CORREIO BRAZILIENSE - 16/07
Finda a fantasia que os brasileiros e milhares de estrangeiros aqui viveram durante Copa do Mundo - quando nosso verdadeiro dia a dia foi adiado -, o que resta é encarar a realidade. E não é só o trânsito ruim, a má qualidade dos aeroportos e a fragilidade da segurança pública que nos trazem de volta ao Brasil real. A economia, por mais que tenhamos nos esquecido dela, vai mal, e a rotina de enfrentá-la retorna no pós-Copa justamente quando o Banco Central reúne seus diretores no Comitê de Política Monetária (Copom) para decidir o que fazer com a taxa básica de juros.
É esse o principal instrumento (senão o único) de que dispõe a autoridade monetária para evitar que a inflação desmoralize a moeda e desvalorize os salários, já que o governo não fez por onde reduzir as pressões sobre os preços advindas dos gastos públicos imoderados. O constrangimento de ter de "criar" soluções contábeis e receitas não recorrentes para fechar mal fechado o balanço fiscal por parte do Tesouro Nacional é a prova do dever de casa não cumprido.
O resultado é que, mesmo com a ajuda da queda dos preços dos alimentos nas últimas semanas (já era tempo!), a inflação insiste em se afastar da meta de 4,5% fixada para este ano. Ela está perigosamente perto do teto de tolerância de 6,5% e todo mundo sabe que há preços artificialmente controlados, como o da gasolina e as tarifas de energia elétrica. Ambos são base de cadeias produtivas de grande peso na economia e o que se teme é o seu impacto na inflação de 2015, quando forem, afinal, liberados.
Há, pois, razões convincentes para que a autoridade gire mais um ponto percentual no torniquete da política monetária, quando nada, para preparar o terreno contra eventual disparada de preços na virada do ano. Mas isso é só o que manda a lógica, o que ensina o manual. Neste pós-Copa, o que somos obrigados a ver é que as coisas pioraram muito no país e, nesse caso, nem Felipão nem a Seleção Alemã têm algo a ver com isso.
O que está em jogo são os empregos, que, mais dia menos dia, serão afetados pela desaceleração da atividade econômica. A indústria, por exemplo, está no terceiro mês consecutivo de queda da produção. No acumulado dos cinco primeiros meses, o nível de atividade foi 3,3% mais baixo do que o de igual período de 2013. Especialistas já temem que a indústria tenha desempenho negativo de 4% até o fim do ano. A cada dia, caem as previsões de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) e não falta quem aposte em nada mais do que 1%, configurando o quarto ano seguido de baixo crescimento.
Ante cenário tão pouco animador e sem sinais claros de que a atual administração da economia fará mudanças de rumo, é querer demais que o empresário invista na expansão do negócio. E os dados mais recentes da produção e da importação de bens de capital não deixam dúvida de que o número de projetos engavetados vai comprometer a taxa de crescimento da conta de formação bruta de capital fixo, tradicional termômetro dos investimentos na economia do país.
Nesta hora, tudo parece conspirar contra o varejo. Os juros ao consumidor já refletem os aumentos da taxa básica que o Copom vem promovendo desde abril de 2013 (de 7,25% para os atuais 11% ao ano) e os bancos reduziram a oferta de crédito, temendo inadimplência. Portanto, apesar do manual, ninguém vai levar a mal se, na reunião de hoje, o Copom deixar a Selic onde está.
É esse o principal instrumento (senão o único) de que dispõe a autoridade monetária para evitar que a inflação desmoralize a moeda e desvalorize os salários, já que o governo não fez por onde reduzir as pressões sobre os preços advindas dos gastos públicos imoderados. O constrangimento de ter de "criar" soluções contábeis e receitas não recorrentes para fechar mal fechado o balanço fiscal por parte do Tesouro Nacional é a prova do dever de casa não cumprido.
O resultado é que, mesmo com a ajuda da queda dos preços dos alimentos nas últimas semanas (já era tempo!), a inflação insiste em se afastar da meta de 4,5% fixada para este ano. Ela está perigosamente perto do teto de tolerância de 6,5% e todo mundo sabe que há preços artificialmente controlados, como o da gasolina e as tarifas de energia elétrica. Ambos são base de cadeias produtivas de grande peso na economia e o que se teme é o seu impacto na inflação de 2015, quando forem, afinal, liberados.
Há, pois, razões convincentes para que a autoridade gire mais um ponto percentual no torniquete da política monetária, quando nada, para preparar o terreno contra eventual disparada de preços na virada do ano. Mas isso é só o que manda a lógica, o que ensina o manual. Neste pós-Copa, o que somos obrigados a ver é que as coisas pioraram muito no país e, nesse caso, nem Felipão nem a Seleção Alemã têm algo a ver com isso.
O que está em jogo são os empregos, que, mais dia menos dia, serão afetados pela desaceleração da atividade econômica. A indústria, por exemplo, está no terceiro mês consecutivo de queda da produção. No acumulado dos cinco primeiros meses, o nível de atividade foi 3,3% mais baixo do que o de igual período de 2013. Especialistas já temem que a indústria tenha desempenho negativo de 4% até o fim do ano. A cada dia, caem as previsões de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) e não falta quem aposte em nada mais do que 1%, configurando o quarto ano seguido de baixo crescimento.
Ante cenário tão pouco animador e sem sinais claros de que a atual administração da economia fará mudanças de rumo, é querer demais que o empresário invista na expansão do negócio. E os dados mais recentes da produção e da importação de bens de capital não deixam dúvida de que o número de projetos engavetados vai comprometer a taxa de crescimento da conta de formação bruta de capital fixo, tradicional termômetro dos investimentos na economia do país.
Nesta hora, tudo parece conspirar contra o varejo. Os juros ao consumidor já refletem os aumentos da taxa básica que o Copom vem promovendo desde abril de 2013 (de 7,25% para os atuais 11% ao ano) e os bancos reduziram a oferta de crédito, temendo inadimplência. Portanto, apesar do manual, ninguém vai levar a mal se, na reunião de hoje, o Copom deixar a Selic onde está.
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