FOLHA DE SP - 26/06
SÃO PAULO - Depois dos xingamentos a Dilma, a polêmica copeira da vez é o comportamento chocho da torcida brasileira nos estádios, que levou olé dos mexicanos em Fortaleza e periga tomar um baile dos chilenos em Belo Horizonte.
Para a decepção dos turistas e da imprensa estrangeira, que nos têm como um povo musical, os brasileiros exibem um repertório pobre, quase sempre limitado ao enfadonho "eu sou brasileiro...".
Pior ainda se comparado ao vasto cancioneiro de nossos hermanos, que, para nos provocar, inventaram até uma musiquinha cantada a plenos pulmões para dizer que "Maradona es más grande que Pelé", como se isso fosse possível.
Segundo versão corrente, a pasmaceira se explica pelo preço dos ingressos, que encheu as arenas padrão Fifa de bem-nascidos e seu comportamento monótono.
Era só o que faltava: introduzir o clássico povo vs. elite na polêmica do canto de torcidas nas arquibancadas, ou melhor, cadeiras numeradas.
Quem acompanha minimamente futebol sabe que a melodia entoada na abertura da Copa, em São Paulo, ou num amistoso a preços populares em qualquer lugar é a mesma.
Mas por que então não conseguimos cantar algo além de "com muito orgulho, com muito amor" diante da seleção? Pitacos despretensiosos:
Nossa vocação é clubística, gostamos da seleção mais porque ela reúne os craques dos times que aprendemos a amar desde criancinha, e menos por amor à pátria.
Até por essa razão, torcedores nunca se organizaram em torno da seleção. Não há a Canarinhos da Fiel, a Raça Brasil ou algo parecido com os barra bravas argentinos --a despeito de todos os males que causam, as organizadas ditam a cantoria.
Mais: o Brasil joga mais no mundo árabe do que em seu país, dificultando uma identificação com o torcedor.
Provavelmente há muitas outras razões. Só não dá para transformar o tema na luta de classes da semana.
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