BRASÍLIA - Desde que a ministra Ideli Salvatti declarou que Dilma Rousseff não se meteria nas eleições municipais, a presidente não faz outra coisa. Com PT, PSB e PMDB disputando chapas e espaço a cotoveladas, ela entrou firmemente para preservar o equilíbrio do principal tripé de sustentação do governo.
Quando Dilma se reuniu com PT e PSB, dois de cada lado -os petistas Ideli e Paulo Bernardo e os socialistas Eduardo Campos e Cid Gomes-, as orelhas do PMDB arderam.
Mas, quando ela chamou em seguida PT e PMDB -Rui Falcão, presidente petista, e Michel Temer, o vice-presidente-, foram as orelhas do PSB que arderam. E muito.
Note-se que Dilma convocou o PT para as duas, mas não colocou juntos, lado a lado, olho no olho, o PSB e o PMDB. Isso sugere que: 1) Dilma tomou partido, literalmente, do PT; 2) o embate direto era entre PT e PSB, por conta de Belo Horizonte, Recife e Fortaleza, mas Eduardo Campos desviou o alvo para o PMDB.
Campos só recuou por perceber que foi longe demais ao peitar o PT. Ao lançar candidato do PSB contra o petista Humberto Campos em Recife, irritou Lula. Ao fechar com o PSDB e empurrar o PT para a candidatura própria de Patrus Ananias em Belo Horizonte, pisou nos calos de Dilma.
Tão acusada de "não ser do ramo", ela foi rápida e eficaz. Chamou Temer numa segunda-feira para pedir ajuda em Belo Horizonte e, na terça, tudo estava resolvido: o PMDB retirou seu candidato, apoiou o petista Patrus e tornou a campanha mais equilibrada no Estado que, afinal, é o Estado natal da presidente.
O principal resultado dos movimentos e da ambição precoce de Eduardo Campos é que o PSB desceu e o PMDB subiu na avaliação de Dilma. Campos se afastou e Temer se aproximou mais dela.
Mas o mais importante de tudo isso é registrar que Dilma nunca foi tão petista quanto agora, apesar de não se meter, aí sim, no PT de São Paulo.
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