CORREIO BRAZILIENSE - 14/04
Preocupado com o calendário eleitoral e vendo a inflação disparar, apesar do aperto na política monetária (aumento dos juros), o governo recebeu como presente a sugestão de usineiros para aumentar o percentual de etanol anidro na gasolina. Um ano depois de ter sido aumentada de 20% para 25%, a participação do combustível na mistura pode passar nas próxima semanas para 27,5%. Os entendimentos entre os ministros da Agricultura, Neri Geller, e de Minas e Energia, Edison Lobão, estão avançados, com o aplauso da equipe econômica, para a qual é um alívio qualquer medida que retarde a corrida dos preços.
É mais uma demonstração de como tratar com desprezo e visão de curtíssimo prazo programa que tinha tudo para ser um orgulho e uma bandeira do Brasil. Desde que passou a praticar uma política de preço político para a gasolina - com prejuízos para a Petrobras e o país -, o governo acabou inviabilizando a progressão do etanol da cana e de outras origens. O hidratado (aquele que vai da bomba para o tanque dos carros) é rejeitado pelo consumidor quando o preço passa de 70% do da gasolina. Nos últimos anos, os usineiros ficaram com o biocombustível encalhado, incapaz de concorrer com o preço subsidiado do derivado do petróleo.
Por isso, recolheram os projetos de investimentos em novas usinas e destinaram a maioria da cana colhida à produção de açúcar. Afinal, é assim que funciona uma empresa privada que, diferentemente da Petrobras ou de qualquer estatal, não tem o dinheiro do povo para cobrir prejuízos. Enquanto a produção de etanol decaiu, o crédito a perder de vista e a redução localizada de impostos inundaram as ruas do país de carros. A maioria (62%) dotada de mais um milagre brasileiro: o motor flex, capaz de usar álcool, gasolina ou os dois em qualquer proporção.
Do lado dos usineiros, o aumento do percentual do etanol anidro na gasolina faz sentido, pois trata-se de venda sob contrato com as distribuidoras. Isso dá a eles uma das coisas que mais tem faltado no negócio do etanol: segurança (a outra é lucratividade para bancar novos investimentos). Mas, assim como o adiamento forçado do reajuste da gasolina para evitar impacto inflacionário, essa é, também, uma motivação de curto prazo.
São medidas assim que explicam por que, depois de criar, em 1975, o Pró-Álcool - uma das raras e brilhantes soluções para a crise do petróleo que abalava a economia mundial naquela época -, o Brasil chegou à vergonhosa situação atual. Não apenas continuamos a tratar mal o programa do qual deveríamos ter orgulho, como estamos pagando o mico por não conseguirmos atender a demanda interna e ter de importar etanol dos Estados Unidos, a quem criticamos por produzi-lo a partir do milho (mais caro).
Não é só o país que perde com essa falta de visão e de planejamento de longo prazo. Mais dia, menos dia, o consumidor também paga o pato. De saída, os proprietários de 38% da frota nacional, cerca de 14,5 milhões de automóveis e comerciais leves movidos só a gasolina, terão problemas para ligar e acelerar o motor de seus carros. E todos os demais deixam de contar com a alternativa confiável, mais barata e menos poluente do etanol, fazendo do motor flex uma inutilidade sob o capô da incompetência.
É mais uma demonstração de como tratar com desprezo e visão de curtíssimo prazo programa que tinha tudo para ser um orgulho e uma bandeira do Brasil. Desde que passou a praticar uma política de preço político para a gasolina - com prejuízos para a Petrobras e o país -, o governo acabou inviabilizando a progressão do etanol da cana e de outras origens. O hidratado (aquele que vai da bomba para o tanque dos carros) é rejeitado pelo consumidor quando o preço passa de 70% do da gasolina. Nos últimos anos, os usineiros ficaram com o biocombustível encalhado, incapaz de concorrer com o preço subsidiado do derivado do petróleo.
Por isso, recolheram os projetos de investimentos em novas usinas e destinaram a maioria da cana colhida à produção de açúcar. Afinal, é assim que funciona uma empresa privada que, diferentemente da Petrobras ou de qualquer estatal, não tem o dinheiro do povo para cobrir prejuízos. Enquanto a produção de etanol decaiu, o crédito a perder de vista e a redução localizada de impostos inundaram as ruas do país de carros. A maioria (62%) dotada de mais um milagre brasileiro: o motor flex, capaz de usar álcool, gasolina ou os dois em qualquer proporção.
Do lado dos usineiros, o aumento do percentual do etanol anidro na gasolina faz sentido, pois trata-se de venda sob contrato com as distribuidoras. Isso dá a eles uma das coisas que mais tem faltado no negócio do etanol: segurança (a outra é lucratividade para bancar novos investimentos). Mas, assim como o adiamento forçado do reajuste da gasolina para evitar impacto inflacionário, essa é, também, uma motivação de curto prazo.
São medidas assim que explicam por que, depois de criar, em 1975, o Pró-Álcool - uma das raras e brilhantes soluções para a crise do petróleo que abalava a economia mundial naquela época -, o Brasil chegou à vergonhosa situação atual. Não apenas continuamos a tratar mal o programa do qual deveríamos ter orgulho, como estamos pagando o mico por não conseguirmos atender a demanda interna e ter de importar etanol dos Estados Unidos, a quem criticamos por produzi-lo a partir do milho (mais caro).
Não é só o país que perde com essa falta de visão e de planejamento de longo prazo. Mais dia, menos dia, o consumidor também paga o pato. De saída, os proprietários de 38% da frota nacional, cerca de 14,5 milhões de automóveis e comerciais leves movidos só a gasolina, terão problemas para ligar e acelerar o motor de seus carros. E todos os demais deixam de contar com a alternativa confiável, mais barata e menos poluente do etanol, fazendo do motor flex uma inutilidade sob o capô da incompetência.
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