FOLHA DE SP - 21/04
Volta dos investidores ao Brasil não parece resultado de súbito aumento de confiança, mas de ação para aproveitar altos juros do país
Nas últimas semanas o mercado financeiro colecionou boas notícias. O real se valorizou, a bolsa subiu, e os juros de empréstimos com prazos mais longos recuaram.
Tal acomodação é bem-vinda para o governo, que precisa chegar até as eleições sem abalos maiores na economia. Ela ocorreu a despeito do agravamento do problema da inflação e do acúmulo de evidências de que o PIB se desacelerará mais nos próximos meses.
Houve ao menos três elementos determinantes, nenhum dos quais derivou de ações do governo federal. O primeiro sinal, mais importante, veio da política monetária americana: a ociosidade persistente no mercado de trabalho e a redução da inflação indicam que pode demorar a eventual alta dos juros (que afastaria investidores do Brasil).
A perspectiva de aceleração da economia chinesa também ajudou. No primeiro trimestre, a alta do PIB foi de apenas 5,5% (anualizados), o que levou as autoridades a adotar mais um pacote de estímulos. A expectativa, com isso, é que o PIB volte a crescer perto de 7%.
Por fim, houve alta nos preços das matérias-primas, especialmente alimentos, o que favorece as contas externas de países exportadores desses produtos, como o Brasil.
O resultado dessa combinação foi a retomada do fluxo de capitais para os emergentes. No caso brasileiro, amplificada pelos juros internos, que voltaram ao nível da estratosfera e atraem a especulação de curto prazo.
Além disso, pesquisas eleitorais mostraram recuo na aprovação do governo. Cada vez mais investidores e empresários avaliam que seria positiva para a economia uma alternância no poder.
Uma grande questão para 2015 é como o próximo governo --seja com Dilma Rousseff, Aécio Neves ou Eduardo Campos-- lidará com os problemas econômicos acumulados: o represamento das tarifas de energia e transportes e a necessidade de elevar o superavit primário (soma de receitas e despesas antes do pagamento de juros) e de reduzir a inflação.
Dilma deu um primeiro sinal de que talvez esteja disposta a fazer ao menos parte desse ajuste. Encaminhou ao Congresso o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2015 com metas mais firmes para o saldo primário (2,5% do PIB, com redução de até 0,5% no caso de menor arrecadação). Se isso vier a ser feito, resultaria em melhor controle da dívida interna e menos pressões inflacionárias.
Por ora, a volta de investidores ao Brasil não parece resultar de um súbito aumento de confiança no país. Trata-se, sim, de ação oportunista para aproveitar-se, infelizmente, dos juros muito altos.
Tal acomodação é bem-vinda para o governo, que precisa chegar até as eleições sem abalos maiores na economia. Ela ocorreu a despeito do agravamento do problema da inflação e do acúmulo de evidências de que o PIB se desacelerará mais nos próximos meses.
Houve ao menos três elementos determinantes, nenhum dos quais derivou de ações do governo federal. O primeiro sinal, mais importante, veio da política monetária americana: a ociosidade persistente no mercado de trabalho e a redução da inflação indicam que pode demorar a eventual alta dos juros (que afastaria investidores do Brasil).
A perspectiva de aceleração da economia chinesa também ajudou. No primeiro trimestre, a alta do PIB foi de apenas 5,5% (anualizados), o que levou as autoridades a adotar mais um pacote de estímulos. A expectativa, com isso, é que o PIB volte a crescer perto de 7%.
Por fim, houve alta nos preços das matérias-primas, especialmente alimentos, o que favorece as contas externas de países exportadores desses produtos, como o Brasil.
O resultado dessa combinação foi a retomada do fluxo de capitais para os emergentes. No caso brasileiro, amplificada pelos juros internos, que voltaram ao nível da estratosfera e atraem a especulação de curto prazo.
Além disso, pesquisas eleitorais mostraram recuo na aprovação do governo. Cada vez mais investidores e empresários avaliam que seria positiva para a economia uma alternância no poder.
Uma grande questão para 2015 é como o próximo governo --seja com Dilma Rousseff, Aécio Neves ou Eduardo Campos-- lidará com os problemas econômicos acumulados: o represamento das tarifas de energia e transportes e a necessidade de elevar o superavit primário (soma de receitas e despesas antes do pagamento de juros) e de reduzir a inflação.
Dilma deu um primeiro sinal de que talvez esteja disposta a fazer ao menos parte desse ajuste. Encaminhou ao Congresso o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2015 com metas mais firmes para o saldo primário (2,5% do PIB, com redução de até 0,5% no caso de menor arrecadação). Se isso vier a ser feito, resultaria em melhor controle da dívida interna e menos pressões inflacionárias.
Por ora, a volta de investidores ao Brasil não parece resultar de um súbito aumento de confiança no país. Trata-se, sim, de ação oportunista para aproveitar-se, infelizmente, dos juros muito altos.
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