FOLHA DE SP - 06/10
Qual é o grande plano de transformação da cidade de São Paulo dos candidatos a prefeito que pedem voto útil? Um peso-pena da política, Celso Russomanno, pode não ter equipe nem a menor ideia do que fazer com a cidade, mas PT e PSDB precisam recuperar o tempo desperdiçado em apenas amaldiçoar o adversário.
São Paulo é refém, há décadas, da ausência do poder público em impor limites e critérios a incorporadoras, empreiteiras, ao lobby das montadoras de carros e da segurança privada.
Juntas, essas quatro indústrias ignoram conceitos básicos de infraestrutura e paisagem públicas. PT e PSDB garantem que mudarão essa relação de poder?
São Paulo precisa de um prefeito-estadista, desses que em quatro ou oito anos mudam a fisionomia do lugar para sempre, que fazem 50 anos em cinco. Nova York, Bogotá, Seul, Barcelona, Medellín, Madri e Cidade do México tiveram prefeitos assim. Nem precisa ser cidade rica.
Nos últimos 24 anos, petistas, demotucanos e malufistas tiveram oito anos cada um para governar a cidade. Nenhuma grande transformação. Apenas um declínio constante e realizações medianas.
O Cidade Limpa foi melhor que a Operação Belezura, e a arquitetura da reurbanização de favelas da gestão Kassab, quem diria, é infinitamente superior a qualquer Minha Casa, Minha Vida.
Marta Suplicy fez 72 km de corredores de ônibus, mas ignorou ciclovias; Serra-Kassab fizeram uma centena de ciclovias e ciclofaixas, mas imperdoavelmente engavetaram corredores.
Os CEUs de Marta tinham melhor projeto em vários sentidos que os construídos por Serra-Kassab. Mas a qualidade da educação não decola.
A revitalização do centro da cidade é um fracasso à direita e à esquerda. Os inúmeros projetos de habitação de PSDB e PT que reaproveitariam dezenas de prédios ociosos ali mal saem do papel. Virada Cultural sozinha não evita as ruas vazias nos fins de semana durante o ano.
A aprovação de uma dúzia de arranha-céus e shoppings em plena marginal saiu dos governos Marta e Serra-Kassab, os mesmos que não conseguiram reter o êxodo empresarial do centro. Eles precisariam ser bem mais diferentes entre si para que as ameaças na linha "ou nós ou as trevas" impactassem os eleitores.
Que o susto Russomanno-PRB acelere uma urgente reforma política. Não será nas próximas duas semanas que PT e PSDB farão o dever de casa, mas que se preparem para 2016. Além de mais amor, São Paulo precisa de muito mais ousadia e capacidade de execução, em falta nessa embolada disputa. Voto útil agora rima com falta de opção e de paixão.
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