FOLHA DE SP - 28/07
SÃO PAULO - Se a intenção de voto em Dilma melhora nas pesquisas, as principais ações da Bovespa caem; e a recíproca também vale. Esse é um fato. As interpretações é que podem variar.
A mais banal atesta que "o mercado" torce pela derrota do PT. Ela faz bem a dilmistas, como reforço ao discurso de que a presidente seria vítima da elite egoísta. Os adversários também gostam dessa interpretação, mas como sinal de que a vitória da oposição faria bem à economia.
Será que um grupinho de compradores e vendedores de lotes maiores de ações, com foco no curtíssimo prazo dos pregões diários, pode ser chamado de "mercado"? Será que esses negociantes torcem por algo além de seus próprios lucros imediatos? A melhor resposta é não.
Quando se trata de mercado de ações, sobretudo de um periférico e mal povoado como o brasileiro, é recomendável ampliar o horizonte antes de tirar conclusões pretensiosas. Salta os olhos, nessa visada, o baixo nível em que está o principal índice da Bolsa brasileira, o Ibovespa.
A errática recuperação até esta altura do ano não foi suficiente para devolver o indicador à marca do final de 2010. O preço dos títulos de grandes empresas brasileiras listadas na Bovespa ainda é de liquidação. Arrisca-se pouco ao especular com elas em busca de lucro instantâneo.
Do outro lado, a alta dos juros internos ofereceu aos aplicadores de curto prazo uma excelente opção de ganho seguro, entre as melhores disponíveis hoje no mundo. O que se arrisca numa ponta, a da Bolsa, pode ser compensado na outra, com papéis do governo e derivados. É um mundo maravilhoso para quem movimenta muito dinheiro e vive de oportunidades abertas na negociação diária.
Pesquisas eleitorais são só o pretexto da vez para especulador pular de galho em galho. Esse tipo de "mercado" torce mesmo é para tudo continuar como está.
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