FOLHA DE SP - 05/06
A seleção dominou a partida e trocou mais passes porque a Inglaterra deu o domínio do jogo
O novo Maracanã acirrou antigas disputas ideológicas, entre os que estão revoltados com a total descaracterização do estádio, chamados, de uma maneira pejorativa, de saudosistas, e os modernistas, apaixonados pelo novo.
Os saudosistas, chamados, pelos modernistas, de viúvas do antigo Maracanã, são contra também a elitização do futebol em todo o Brasil, os preços excessivos dos ingressos, o superfaturamento dos estádios, a ausência dos "geraldinos" e dos mais pobres e a mudança no hábito da torcida, mais comportada.
Do outro lado, os modernistas acham que é essencial a elitização --não usam essa palavra para não soarem arrogantes-- para diminuir a violência e melhorar o futebol, como foi na Inglaterra. Os saudosistas falam que os modernistas são mandados por seus patrões, parceiros dos novos donos do futebol.
Não tenho nada contra a modernidade, contra a transformação do Maracanã nem contra ingressos mais caros para quem quer mordomia. Minha indignação, a mesma dos chamados de saudosistas, é com a ausência de preços acessíveis para os mais pobres, com conforto e segurança, com a destruição de várias coisas importantes em volta do Maracanã, para atender à Fifa, com o absurdo custo da reforma do estádio (R$ 1,2 bilhão) e com a falta de transparência e gastos excessivos e nebulosos para a realização da Copa do Mundo.
Passo para o campo. Como minha expectativa era pequena, a seleção foi melhor do que eu esperava, facilitada pela atitude inglesa, de marcar muito atrás, com uma linha de quatro defensores e outra de cinco, sem pressionar os armadores brasileiros. A Inglaterra, para tentar contra-atacar, deu o domínio do jogo para o Brasil.
No segundo tempo, logo após sofrer o gol, os ingleses mudaram de atitude e fizeram dois. O gol de Rooney foi uma repetição dos de Balotelli, pela Itália, e de Messi, pela Argentina, ambos contra o Brasil. Os defensores assistiram aos atacantes conduzirem a bola, até próximo à área, para finalizar.
A seleção piorou também por causa da saída de Luiz Gustavo. Ele marca melhor que Hernanes e tem o passe mais rápido e mais para a frente. Isso é importante para a posição. Hernanes se destaca por lances individuais. Ele demora demais com a bola. Dá tempo para a defesa se posicionar.
Neymar foi novamente discreto, pela grandeza de seu talento. Muitos acham que ele não vai se dar bem no Barcelona, porque dribla muito, e o time troca muitos passes. Penso diferente. O Barcelona precisa de quem dribla, no momento certo, quando estiver mais adiantado, pela esquerda e contra apenas um marcador. Quando voltar para receber a bola, terá de trocar passes mais rapidamente. Isso é fácil de aprender. Até Pedro, Villa, Sanchez e Tello fazem bem.
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