FOLHA DE SP - 14/01/12
Como em todas as áreas do governo, 2011 foi pálido nesse setor. O que não é especialmente ruim, já que o país vinha de oito anos de um histrionismo quase apoplético da gestão Lula-Celso Amorim.
O Brasil cresceu no mundo por seu evidente peso econômico, pela ascensão do apetite chinês, pelo declínio político do Ocidente. Então, buscar uma nova estatura política seria decorrência natural no cenário.
O problema ao longo dos anos foi a insistência numa arrogância desproporcional ao poder real do Brasil, muitas vezes contaminada pelo antiamericanismo estudantil dos chefes do Itamaraty e pelo voluntarismo único da "persona" de Lula.
Dilma então entrou em cena e baixou a fervura. Reatou laços com os EUA e criticou aliados bizarros como o Irã dos aiatolás atômicos. Retórica, é claro, mas é saudável ver Ahmadinejad desfilando apenas pelos cachorros-loucos da esquerda continental -e não sendo adulado com pompa no Planalto.
Assim, será interessante ver como a ex-guerrilheira comunista Dilma se portará frente a frente com o fetiche de sua geração em Havana.
Há três anos, ela esteve numa tenda celebrando a revolução cubana no Fórum Social Mundial, mas não rasgou fantasia como Lula -cuja visita aos irmãos Castro enquanto agonizava um dissidente mancha a história diplomática do Brasil.
Mas Cuba é Cuba. Não há coração esquerdista que não fique embevecido com a utopia orwelliana tropical.
E há o Haiti. De repente, o Brasil virou uma potência imperialista que não quer algum tipo de "invasão bárbara", e será cobrado por isso, esteja certo ou não em suas medidas.
O que vai de encontro, bem do tamanho político verdadeiro do Brasil, às pretensões externas do país. Devem ser as tais dores do crescimento.
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