirigentes esportivos. Mas o alerta para esse risco não deve ser desligado. Conhecida a vocação intervencionista do governo, ninguém pode imaginar qual será o próximo placar de um futuro Brasil x Alemanha, caso esse perigo venha a se confirmar.
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