CORREIO BRAZILIENSE - 25/02
O Correio apresenta uma série de reportagens sobre mães de filhos dependentes de drogas. Embora pessoais, as tragédias narradas têm abrangência coletiva. A família, os vizinhos, os colegas de escola ou de trabalho e até desconhecidos participam direta ou indiretamente do enredo amedrontador. Ninguém duvida de que uma das causas da violência que se alastra país afora é o milionário negócio dos entorpecentes.
Chama a atenção nas matérias a facilidade do acesso a crack, maconha ou cocaína. Mães contam com naturalidade que saem de casa para comprar o produto que satisfaz o vício do filho. Em desespero, elas pensam evitar mal maior - seja a agressão física motivada pela abstinência, seja a fuga do adicto para as ruas, onde fica exposto a barbáries cujo resultado é de todos conhecido.
A desenvoltura com que os traficantes agem responde não só pelo abastecimento das mães desesperadas, mas pela formação da multidão de viciados. Antes restritos às metrópoles, os narcóticos chegaram às médias e pequenas cidades. Há oferta para todos os bolsos e gostos. Com poucos trocados é possível comprar uma pedra ou um baseado como se compra um refrigerante ou um sanduíche. Os pontos de venda são conhecidos. Alguns fazem as transações com cartão de crédito.
É importante, claro, socorrer drogados e familiares. Adultos e crianças ligados a viciados também adoecem. Mas concentrar-se no sintoma em vez de atacar a causa se assemelha a secar gelo. É como manter maçã estragada entre frutas em bom estado. Ao cabo de pouco tempo, todas deverão ser jogadas no lixo. Com o livre acesso, o exército de enfermos aumenta e contagia adolescentes, jovens e adultos. Cria-se círculo vicioso, que cria outro, outro e mais outro.
Há que combater - com inteligência e profissionais qualificados - a ponta da oferta. As autoridades conhecem a origem, o percurso e o ponto de chegada da droga. Conhecem os distribuidores e os usuários. Conhecem também o poder das somas bilionárias movimentadas pelos cartéis, que corrompem responsáveis pela repressão, compram consciências e disseminam a praga de norte a sul do país.
Este é ano eleitoral. A campanha, sem dúvida, abordará o tema. Promessas não faltarão. Nem projetos milagrosos capazes de curar os dependentes, socorrer as famílias e pôr ponto final no tráfico. No pleito passado, candidatos visitaram - e exibiram em rede nacional de rádio e tevê - grupos de parentes desesperados que buscam amparo mútuo para enfrentar o drama de todos. Passadas as eleições, ficou o dito pelo não dito. Enquanto isso, o tráfico se infiltra no poder e elege representantes. O mal, até o momento, vence a guerra. Passou da hora de virar o jogo - passar das palavras à ação.
Chama a atenção nas matérias a facilidade do acesso a crack, maconha ou cocaína. Mães contam com naturalidade que saem de casa para comprar o produto que satisfaz o vício do filho. Em desespero, elas pensam evitar mal maior - seja a agressão física motivada pela abstinência, seja a fuga do adicto para as ruas, onde fica exposto a barbáries cujo resultado é de todos conhecido.
A desenvoltura com que os traficantes agem responde não só pelo abastecimento das mães desesperadas, mas pela formação da multidão de viciados. Antes restritos às metrópoles, os narcóticos chegaram às médias e pequenas cidades. Há oferta para todos os bolsos e gostos. Com poucos trocados é possível comprar uma pedra ou um baseado como se compra um refrigerante ou um sanduíche. Os pontos de venda são conhecidos. Alguns fazem as transações com cartão de crédito.
É importante, claro, socorrer drogados e familiares. Adultos e crianças ligados a viciados também adoecem. Mas concentrar-se no sintoma em vez de atacar a causa se assemelha a secar gelo. É como manter maçã estragada entre frutas em bom estado. Ao cabo de pouco tempo, todas deverão ser jogadas no lixo. Com o livre acesso, o exército de enfermos aumenta e contagia adolescentes, jovens e adultos. Cria-se círculo vicioso, que cria outro, outro e mais outro.
Há que combater - com inteligência e profissionais qualificados - a ponta da oferta. As autoridades conhecem a origem, o percurso e o ponto de chegada da droga. Conhecem os distribuidores e os usuários. Conhecem também o poder das somas bilionárias movimentadas pelos cartéis, que corrompem responsáveis pela repressão, compram consciências e disseminam a praga de norte a sul do país.
Este é ano eleitoral. A campanha, sem dúvida, abordará o tema. Promessas não faltarão. Nem projetos milagrosos capazes de curar os dependentes, socorrer as famílias e pôr ponto final no tráfico. No pleito passado, candidatos visitaram - e exibiram em rede nacional de rádio e tevê - grupos de parentes desesperados que buscam amparo mútuo para enfrentar o drama de todos. Passadas as eleições, ficou o dito pelo não dito. Enquanto isso, o tráfico se infiltra no poder e elege representantes. O mal, até o momento, vence a guerra. Passou da hora de virar o jogo - passar das palavras à ação.
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