FOLHA DE SP - 13/12
SÃO PAULO - O PT começou a entregar seus anéis a fim de preservar Lula. Após passar anos dizendo que o caso do mensalão era uma farsa, um simples episódio de recursos de campanha não contabilizados, um ato de golpismo, o partido finalmente admitiu que houve um crime.
Ao saber que Marcos Valério abriu o bico e acusou Lula de ser o verdadeiro chefe da quadrilha, o partido passou a dizer, de forma orquestrada, que o publicitário é um criminoso, e que, por isso, suas declarações não deveriam ser levadas em conta.
"Não vou falar sobre um delinquente", afirmou Marco Aurélio Garcia, assessor especial de Dilma. Líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto usou o mesmo termo e acrescentou que Valério deveria, na verdade, estar preocupado com as condições das prisões. Marco Maia, presidente da Câmara, foi além, dizendo que o caso "não merece ser investigado", uma vez que "dar ouvido a esse cidadão é dar ouvido a um criminoso".
Pois é, não há criminoso sem crime. Valério participou de um esquema que desviou dinheiro público para comprar apoio político no Congresso. Assim como Delúbio, Genoino e Dirceu. Todos eles são delinquentes, conclusão que, pelo jeito, por paralelismo, os próprios petistas alcançaram. Afinal, Valério não poderia nem teria motivos para praticar esses crimes sozinho, certo?
A questão então, agora, é outra. Lula era o chefe da quadrilha? Sabia do mensalão? Realmente, é estranho que Valério tenha resolvido falar somente após ter sido condenado à cadeia. Estamos diante de uma mentira inventada por alguém que busca minimizar sua pena? Pode ser que sim, pode ser que não.
Diante da importância do acusado, um dos presidentes mais importantes da história, é necessário que se faça o quanto antes uma apuração rigorosa. O país não pode ficar na dúvida. O próprio benefício da delação premiada deve ser oferecido. Mas, para isso, o operador do mensalão tem de provar o que diz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário