FOLHA DE SP - 22/04/12
Brasil e EUA têm várias convergências: grandes democracias mundiais, largos e produtivos territórios, semelhante sistema político e de organização do Estado. Suas populações, de imigrantes de diferentes etnias e credos, propiciam paz. A pujança do agronegócio trouxe expansão de fronteiras e formação de capital. Em seguida, veio a indústria que, com sua força, garantiu o desenvolvimento.
Entretanto é possível destacar mais um ponto convergente na agenda de nossos governos, o reconhecimento da importância do setor industrial. Nos EUA, o presidente Obama se empenha na definição de políticas públicas que reforcem o atual processo de reindustrialização.
Tal prioridade está visível nas paredes da sala de reunião do prédio adjacente à Casa Branca, onde os membros do Fórum de CEO"s Brasil-EUA foram recebidos na recente visita da presidente Dilma a Washington. Dezenas de fotos do chefe de Estado anfitrião em plantas industriais estão nas paredes do recinto. Há imagens de Obama movimentando um robô, conversando com operários e observando linhas de montagem.
Mencionei que havia percebido as fotos. Comentei serem símbolos enfáticos da importância que ele atribui à indústria de seu país. Prossegui afirmando que a presidente Dilma também dá ênfase à nossa indústria. Nada mais pertinente. Afinal, parafraseando o slogan do Plano Brasil Maior, "país desenvolvido é país que tem indústria forte".
Ao final de minha fala, Obama comentou: "Puxa! Pensei que você iria só ressaltar que agora tenho mais cabelos brancos...". Ainda que seus cabelos estejam mais grisalhos, certamente não foi por seu trabalho de resgate da manufatura. Talvez estivessem ainda mais brancos se não fosse o renascimento industrial nos EUA.
O setor aporta tecnologia, cria produtos e bens de capital, gera renda elevada, empregos de qualidade em larga escala e desenvolve novas atividades. Inclui itens de alto valor à pauta de exportações, impulsiona melhor divisão do trabalho e permite a modernização agropecuária, contribuindo para que essa atividade, tão significativa para nossos países, também seja mais eficaz.
Diante disso, preocupa a queda da participação industrial no PIB brasileiro, de 35,8%, em 1984, para 15,3%, em 2011. Assim como os EUA, buscamos reverter o quadro, como se observa na mobilização dos empresários e em medidas de desoneração de encargos sociais e tributos adotadas pelo governo.
Vale, portanto, observar a relevância que o presidente da maior potência mundial tem dado ao setor. Fica a reflexão: se nossos países tiverem sucesso na reindustrialização, haverá muito menos cabelos brancos nas Américas.
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