ZERO HORA - 18/11
“Tenho 26 anos, comecei a namorar recentemente, tudo está acontecendo rápido. Não me sentia insegura no início, pois não admitia nem a mim o que sentia. Mas a partir do momento que eu assumi, que a “sociedade” ficou sabendo do relacionamento, bateu aquele medo de abandono.
Acredito que isso é coisa da minha cabeça. Ele é súper atencioso em todos os momentos, mesmo quando não estamos juntos. Mas não compreendo essa insegurança. Um aperto no peito e minhocas na cabeça. Abraços Julieta”
Querida Julieta,
Apaixonar-se é isso: planejar o dia inteiro o que dizer e não falar nenhuma palavra ensaiada durante o encontro; é decorar uma vida sozinha para no fim improvisar a dois.
Previsível o que está passando. Procura investigar se seu par pensa exatamente igual, se sente exatamente igual, se deseja exatamente igual para não parecer tola. Confessa o passado por dias sucessivos (mais do que ofereceu a qualquer pessoa antes), e nunca a conversa é suficiente para se acalmar. Desliga o telefone e já bate a vontade de ligar de novo. Trata-se de um desespero prazeroso, pois tem como partilhar os sintomas com ele.
E acontece tão rápido que não dá para preparar resumo. A felicidade é pura apreensão. Mergulha o corpo em completo desequilíbrio, como se estivesse andando num colchão. Predomina a suspeita de que ele deixará de gostar a qualquer instante, ou que descobrirá quem você realmente é e perderá o encantamento.
O torpedo demora, os reencontros demoram: cada ato insignificante do cotidiano ganha o suspense de uma tragédia.
Quando você assumiu o relacionamento é que se conscientizou dessa fragilidade. Entendeu que ele pode machucá-la e desapontá-la. Antes restava a chance de desaparecer e não dar satisfação. Hoje todo mundo foi informado do envolvimento.
Formalizar o namoro é trocar um medo pelo outro. Antes tinha o medo de que ele não estivesse apaixonado, agora tem o medo de ser abandonada.
Não existe remédio. A insegurança é eterna. Quem tem certeza não ama mais.
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