O GLOBO - 24/05
Em quatro anos, o país perde 16 posições em ranking e se torna uma das dez economias menos eficientes. Período coincide com a adoção da ‘nova matriz’ por Brasília
Mesmo nos bons momentos em que, com exagero, o país era visto do exterior como se estivesse na porta de entrada do bloco das economias desenvolvidas, algumas fragilidades persistiam em campos estratégicos. Educação, um deles, bem como na infraestrutura e em vários itens que compõem o que se chama de “ambiente de negócios” — burocracia, tributos, entre outros itens.
O governo Dilma tentou aplicar um modelo, batizado de “nova matriz econômica”, pelo qual a produção seria puxada pelo consumo, sem se abrir espaço ao setor privado nos investimentos, e ainda fazendo-se pouco caso do equilíbrio fiscal, logo, da inflação. Não deu certo. O governo tentar refazer o caminho nos investimentos, mas a inflação se firma como destaque na lista de problemas graves, enquanto o crescimento do PIB se mantém anêmico. Os velhos problemas persistem e eles estão expostos no último ranking de competitividade, referente a 2014, montado pelo International Institute for Management Development (IMD), com apoio no Brasil da Fundação Dom Cabral.
Neste levantamento, o país perdeu mais três posições e está em 54ª lugar numa relação de 60 economias. Ou seja, o Brasil é um dos dez piores em poder de competição no mundo.
Tudo muito coerente com os resultados obtidos, por exemplo, na balança comercial, em que a queda das cotações mundiais de commodities e elevação das importações de combustíveis nem de longe são compensadas pelas vendas de manufaturados. Nestas, os problemas da baixa competitividade do país são visíveis.
É sugestivo que nos últimos quatro anos — período no qual foi testada a “nova matriz” —, o Brasil haja perdido 16 posições no ranking do IMD, e hoje esteja à frente apenas de Eslovênia, Bulgária, Grécia, Argentina, Croácia e Venezuela. Portanto, em más companhias, principalmente Argentina e Venezuela, aliados ideológicos de Brasília, em diversos estágios de uma crise econômica grave.
Afetada pela má colocação do país em termos de gestão governamental (58º lugar), qualidade da infraestrutura (52º) e inflação (54º), a eficiência empresarial caiu de 37ª para 46ª posição.
Todo este cenário empurra o próximo governo para fazer reformas que destravem a economia — tributária, trabalhista, entre outras. Se não for estancada a tendência de os gastos em custeio cresceram sempre mais que a arrecadação e o PIB, em meio a um persistente intervencionismo governamental, os horizontes continuarão turvos e os investimentos, travados.
A vantagem é que, segundo o IMD, o Brasil continua bem avaliado em tamanho da economia e poder de atração de investimentos diretos externos. Deve-se aproveitar enquanto é assim.
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