FOLHA DE SP - 07/04
BRASÍLIA - Sexta-feira, Lula recebe Dilma para um bate-papo em São Paulo. "Há quanto tempo não tínhamos uma conversa a sós, sem gente por perto, estava com saudades, companheira", solta o petista.
Depois de um forte abraço, Dilma responde: "Ô, Lula, também estou. Bons tempos aqueles quando você mandava e eu só cumpria ordens. A vida era bem mais fácil".
Lula meio que concorda, lembra do que fala com amigos de que Dilma é excelente gerente, mas não sabe liderar e diz: "Dilminha, você está dando tiros no pé, ops, criando crise atrás de crise. Tinha de soltar aquela nota da Petrobras?".
"Lula, meu querido, eles queriam espetar na minha conta aquela compra suspeita da refinaria de Pasadena, só me defendi", devolve Dilma.
"Mas precisava ser daquele jeito? Você jogou a crise para dentro do Planalto, minha querida", reclama o ex-presidente. "O problema é que eu sempre fui contra essa politicagem na Petrobras", replica a petista.
Lula não gosta do rumo da prosa e muda de assunto. "Dilminha, você precisa reagir, sua avaliação está em queda. Seu erro foi se descuidar da inflação. Avisei que não dava para brincar com ela, bate no bolso do trabalhador e tira voto."
A conversa vai terminando e Dilma, meio constrangida, desabafa. "Com essa queda nas pesquisas, este coro de volta, Lula" só vai aumentar, isso incomoda muito". "Esquece isso, Dilminha, você é minha candidata", diz o ex-presidente.
Na saída, o petista dá um último conselho. "Enterra a CPI da Petrobras, muda a agenda e se prepara para a Copa. Caso contrário...", encerra o ex-presidente, deixando um clima de mistério no ar.
Antes de me acusarem de invencionices, o relato acima é uma peça de ficção. Qualquer semelhança com a realidade será mera coincidência. Mas se houve sinceridade das partes, ficou muito próximo da realidade. No grupo de Lula, a inflação será a chave da eleição.
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