FOLHA DE SP - 05/06
Alta da produção industrial em abril traz certo ânimo, após sucessão de números negativos; nada que suscite muito entusiasmo, porém
Depois da decepção do primeiro trimestre, quando o PIB subiu apenas 0,6% contra o período anterior, traz certo alento a alta de 1,8% da produção industrial em abril, com relação a março.
O dado sobre a atividade da indústria superou todas as projeções, que apontavam aumento de 1%. Revelou bom desempenho em especial no segmento de bens de capital, que teve crescimento de 3,2%. É um indicativo de que o investimento pode se firmar no segundo trimestre.
Outro ponto positivo: esse crescimento na produção de máquinas, insumos e equipamentos, diferentemente do início do ano, não ficou concentrado só em caminhões e implementos agrícolas.
Tiveram bom desempenho também as máquinas industriais (5,4%) e a energia elétrica (3,9%), entre outros. No caso de insumos para a construção civil, que entram na conta do investimento, o crescimento foi de 1,9%. Em outros segmentos a alta foi menor, mas ainda respeitável. Bens de consumo duráveis, não duráveis e intermediários cresceram 1,1%, 0,9% e 0,4%, respectivamente.
A dúvida é o que virá por diante, pois os sinais disponíveis não são animadores. O índice de confiança da indústria da Fundação Getúlio Vargas permanece deprimido e aponta para estagnação na produção. Verifica-se o mesmo na confiança dos consumidores.
É possível, porém, que o segundo trimestre traga alguma aceleração do PIB. Ainda assim, tem sido inevitável uma revisão para baixo do resultado deste ano.
A pesquisa com analistas divulgada semanalmente pelo Banco Central mostrou queda na projeção do PIB, de 2,93% para 2,77%. Alguns consultores já projetam alta mais próxima de 2%. A expectativa é de melhoria gradual ao longo do ano. Mas não há razões à vista para prever uma aceleração abrupta do crescimento.
A inflação alta deprimiu o poder de compra e moderou o consumo, com o alto endividamento das famílias. É essa constatação, aliás, que parece motivar a recente disposição do BC de puxar as rédeas da taxa de juros. Levará algum tempo até que se perceba progresso.
Do lado do investimento, muito depende da confiança dos empresários, ainda ressabiados com os arrancos da política econômica e a persistente pressão de alta dos custos internos. O ambiente internacional adverso tampouco ajuda.
Algo positivo, com provável impacto no crescimento, mas só em 2014, seria o governo Dilma desencalacrar as concessões privadas de portos, aeroportos, rodovias e ferrovias até o final do ano. No presente, é a sua melhor cartada para reacender o ânimo empresarial.
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