CORREIO BRAZILIENSE - 28/07
Todo eleitor brasileiro sabe ou ao menos deveria saber que eleição e economia são assuntos que sempre acabam se misturando, pois um acaba influenciando fortemente o outro. Quando o ambiente econômico não anda bem, como agora, o governo do momento trata logo de buscar formas de evitar uma piora que possa lhe render prejuízos nas urnas. A campanha eleitoral, por sua vez, torna ainda mais difícil a tomada de medidas necessárias à correção de rumos, consideradas impopulares.
O calendário acaba, assim, desenhando um plano atípico de gestão das variáveis acompanhadas de perto pelo mercado financeiro, por vezes em contradição com a desejada racionalidade. Nessa toada, as ações e os acenos das autoridades acabam sendo interpretados pela perspectiva do poder político, agravando desconfianças e pressões por compromissos públicos. Nos últimos dias, essas contradições ficaram ainda mais evidentes e tiveram como principal personagem a diretoria do Banco Central (BC), cujos movimentos e declarações são expostos ao escrutínio diário de analistas e investidores. Acrescenta-se a isso o fato de a bolsa e os bancos não conseguirem mais esconder o desejo de mudança no comando do país.
O BC também deixa explícitas as dificuldades do quadro geral geradas por erros da política econômica. Sua projeção de reajuste das tarifas de eletricidade neste ano, por exemplo, já subiu de 11,5% para 14%. A informação foi divulgada na quinta-feira pela ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que manteve a taxa básica de juros (Selic) em 11% ao ano. O aumento do custo da energia elétrica estimado pela autoridade monetária já é quase o dobro do estimado pela própria em janeiro (7,5%).
Indicador não menos preocupante e ainda mais revelador vem das transações externas do país, que incluem o comércio internacional e o fluxo de capitais. No acumulado de janeiro a junho de 2014, o deficit em conta-corrente soma US$ 43,3 bilhões, o que representa 3,47% do Produto Interno Bruto (PIB). Nos últimos 12 meses até junho, o saldo está negativo em US$ 81,2 bilhões, o equivalente a 3,58% do PIB.
Com inflação alta e persistente, subindo para patamar acima do teto de tolerância fixado pelo próprio governo, de 6,5% anuais, e com a economia avançando em ritmo inferior a 1% em 2014, os dilemas colocados sobre a mesa da presidente e candidata Dilma Rousseff são consideráveis. Em torno dela, marqueteiros, caciques partidários e membros da equipe econômica fazem várias considerações sobre os perigos financeiros e econômicos e os anseios do eleitorado. De perfil centralizador, ela dá respostas na corda bamba, avançando, recuando e usando de soluções improvisadas ou "menos ruins".
Na batalha para ganhar votos em meio às preocupações com o mau humor dos agentes financeiros e com a carestia, o BC sofre ataque especulativo inédito. Essa realidade levou o Copom a tomar posição igualmente inusitada, colocando no papel de maneira cristalina a promessa de não baixar a Selic como analistas especulavam e políticos governistas sonhavam. A ata do Copom surpreendeu a todos pela transparência nos enunciados. Para bom entendedor, a corrida presidencial exigiu um aval de credibilidade incomum e um duro reconhecimento de que os preços estão mais resistentes do que se esperava ou porque se torcia. A virada de mesa esperada por alguns foi tirada da mão de quem se julgava capacitado a fazê-la. E o maior vetor econômico ficou por conta da própria eleição.
O calendário acaba, assim, desenhando um plano atípico de gestão das variáveis acompanhadas de perto pelo mercado financeiro, por vezes em contradição com a desejada racionalidade. Nessa toada, as ações e os acenos das autoridades acabam sendo interpretados pela perspectiva do poder político, agravando desconfianças e pressões por compromissos públicos. Nos últimos dias, essas contradições ficaram ainda mais evidentes e tiveram como principal personagem a diretoria do Banco Central (BC), cujos movimentos e declarações são expostos ao escrutínio diário de analistas e investidores. Acrescenta-se a isso o fato de a bolsa e os bancos não conseguirem mais esconder o desejo de mudança no comando do país.
O BC também deixa explícitas as dificuldades do quadro geral geradas por erros da política econômica. Sua projeção de reajuste das tarifas de eletricidade neste ano, por exemplo, já subiu de 11,5% para 14%. A informação foi divulgada na quinta-feira pela ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que manteve a taxa básica de juros (Selic) em 11% ao ano. O aumento do custo da energia elétrica estimado pela autoridade monetária já é quase o dobro do estimado pela própria em janeiro (7,5%).
Indicador não menos preocupante e ainda mais revelador vem das transações externas do país, que incluem o comércio internacional e o fluxo de capitais. No acumulado de janeiro a junho de 2014, o deficit em conta-corrente soma US$ 43,3 bilhões, o que representa 3,47% do Produto Interno Bruto (PIB). Nos últimos 12 meses até junho, o saldo está negativo em US$ 81,2 bilhões, o equivalente a 3,58% do PIB.
Com inflação alta e persistente, subindo para patamar acima do teto de tolerância fixado pelo próprio governo, de 6,5% anuais, e com a economia avançando em ritmo inferior a 1% em 2014, os dilemas colocados sobre a mesa da presidente e candidata Dilma Rousseff são consideráveis. Em torno dela, marqueteiros, caciques partidários e membros da equipe econômica fazem várias considerações sobre os perigos financeiros e econômicos e os anseios do eleitorado. De perfil centralizador, ela dá respostas na corda bamba, avançando, recuando e usando de soluções improvisadas ou "menos ruins".
Na batalha para ganhar votos em meio às preocupações com o mau humor dos agentes financeiros e com a carestia, o BC sofre ataque especulativo inédito. Essa realidade levou o Copom a tomar posição igualmente inusitada, colocando no papel de maneira cristalina a promessa de não baixar a Selic como analistas especulavam e políticos governistas sonhavam. A ata do Copom surpreendeu a todos pela transparência nos enunciados. Para bom entendedor, a corrida presidencial exigiu um aval de credibilidade incomum e um duro reconhecimento de que os preços estão mais resistentes do que se esperava ou porque se torcia. A virada de mesa esperada por alguns foi tirada da mão de quem se julgava capacitado a fazê-la. E o maior vetor econômico ficou por conta da própria eleição.
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